Capítulo 5

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Eu odeio minha irmã com todas as letras, palavras e pingos nos "is". Por conta dela eu cheguei atrasado no meu encontro, mas, para compensar, ela realmente tinha me deixado com boa aparência. E, o melhor de tudo, Ariel estava ali, me esperando, e parecia mais bonito de perto do que longe dançando naquele palco.
O resto do jantar ocorreu como qualquer outro.
Eu paguei a conta e saímos do restaurante rindo de uma piada ruim que eu tinha contado.

— Você sentiu isso? — Ariel perguntou, parando com a risada.

— Isso o que?

Então, eu senti uma gota de água cair em cima da minha cabeça, e de repente uma chuva forte começou, mas a essa altura já estávamos dentro do restaurante de novo.

— E agora? — ele questionou. — Que droga, eu não vim com o meu carro. O restaurante é perto então eu não achei que séria necessário.

— Pois é, eu também estou sem meu carro — falei, retirando minha jaqueta preta. — Mas você não quer se sentir como um adolescente outra vez essa noite comigo?

Suas bochechas ficaram vermelhas como na hora que eu cheguei e ele começou a gaguejar. Foi uma das coisas mais fofas que eu já vi.

— C-como assim?

Eu coloquei a jaqueta em cima da minha cabeça e abri um espaço para Ariel. Ele pareceu entender e então se encaixou do meu lado, estávamos perto o suficiente para eu achar que iria enlouquecer. Acho que depois posso escreve sobre isso, como Ariel me deixa louco e ele nem precisa dançar para isso. Talvez minha irmã estivesse certa quando disse que eu tinha uma quedinha por ele desde que o vi dançar. Meu medo mesmo é que seja mais  do que isso.

— Se eu pegar um resfriado, saiba que a culpa é toda sua, Lois Cruz!

Soltei uma gargalhada e ele me acompanhou.

— Eu aceito essa culpa. Agora vamos?

Ariel assentiu e saímos do restaurante, encarando uma chuva forte. A jaqueta parecia o mesmo que nada, mas mesmo assim continuamos.
De repente, ele começou a rir do meu lado.

— O que foi?

— Obrigado, Lois, eu realmente me sinto um adolescente outra vez.

— De nada, eu acho.

— Minha casa fica pra cá. — ele guiou e seguimos a direção.
Algumas pessoas olhavam torto para nós dois, porque elas tinha um guarda-chuva, a gente não tinha um, mas eu me sentia a pessoa mais feliz do mundo.
Sem querer, eu pisei em uma poça, espirrando mais água. E, para piorar, um carro passou com tudo, jogando água e mais água. Acho que deveríamos ter ficado no restaurante até a chuva passar, porque tudo que falta é um raio cair em cima da gente.

— Merda. — resmunguei.

— Olhe essa boca! — ele riu. — E não se preocupe, isso é bom.

— Bom?

Ariel saiu de baixo da jaqueta e a chuva tomou conta por completo, deixando suas roupas grudadas no seu corpo e os cabelos molhados. Ele pulou nas poças de água, como uma criança, ou adolescente, como eu tinha prometido.

— Pode ter certeza que agora você vai pegar um resfriado, Ariel, e a culpa não é mais minha.

— Pode apostar que é sim.

— Por quê?

— Porque você disse que seríamos adolescentes outra vez nesta noite — ele segurou uma das minhas mãos, fazendo eu me sentir como se tivesse levado um choque. — Está esperando o que, Lois Cruz?

Dança do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora