Eu já estou me acostumado com essa nova rotina, Ariel e eu sempre estamos na casa um do outro e dormimos juntos. Às vezes saímos para encontros comuns como apenas comer fora, ir ao cinema, ao shopping e por aí vai, o que acaba tudo indo para revistas de fofocas, coisa que eu já também me acostumei. Nem Ariel e nem eu nos damos mais o trabalho de ler aquelas notícias, não é mais novidade pra ninguém que estamos juntos.
— Ariel? — abri a porta, ainda não me acostumei a chegar entrando na casa dele como se fosse a minha, já que agora eu tenho um cópia da chave dele. — Ariel?
Ele apareceu com um sorriso enorme e me abraçou, logo em seguida me beijou.
— Oi, Lo — disse. — O que está fazendo aqui?
— Queria te mostrar uma coisa.
Ariel se afastou e eu tirei o livro da mochila. Na mesma hora, ele puxou o livro das minhas mãos, observou a capa com os olhos brilhando e de boca aberta antes de começar a folhear as páginas.
— O livro ainda não lançou, mas já está tudo pronto para ser lançando amanhã de manhã nas livrarias — expliquei. — E eu resolvi te trazer um de graça e autografado.
— Não tá autografado.
Tirei uma caneta do bolso e então assinei o livro.
— Agora está.
O sorriso de Ariel voltou.
— Obrigado, vou começar a ler hoje mesmo! — me abraçou outra vez. — Espero que esse livro faça sucesso, deve estar perfeito!
O abracei de volta e depois o beijei, tentando deixar a ansiedade que eu estava passar.
— Eu estava tomando café, você comeu alguma coisa já?
— Na verdade, não comi nada.
— Então vem comigo, ainda não terminei de tomar café.
Ele deixou o livro em um lugar seguro e o segui até a cozinha, aonde tinha uma pequena bagunça do café da manhã na mesa.
— Então, eu conheci a sua família aquele dia — Ariel começou a falar, enchendo uma xícara de café para mim. — Agora a minha tia quer algo igual, então eu pensei que poderíamos ir vê-la no almoço. O que acha?
— Aceito.
— Ótimo, vou avisar ela então — dei um gole no café. Não estava muito quente. — O que vai querer? Tem torrada, posso fritar ovos e bacon se quiser.
— Não se preocupe, eu faço meu próprio café.
Ariel deu de ombros e eu peguei uma frigideira usada para fritar os meus ovo e o bacon.
Fui recebido com um abraço de urso quando entrei na casa da tia de Ariel. Era o tipo de abraço que eu sempre ganhava da minha mãe quando era criança.
— É tão bom te ver! — ela exclamou, com um sorriso enorme. — Eu sabia que Ariel estava apaixonado, eu sabia! Conheço o meu sobrinho.
— Tia...
— O que foi? É verdade! — Ariel se contorceu com o rosto vermelho e eu ri. — Olha só, você é tão bonito! Ouvi dizer que é poeta, verdade?
— Sim, é verdade.
— Deus, sempre quis um namorado que escrevesse poesias para mim quando eu era mais jovem, Ariel tem sorte — disse ela, piscando para Ariel que ficou mais envergonhando. Algo nele parecia ter se arrependido de me chamar para almoçar ali, mas eu estava gostando. — Mas sabe, no final acabei virando a tia solteirona. A diferença é que eu não sou rica. Mas enfim, você é um ótimo namorado para Ariel!
— Obrigado, senhora.
— Senhora não! Pode me chamar de tia também, afinal, todo mundo me chama assim — ela olhou para Ariel. — Todo mundo no caso os amiguinhos dele.
— Ok, tia.
— Bem, aonde estão meus modos? Entrem! — ela abriu um espaço e entramos. Imediatamente, senti um cheiro incrível. — Eu estava fazendo o almoço, já está quase pronto. Espero que estejam com fome.
Eu realmente não estava com fome até sentir o cheiro da comida. Ela parece ser o tipo de tia que cozinha muito bem, daquelas que a gente só não diz que cozinha melhor que a nossa mãe pra não receber um tapa mais tarde.
A tia de Ariel foi para a cozinha e nós ficamos parados na sala. A televisão estava ligada passando jornal.— Você quer ver o meu quarto antigo? — ele perguntou. — Minha tia nunca mudou nada, diz ela que eu sempre posso voltar aqui quando eu quiser.
Assenti e o segui.
O seu quarto antigo tinha as paredes pintadas de amarelo e muitos pôsteres de bailarinas dançando com seus vestidos impecáveis. Um típico quarto de adolescente. O meu costumava ter pôsteres de banda e às vezes eu escrevia minhas poesias ali também. Minha irmã não gostava que eu riscasse as paredes mas meus pais diziam que o que eu estava fazendo era obra de arte. Eles sempre gostaram das minhas poesias, mamãe sempre chorou quando eu escrevia uma para ela no dia das mães.— Geralmente ele costumava ser bem bagunçado.
— Imagino que sim — respondi, me sentando na cama. — Você não é muito organizado.
— É, mas a minha tia o limpa todos os dias, acho desnecessário, ela podia fazer alguma coisa — também se sentou. — Mas já que prefere manter o quarto, quem sou eu pra dizer alguma coisa?
Eu o olhei, ele me olhou. O beijei, ele me beijou.
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Dança do amor
Romansa"Te ver dançar pela primeira vez Foi como mágica Seu corpo parecia poesia E eu amo poesia Eu amo o jeito que você dança Acho que amo você."