Capítulo 16

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— Sabe, eu nunca cheguei a perguntar o porquê da sua tia cuidar de você — Lois disse curioso e eu abri um sorriso amarelo. — O que aconteceu com seus pais?

— Olha, os meus pais está bem vivos, mas eles não reclamaram da minha tia pegar a minha guardar, eles não me queriam — desviei meu olhar de Lois e encarei meus próprios pés no chão. — Para os meus pais balé não era coisa que homem fazia, eles me odiavam por isso e me odiaram mais ainda quando souberam que eu sou gay.

— Ari, sinto muito por isso.

— Não sinta, não é culpa sua — o olhei de novo e abri um outro sorriso amarelo. — O que importa é que a minha tia me acolheu como uma mãe, não sei o que seria de mim sem ela.

Senti os braços de Lois me envolverem e ficamos um tempo assim, até voltamos aos beijos e esquecer aquele assunto. Porém, tudo foi interrompido pela minha tia, que não parecia nem um pouco envergonhada de ter nos pegado aos beijos.

— Venham comer, pombinhos!

E fomos, com os rostos vermelhos, mas fomos.

Com a minha tia, nada podia ser mais vergonhoso. Pelo menos Lois parecia adorar quando ela falava do meu eu mais novo aprontando, tentando dançar balé, os meus primeiros shows quando eu ainda era apenas um garotinho. Eu diria que minha tia seria capaz de contar minha vida inteira sem mencionar os meus pais, acho que ela gostaria de jogar no lixo essa parte da minha vida e eu também. Mas por agora, que diferença faz? Minha tia foi a mãe que eu não tive, consegui o que eu tanto queria, sou um dançarino famoso de balé e eu amo alguém que também me ama.
Eu e Lois demos adeus a minha tia e ele não parava de elogiar e agradecer a comida dela.

— Sua tia é uma sortuda — Lois disse, enquanto entravamos dentro do meu carro e eu via minha tia trancar o portão e sumir dentro de casa.

— Por quê?

— Eu daria tudo para chegar em casa e ver você dançando sozinho — ele soltou um sorriso bobo, o fez meu coração esquentar. — Ou te ver ensaiar, não importa, mas se você dançasse só pra mim...

— Quem disse que eu não posso dançar só pra você? — Lois me olhou, com a boca meio aberta, o que me fez deixar um rápido beijo ali. — Vamos pra minha casa, ok?

Ele concordou e enfiou as chaves no carro, começando a dirigir até em casa.
Quando chegamos, fui rapidamente para dentro e troquei meus tênis por uma sapatilha de balé, coloquei roupas mais confortáveis e encontrei Lois parado em um canto da sala, em pé e confuso.

— Ariel — ele me olhou. — O que está fazendo?

— Sente-se.

Lois se sentou no sofá, sem hesitar. Ele parecia já está sabendo o que ia acontecer.
Peguei meu celular e um rádio via bluetooth, colocando uma música para tocar. Então improvisei uns passos de dança, e enquanto eu dançava de forma até que desajeitada, com medo de quebrar alguma coisa na sala, vi os olhos de Lois brilhando para mim. Eu sabia que eles brilhavam quando eu estava em cima do palco, mas agora eu tinha certeza. Quando a música acabou, eu pensei em colocar outra e voltar a dançar, mas Lois me agarrou pela cintura e me beijou como nunca tinha me beijado antes.

— Você é simplesmente perfeito enquanto dança, sabia disso? — ele pegou minha mão e me fez girar. — Eu amo, amo você, Ari.

— Eu também amo você, Lo.

Outra música automaticamente começou. Lois voltou a pegar na minha cintura e mesmo que aquilo não fosse bem balé, e mesmo que Lois seja péssimo dançando, eu não podia estar mais feliz.
Depois de um tempo, tínhamos desistido daquela dança desajeitada e estávamos nos beijando no sofá. E tudo que eu conseguia escutar era uma música calma de balé tocando abafada nos meus ouvidos. Isso para mim é o paraíso.

Dança do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora