Capítulo 15

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Eu já estou me acostumado com essa nova rotina, Ariel e eu sempre estamos na casa um do outro e dormimos juntos. Às vezes saímos para encontros comuns como apenas comer fora, ir ao cinema, ao shopping e por aí vai, o que acaba tudo indo para revistas de fofocas, coisa que eu já também me acostumei. Nem Ariel e nem eu nos damos mais o trabalho de ler aquelas notícias, não é mais novidade pra ninguém que estamos juntos.

— Ariel? — abri a porta, ainda não me acostumei a chegar entrando na casa dele como se fosse a minha, já que agora eu tenho um cópia da chave dele. — Ariel?

Ele apareceu com um sorriso enorme e me abraçou, logo em seguida me beijou.

— Oi, Lo — disse. — O que está fazendo aqui?

— Queria te mostrar uma coisa.

Ariel se afastou e eu tirei o livro da mochila. Na mesma hora, ele puxou o livro das minhas mãos, observou a capa com os olhos brilhando e de boca aberta antes de começar a folhear as páginas.

— O livro ainda não lançou, mas já está tudo pronto para ser lançando amanhã de manhã nas livrarias — expliquei. — E eu resolvi te trazer um de graça e autografado.

— Não tá autografado.

Tirei uma caneta do bolso e então assinei o livro.

— Agora está.

O sorriso de Ariel voltou.

— Obrigado, vou começar a ler hoje mesmo! — me abraçou outra vez. — Espero que esse livro faça sucesso, deve estar perfeito!

O abracei de volta e depois o beijei, tentando deixar a ansiedade que eu estava passar.

— Eu estava tomando café, você comeu alguma coisa já?

— Na verdade, não comi nada.

— Então vem comigo, ainda não terminei de tomar café.

Ele deixou o livro em um lugar seguro e o segui até a cozinha, aonde tinha uma pequena bagunça do café da manhã na mesa.

— Então, eu conheci a sua família aquele dia — Ariel começou a falar, enchendo uma xícara de café para mim. — Agora a minha tia quer algo igual, então eu pensei que poderíamos ir vê-la no almoço. O que acha?

— Aceito.

— Ótimo, vou avisar ela então — dei um gole no café. Não estava muito quente. — O que vai querer? Tem torrada, posso fritar ovos e bacon se quiser.

— Não se preocupe, eu faço meu próprio café.

Ariel deu de ombros e eu peguei uma frigideira usada para fritar os meus ovo e o bacon.

Fui recebido com um abraço de urso quando entrei na casa da tia de Ariel. Era o tipo de abraço que eu sempre ganhava da minha mãe quando era criança.

— É tão bom te ver! — ela exclamou, com um sorriso enorme. — Eu sabia que Ariel estava apaixonado, eu sabia! Conheço o meu sobrinho.

— Tia...

— O que foi? É verdade! — Ariel se contorceu com o rosto vermelho e eu ri. — Olha só, você é tão bonito! Ouvi dizer que é poeta, verdade?

— Sim, é verdade.

— Deus, sempre quis um namorado que escrevesse poesias para mim quando eu era mais jovem, Ariel tem sorte — disse ela, piscando para Ariel que ficou mais envergonhando. Algo nele parecia ter se arrependido de me chamar para almoçar ali, mas eu estava gostando. — Mas sabe, no final acabei virando a tia solteirona. A diferença é que eu não sou rica. Mas enfim, você é um ótimo namorado para Ariel!

— Obrigado, senhora.

— Senhora não! Pode me chamar de tia também, afinal, todo mundo me chama assim — ela olhou para Ariel. — Todo mundo no caso os amiguinhos dele.

— Ok, tia.

— Bem, aonde estão meus modos? Entrem! — ela abriu um espaço e entramos. Imediatamente, senti um cheiro incrível. — Eu estava fazendo o almoço, já está quase pronto. Espero que estejam com fome.

Eu realmente não estava com fome até sentir o cheiro da comida. Ela parece ser o tipo de tia que cozinha muito bem, daquelas que a gente só não diz que cozinha melhor que a nossa mãe pra não receber um tapa mais tarde.
A tia de Ariel foi para a cozinha e nós ficamos parados na sala. A televisão estava ligada passando jornal.

— Você quer ver o meu quarto antigo? — ele perguntou. — Minha tia nunca mudou nada, diz ela que eu sempre posso voltar aqui quando eu quiser.

Assenti e o segui.
O seu quarto antigo tinha as paredes pintadas de amarelo e muitos pôsteres de bailarinas dançando com seus vestidos impecáveis. Um típico quarto de adolescente. O meu costumava ter pôsteres de banda e às vezes eu escrevia minhas poesias ali também. Minha irmã não gostava que eu riscasse as paredes mas meus pais diziam que o que eu estava fazendo era obra de arte. Eles sempre gostaram das minhas poesias, mamãe sempre chorou quando eu escrevia uma para ela no dia das mães.

— Geralmente ele costumava ser bem bagunçado.

— Imagino que sim — respondi, me sentando na cama. — Você não é muito organizado.

— É, mas a minha tia o limpa todos os dias, acho desnecessário, ela podia fazer alguma coisa — também se sentou. — Mas já que prefere manter o quarto, quem sou eu pra dizer alguma coisa?

Eu o olhei, ele me olhou. O beijei, ele me beijou.

Dança do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora