Capítulo 19

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— Estou nervoso.

Aurora me olhou, com uma das sobrancelhas levantadas.

— Nervoso? — questionou. — Você nunca está nervoso, Ariel.

— É que a primeira vez que eu me apresento sendo gay.

— Você sempre foi gay.

— Você entendeu o que eu quis dizer — bufei. — Antes ninguém sabia que eu era gay.

— Vai ficar tudo bem, Ariel.

Suspirei fundo.

— Ariel?

Me virei, a tempo de ver Lois entrando no vestiário. Algumas bailarinas e bailarinos o olharam incrédulo por ter invadido ali.

— Lois.

Ele sorriu e me abraçou, depois me beijou.

— Boa sorte, estarei na primeira fileira te admirando, meu amor.

Meu coração deu um pulo, eu também comecei a sorrir e, de repente, não me sentia mais tão nervoso.

— Obrigado, Lo.

— Eu te amo.

— Eu também te amo.

Nos beijamos outra vez e ele saiu do vestiário, mas sem pressa. Ele andava devagar e sempre me olhava por cima dos ombros sorrindo.

— Continua nervoso? — Aurora perguntou, em tom de sarcasmos. Eu apenas revirei os olhos e então me concentrei quando escutei a voz da professora anunciando que o espetáculo iria começar.
Eu e Aurora entramos acompanhados de outras bailarinas e bailarinos. Então, quando dei uma olhada na primeira fileira, Lois estava lá, sentando ao lado de Larry. Seus olhos brilhavam como na vez que eu dancei para ele na sala, ele sorria e quando percebeu que eu estava o olhando, parou de bater palmas e me mandou um beijo no ar.

Ele me segurou no colo, o que me fez começar a rir e enrolar minhas pernas na sua cintura.

— Você foi incrível, meu amor! — exclamou. — Incrível, você é incrível, sabia disso?

— Você está me deixando bobo, Lo.

— Desculpe — ele me soltou. — Mas você é incrível, eu amo você, muito.

— Eu também amo você.

Fiquei nas pontas do pé e o beijei. Beijaria mais se minha tia não tivesse aparecido de repente aos berros como ela sempre faz.

— Meu querido! — nos afastamos. — Sinto muito interromper o momento love mas você estava um espetáculo lá em cima, estou muito orgulhosa!

— Obrigado, titia.

— Você é um homem sortudo, sabia, Lois?

— Sim, eu sabia.

Ela sorriu animada e então me abraçou, depois abraçou Lois também. Quando conseguimos fugir das garras da minha tia, saímos do teatro e entramos dentro do carro.

— O que acha de comemoramos? — Lois perguntou, enquanto dava partida no carro.

— Eu até queria, mas meus pés estão doloridos — eu disse, enquanto tirava minhas sapatilhas. — Isso acaba com os pés, sabia?

— Tudo bem, querido, você não precisa usar os pés, se é que me entende.

Ele abriu um grande sorriso malicioso e eu corei, pois tinha o entendido perfeitamente.

— Sim, eu entendo e quero comemorar bastante, meu bem.

— Vamos comemorar bastante então.

Comecei a rir.
Quando chegamos, nem saímos do carro. Ficamos um longo tempo nos beijando ali antes de realmente entramos em casa para que ele pudesse me jogar na cama e aproveitamos o resto da noite.

Te ver dançar pela primeira vez
Foi como mágica
Seu corpo parecia poesia
E eu amo poesia
Eu amo o jeito que você dança
Acho que amo você.

Fechei o livro.
Tinha terminado, aquela era a última poesia, depois disso, só tinha agradecimentos e algumas páginas em branco.
Eu realmente adorei cada parte, mas a última poesia com certeza é a minha favorita.
Abracei o livro e olhei para Lois ao meu lado, ele dormia calmamente.

— Eu acho que amo você também — sussurrei. — Na verdade, eu tenho certeza.

Dança do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora