Proposta Indecente - Ohanitta

A Ohana não sentiu sua falta...

Uma ponta de tristeza as envolveu quando o final de semana chegou ao fim.
A segunda-feira trouxe a rotina de volta a suas vidas, e também o primeiro de uma série de compromissos so­ciais que preencheriam as semanas seguintes.

Houve a pré estréia de um filme, a vernissage em uma galeria de arte, coquetéis de boas-vindas a alguma personalidade...

A nenhum Bianca esteve presente.

Talvez ela estivesse fora da cidade. Ohana remoía essa pos­sibilidade, ao lado de Larissa, durante uma festa.

Ohana reconheceu alguns dos convidados, com os quais conversou um pouco sobre dança. Esse era um assunto que ela dominava, e explicava com prazer seus pontos de vista e todos ali pareciam interessados e encantados com a loira.

Tanto que a presença de Bianca pouco foi notada.

- Larissa?

Ohana quase perdeu o fôlego ante a beleza da rival e o vestido de noite que lhe moldava as formas perfeitas.

Larissa respondeu com um charme educado, enquanto Diogo exercia seu carisma, fazendo Ohana refletir sobre os jogos sociais que as pessoas praticavam para ocultar insatisfações e ciúme.

- Foi tudo bem na sua viagem de negócios, linda?

Bianca esboçou um sorriso ardente repleto de promessas oculta: ao tocar o braço dela.

- Parece que a Ohana não sentiu sua falta. Diogo e eu a flagramos em um jantar secreto com um jovem muito atraente. - E lançou um olhar venenoso para Ohana, enquanto aguardava a reação de Larissa.

Ohana percebeu a expressão da morena, a frieza de seu olhar, a sobrancelha um tanto arqueada ao observá-la, pensativa.

Não precisava defender-se, tampouco tentou.

- O Saulo é um aluno de dezessete anos que obteve excelentes resultados nos festivais de dança que participou com a Ohana. O prêmio foi um jan­tar em um restaurante de minha escolha. – Larissa fez uma pausa, encarando Bianca. - Não havia motivo para insultar à ela ou ao Saulo deixando aquele recado na secretária eletrô­nica referindo-se à ele como um brinquedo dela.

- O rapaz parecia ter pelo menos vinte anos - Bianca protestou.

- Assim como muitos garotos sem o uniforme escolar - devolveu Ohana.

- Acho que você está mentindo...

- Por que eu faria isso? Você parou na nossa mesa e eu fiz as apresentações.

- Deixe para lá. - E Diogo afastou Bianca.

- Saulo devia estar com uma ótima aparência – Larissa concluiu, logo depois.

- Eu diria que irreconhecível. – Ohana a fitava com fir­meza quando ela lhe afagou o rosto.

- A Bianca precisa partir para outra...

- Ela não quer desistir de você. Diogo é apenas uma isca, e eu não tenho importância.

- O que acha de terminarmos a noite mais cedo? – Larissa piscou, cheia de segundas intenções.

- Mais cedo, quando? – Ohana quis saber, o coração disparado.

- Mais uma hora e poderemos sair sem ofender ninguém.

- Tão cedo assim?

- Vamos circular. - Rindo, a morena tomou-a pela mão.

Era meia noite quando se despediram dos anfitriões e escaparam do animado evento.

O ar fresco encheu-lhes os pulmões quando caminharam até o carro, e passaram-se poucos minutos até chegarem à mansão em Copacabana.

Larissa ergueu-a sobre um ombro, e Ohana reagiu dando-lhe alguns tapinhas.

- Eu tenho cara de saco de batatas, Larissa? Me solta!

Ela a colocou no chão apenas quando alcançaram a suíte, e beijou-a com uma intensidade que incendiou o corpo de Ohana.

As roupas de ambas foram abandonadas pelo chão, e Larissa puxou-a para a cama para fazerem amor de uma maneira ou­sada e primitiva.

Mais tarde, muito mais tarde, deitadas com as pernas ain­da entrelaçadas, Ohana se deixava embalar pelas recentes sensações.

Larissa sentiria a mesma coisa?

Teria ela sido consumido pe­las emoções da mesma forma total e profunda, a ponto de se sentir desintegrar?

Ohana não conseguia pensar nem se mover.

Pelo menos não naquele momento.

Aos poucos, sua respiração retomou a norma­lidade e o pulso diminuiu. Larissa roçou-lhe a têmpora com os lá­bios, beijando-a em seguida com uma ternura enternecedora.

Seria tão fácil dizer "eu te amo"...

Era o que ela queria, mas junto com o amor que a invadia vinha o conhecimento de que jamais seria correspondida.

Ohana nada mais era do que o pagamento de uma dívida.

Permaneceu acordada até muito depois que a respiração de Larissa assumiu um ritmo regular e tranquilo. Saiu da cama devagar, pegou um roupão e desceu.

A luz do luar passava pela porta francesa que dava para o terraço, e Ohana se deixou ficar ali, olhando para a escuridão, imersa em conjecturas.

A cada dia que passava, era mais difícil ficar.

E quanto às noites...

Como poderia suportar continuar a fazer amor com uma mulher que não a amava?

Ocupar a mesmo cama, aceitar aquela intimidade e não se envolver emocionalmente?

Passar um ano com alguém a quem amava com loucura e depois dar as costas e partir?

Já era bem duro agora.

Duvidava que depois de um ano poderia sobreviver com seu estado emocional intacto.

{...}

- Não consegue dormir?

-

Aiai, xentê...

VOTEM E COMENTEM!!!