Eu sempre soube que eu e Jack possuíamos uma ligação estranha. Sempre que ele estava triste, eu sentia uma sensação estranha dentro e mim. Lembro-me que quando passei por aquilo com Lucas, ele me mandou uma mensagem no exato momento que larguei a aliança na mochila de Lucas:
— O que aconteceu? Você tá bem?
Já perguntei se ele sentia o mesmo, e ele me confirmou. Estranhei, pois, não somos gêmeos, e sempre ouvi dizer que gêmeos possuíam uma ligação estranha, como se pudessem sentir o que o outro sente, mesmo estando do outro lado do mundo.
Após ouvir o tiro e mandar a mensagem, vejo que todos que vieram, se aproximaram, ficando em volta de mim e Finn.— O que tá acontecendo? — Caleb questiona.
— Cadê o Jack? — questiono, já ficando preocupada. — PORRA, CADÊ O JACK? — começo a surtar. Encaro Noah. — Você estava com ele. Onde?
— Estávamos na floresta. Lembro de ter dito que iria ir no banheiro e ouvi o tiro...
Eu e Noah arregalamos os olhos, provavelmente já sabendo o que cada um pensava. Sem nem perder tempo, passo por todos que estavam ao nosso redor, já sabendo que Noah estava me seguindo. O fato de saber que havia uma possibilidade do tiro ter ido em Jack, me fazia suar frio e empurrar qualquer um que estivesse em minha frente. Assim que chegamos no hall da mansão, vejo um montinho de gente reunido mais a nossa frente. A angústia estava grande, e aumentou mais ainda quando vi meu pai lá, se afastando um pouco da rodinha. Como ele estava de frente para mim, pude perceber seu cerrar de punhos, junto com uma... lágrima escorrendo em seu rosto. A tensão ficou ainda maior, pois, o fato de nunca ver meu pai derramar uma lágrima sequer, me deixava ainda mais aflita. Sem se importar se o restante estava ali comigo ou não, corro até a rodinha. Sem conseguir ver quem estava no meio dela, sinto dois braços me segurando.
— ME SOLTA! — berrei, virando a cabeça e vendo quem estava a me segurar. — Quem está ali? — ele abaixou o olhar e mais uma lágrima desceu. — David. Quem. Está. Ali? — perguntei, pausadamente.
— É melhor você não ver — disse, ríspido. — Me obedeça pelo menos uma vez, e saia daqui.
Ele não precisou responder. Tive absoluta certeza de quem era no momento em que Noah pôs as mãos na boca e se derramou em lágrimas.
— Me diz que não é ele —murmurei, David não respondeu. — ME DIZ! — aumentei o tom de voz.
— Sabe que nunca menti pra você — o encarei, incrédula.
Pela primeira vez em toda a minha vida, senti meus olhos ficarem marejados. Sem nem fazer esforçou ou implorar, ele me soltou. Observo ele se distanciar. Quando viro meu olhar para frente, TODOS que vieram comigo estavam aos prantos. Assim que Noah me olhou, veio correndo e me abraçou.
— Não sinta vergonha de chorar — sussurrou, com a voz embargada.
— Me diz que não é ele — me afastei. Ele não respondeu. — Por favor, Noah... — meus olhos começaram a queimar. — me diz que não é ele.
— Sem mentiras, lembra? — ele dá um sorriso fraco.
Olho por cima de seu ombro, vendo que a rodinha havia diminuído, me dando a visão apenas de seu gorro amarelo. Sem antes poder pensar em correr até Jack, Noah colocou seus braços em volta de meu corpo, segurando firmemente, chorando ao mesmo tempo. Me debati, berrei, o arranhei e implorei para me soltar, mas foi em vão. Acabo por me render e abaixar meu tronco, sentindo uma lágrima escorrer em minha bochecha.
Autora
Demoraram para retirar o corpo de Jack do chão. David ficou ríspido e não derramou mais lágrimas. Com sua filha, não foi diferente. Assim que todas as máfias se retiraram daquela mansão, sobrou apenas a máfia Harbour. Noah e Maddie — que havia ido para lá no momento em que soube de Jack — estavam abraçados, chorando. Finn, Caleb e o restante pararam de chorar, mas ainda possuíam olhos inchados e rostos vermelhos. Já (S/n), estava mais distante de todos, sentada embaixo de uma árvore, apertando fortemente suas pernas contra o corpo e observando o saco preto com o corpo de seu irmão sendo carregado por Murray e outros homens.

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The Boy | Finn Wolfhard |
Romance[Concluída] (S/n) sabia dos riscos de participar de uma das máfias mais procuradas de toda a Califórnia. Risco de ser pega, risco de acabar se ferindo - tanto emocional como fisicamente -, risco de ser obrigada a escolher um lado. Finn Wolfhard tamb...