Apesar do modo suave como Larissa falava, Ohana sabia que ela estava no comando.
- Eu preferia visitar meu pai sozinha. E ficar em meu apartamento esta noite. - Céus, o dia seguinte chegaria rápido demais. - Preciso fazer as malas, limpar o imóvel e avisar a proprietária.
Que não ficaria alegre em receber a notícia de repente, e com certeza exigiria uma indenização.
Larissa a observou por um longo momento.
- Não pretendo desistir - ela tranquilizou-a.
- Espero que não. Saiba que sou uma inimiga implacável.
O farol para pedestres se abriu, e eles atravessaram.
- Muito bem. Já que insiste, leve-me à escola.
Ohana permaneceu calada durante todo o percurso.
Mal olhou para Larissa ao sair do veículo.
Segundos depois, destravou a porta e entrou em seu carro.
De repente percebeu que Larissa a seguira e estava ao seu lado.
Ela virou e arqueou as sobrancelhas. - O que foi agora?
- Seria bom você ficar com o endereço de minha casa. Eu a esperarei lá amanhã à tarde.
Ohana colocou o cartão e a caneta sobre o banco do passageiro. - Depois das aulas e da visita ao meu pai.
- Às seis - Larissa insistiu - no mais tardar.
Ela ligou o motor, e Larissa saiu fechando a porta.
{...}
Estava escurecendo quando Ohana chegou ao hospital. Demorou-se, relutante em deixar Sidney sozinho.
Terminado o horário de visitas, deu boa-noite ao pai e foi embora.
Chegou exausta em casa, pediu um lanche pelo ifood, não estava disposta à enfrentar o fogão ou lavar louça.
Quando acabou a refeição, ligou para a proprietária.
Ela já esperava ter de pagar uma multa, mas a agressividade com que a exigência foi feita a surpreendeu.
- Ah, mas vá tomar no cu a senhora! Eu hein, vou pagar e amanhã mesmo irei embora dessa merda!
Desligou o celular e o jogou sobre a cama espumando de raiva.
- Velha escrota!
Em seguida, fez as malas e encaixotou tudo o que levara para o apartamento. Fez faxina, esfregando o chão até que seus braços doessem. À meia-noite, tomou um banho e se deitou.
Ohana acordou com a chuva torrencial nos primeiros raios de sol do dia.
Tomou um café rápido, temerosa de que a proprietária surgisse a qualquer momento.
Foram necessárias duas viagens para pôr tudo no carro. Ao sair do prédio, não olhou para trás.
{...}
O guarda-chuva não foi suficiente para protegê-la da tempestade, e ficou ensopada no trajeto do estacionamento até a sala de aula.
Ohana ia ficando cada vez mais tensa à medida que o dia transcorria.
Quando a campainha anunciou o término da última aula, estava com os nervos à flor da pele.
No hospital, passou o novo endereço e telefone na recepção e foi visitar Sidney.
Ele não melhorava, e ela sentia um aperto crescente no peito.
Durante todo o dia, pensara em um modo de contar-lhe que sua dívida para com Larissa não mais existia.
O pai não precisava saber da verdade, mas era um homem esperto.
Ela não conseguiria enganá-lo com uma desculpa qualquer.
Na angústia da dúvida, pesou os prós e os contras e decidisse por um pouco de honestidade: a meia verdade...
- Tenho boas notícias, papai. - Ohana puxou uma cadeira para perto dele e lhe tomou a mão. - Tenho motivos para afirmar que a Larissa não vai processá-lo.
Os lábios dele tremeram.
- Tem certeza?
- Sim.
- Mas o dinheiro...
Sidney não precisava saber dos detalhes.
- Creio que será possível resolver tudo.
- Por isso ela veio me visitar?
- Acho improvável que tenha vindo por outro motivo - Ohana prosseguiu com firmeza.
- Como assim?
Ela não fingiu não compreender.
- Vamos conversar quando eu souber mais...
Uma enfermeira entrou para checar os pacientes, e dez minutos depois trouxe o jantar.
- Eu já vou, papai. Durma bem. Venho vê-lo amanhã.
Eram quase cinco e meia quando Ohana entrou no carro e dirigiu até Copacabana.
Perto de seu destino, verificou o gps pra confirmar se estava seguindo o caminho certo.
Seu estômago deu um nó quando encontrou a rua certa.
Havia árvores frondosas dos dois lados, os grandes galhos exibindo o verde da primavera.
Dirigiu devagar observando os números até chegar à ampla entrada do condomínio protegida por altos portões de ferro.
Estavam fechados.
Haviam incontáveis câmeras e ainda cerca elétrica.
Ohana encostou o carro e interfonou para a portaria se anunciando e ficou à aguardar por uma resposta dos seguranças que ligavam para Larissa.
-
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Proposta Indecente - Ohanitta
FanfictionOhana só podia pensar em uma solução para saldar a divida de seu pai com a família da ex chefe Larissa Machado: oferecer a si mesma em troca! Ela sabia que aquilo era loucura. Larissa era o tipo de mulher que poderia ter todas as mulheres que quises...