Origem

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Larissa observava o sol brilhante através da janela da cozinha.
Encheu a jarra de água, fechou a torneira e pôs a jarra sob a cafeteira. Colocou grãos frescos de café no filtro e ligou o aparelho.

Os ovos e as torradas estavam prontos. Arranjou tudo sobre uma bandeja e foi até o terraço.

Voltou à cozinha, tomou o suco de laranja em grandes goles, serviu-se de café, apanhou o jornal e sentou-se aos raios de sol do começo da primavera.

Permitir-se tomar o desjejum com calma se tornara um hábito.
A melhor parte do dia, pensou satisfeita, ao visualizar as man­chetes, lendo o que lhe interessava, saboreando o que preparara.

Folheou a seção de negócios, e em seguida as colunas sociais.

Observou as fotos e, um segundo antes de virar a página, viu sua imagem embaixo, à direita.

Hum...

Bianca estava deslumbrante...

O perfil perfeito, o sor­riso ideal, não poderia estar mais atraente.

Leu a legenda com atenção:

Comemorando o recente sucesso das suas empresas, Larissa Machado, empresária mul­timilionária, desfruta a noite no restaurante Paris 6 com a influencer Bianca Andrade.

Um sorriso discreto surgiu em seus lábios.

Era verdade, era uma mulher rica e bem-sucedida.

Sorriu, contente.

Morava em uma bela casa em Copacabana. Possuía um patrimônio invejável, como muitos diziam, ela era quase dona e proprietária do Brasil inteiro.

Larissa parecia ter tudo.

O colunista só desconhecia sua origem...

Fora criada e educado com muito amor dentro de casa, mas em uma realidade pobre e insalubre, onde os fortes sobreviviam e os humildes eram eliminados.

Desde muito nova desejara mais do que essas condições lhe proporcionariam, mais do que contar os centavos durante toda a vida.

Desde criança quisera sair desse mundo sombrio onde sobreviver era a única ambição.

Saber se safar de situações difíceis na cidade grande era uma de suas metas.

Estudar era a outra.

E ela lutou como pôde, ganhando bolsas, formando-se com mérito, não pelo prestígio ou para agradar aos pais.

Por ela mesmo.

Tivera muito sucesso.

Aos trinta anos, estava exata­mente onde planejara.

Podia ter qualquer homem ou mulher que desejas­se, e tinha, sempre que lhe aprazia.

Sua última companhia desejava um compromisso, mas Larissa não queria uma relação duradoura, apesar de gostar de dormir com ela.

O celular interrompeu-lhe o devaneio.

- Alô...

- Buenos días, gata.

A voz era melosa e felina. Tencionava acelerar seu coração e deixá-lo arrepiado, para que lembrasse o que dispensara na noite anterior.

- Bianca...

- Estou incomodando?

- Não. - respondeu com sinceridade.

- Que tal jantarmos hoje à noite?

Larissa admirava a avidez dessa mulher, mas preferia to­mar a iniciativa.

- Terei de estudar alguns contratos, Bianca.

- Outro dia, então?

Ela se recuperara rápido, mas Larissa podia perceber a ne­cessidade de afirmação, que preferiu ignorar.

- Quem sabe? - E desligou o aparelho.

Larissa observou o gramado impecável, a água cristalina da pisci­na, a academia e playground de sua casa, e voltou ao jornal.

Serviu-se de mais uma xícara de café, consultou o relógio e passou geléia em um último pedaço de torrada.

Cinco minutos de­pois entrou na cozinha, colocou os pratos na lava­-louças, e subiu para se vestir.

Havia dado uns dias de folga aos seus funcionários tinha momentos onde preferia a solidão.

{...}

Na garagem, en­trou na BMW X6 e arrancou rumo à saída do condomínio.

Seu escritório principal ficava em uma cobertura no leblon.

O trânsito era intenso.

Larissa abriu seu planner, checou a agen­da, marcou duas ligações que a secretária deveria fazer e quinze minutos depois, entrou no estacionamento e parou na sua vaga.

{...}

- Larissa Machado?

Ela estacou diante da voz feminina e virou-se devagar, o corpo em alerta apesar da aparência tranquila, pronta para reagir à qualquer sinal de agressão.

Pequena, esbelta, traços atraentes. Não parecia uma inimiga, mas isso não queria dizer nada.
Larissa sabia o que um expert em artes marciais era capaz de fazer, a despeito do sexo ou tamanho.

Teria ela uma arma? Larissa a estudou com cuidado, as mãos segurando a bolsa de couro.

Se houvesse uma faca ou um re­vólver ali, poderia desarmá-la antes que desse um passo.

Droga, havia seguranças no prédio inteiro.

Como a garota entrou ali?

- Sim...

- Preciso falar com você.

Larissa ergueu uma sobrancelha e a encarou, estudando seu próximo movimento.

- Sou muito ocupada. - empinou o nariz e consultou o relógio no pulso.

- Bastam cinco minutos. - Ela calculara o tempo, medira as palavras, poderia dizer tudo mais rápido se fosse preciso.

- Marque um horário com minha secretária.

- Eu tentei. - Balançou a cabeça. Nada no mundo poderia captar a essência daquela mulher, ou transmitir sua constran­gedora aura de poder.

-

CHEGUEI!!! SENTIRAM MINHA FALTA!?

Mais uma aventura com as nossas garotas!!!

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