XVI

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Enquanto estavam naquele passeio "radical", (S/n) esqueceu de tudo por um tempo. Esqueceu de seu pai, esqueceu dos barulhos altos e estridentes que as rodas do Audi faziam na estrada, esqueceu que havia uma pessoa desesperada ao seu lado... esqueceu que perdeu seu irmão.

–– Chegamos. –– anunciou, desligando o carro e olhando o garoto assustado ao seu lado. –– Eu nem andei tão rápido assim. –– ela riu.

–– Você pirou, né? –– ele retirou o cinto. –– Andou a mais de duzentos quilômetros por hora –– começou a contar nos dedos. –– , deu dribles inesperados, quase matou um esquilo. –– ela soltou uma risada. –– Acho que perdi minha alma umas três vezes nesse percurso. –– soltou uma risada de desespero.

–– A vida é uma aventura, Wolfhard. –– deu dois tapinhas em seu ombro.

–– Eu definitivamente não quero me aventurar com você. –– retirou seu cinto.

–– Veremos. –– levantou suas sobrancelhas, o olhando com um olhar provocativo, descendo do carro em seguida.

Tô com medo dos pensamentos dessa garota, confessou em pensamento.

Assim que saiu do carro, Finn reparou que eles estavam em uma morro alto, que os proporcionava uma ótima vista.

–– Eu não vou fazer convite. –– ela comentou, já sentada na ponta do morro, encarando o horizonte.

Ele fechou a porta do carro, andando até a garota e se sentando ao seu lado.

–– Não quero que pense que estou bem. –– começou. –– Não quero que pense que farei besteira ou que superarei, porque nada irá acontecer. –– ela o olhou.

–– Não imaginei nenhuma dessas coisas.

–– Sim, você imaginou cada uma delas, Finn.

–– Como tem tanta certeza? –– ele a encarou.

–– Já tive sua mentalidade, Finn. Sei que no caminho, você pensou que eu estivesse melhor, mas, não, Finn, eu não estou. –– ela pôs duas mechas de seu cabelo atrás das orelhas. –– Eu perdi meu melhor amigo, Finn. –– sua voz estava começando a embargar. –– Perdi a única pessoa que eu tinha total liberdade para contar tudo... a única pessoa que eu realmente amava. –– ele a olhou, surpreso, com o que ela acabou de dizer. Ela deu um suspiro. –– Eu nunca disse que o amava. Sempre disse que gostava dele, que adorava ele, mas nunca que amava ele. –– uma lágrima escorreu por sua bochecha. –– E nunca mais vou poder dizer.

–– Você pode. –– ela franziu o cenho, mas não o olhou. –– No enterro dele, você pode dizer o que sempre quis.

Ela deu um sorriso sarcástico e o olhou.

–– Finn, eu quero falar que o amo com ele olhando para mim, com ele em minha frente com os cabelos bagunçados e as unhas pintadas de diversas cores. –– as lágrimas se intensificavam. –– Não quero falar que o amo com o corpo dele frio e dentro de uma caixa de madeira. –– limpou suas lágrimas, cobrindo as mãos com as mangas.

Ele não falou mais nada, apenas se calou. Se surpreendeu quando sentiu a cabeça da garota em seu ombro.

–– Me perdoe por te atormentar com meus problemas. –– sussurrou.

–– Me perdoe por não poder concertar seus problemas.

–– Eu que devo concerta-los, não você.

–– Me deixe ajudá-la, então? –– ele levantou o queixo dela, fazendo ela o olhar.

Ela não respondeu, apenas o beijou. Ele não precisou pensar, apenas retribuiu, colocando uma das mãos na cintura da garota, enquanto a outra estava em seu rosto. As dela estavam em seus cabelos, acariciando. Graças a horrível falta de ar, eles se afastaram.

The Boy | Finn Wolfhard |Onde histórias criam vida. Descubra agora