Prólogo

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Shepersfield era um reino estranho. Como se fosse uma obra de arte abstrata, todos tinham uma impressão diferente, mas nenhuma era levada como veredito.

Embora não fosse muito grande, era uma terra linda. Além de rica em agropecuária, atividades envolvendo a mineração e a medicina também eram comuns para o fortalecimento da economia. Ainda que o local portasse o lema "Amor à pátria e harmonia ao povo", quem via à distância pensava que nunca era dia para se dedicar ao amor, devido ao caráter majoritariamente nubloso e triste dos céus.

Os costumes eram questionáveis. Todo dia primeiro de janeiro, em vez de comemorarem o ano novo, shepersfieldianos festejavam o "outro ano", em homenagem a um acréscimo à idade de Shepersfield. Celebrações com conotações religiosas não existiam, pois além de não obterem nenhum tipo de fé, a terra tinha sua popularidade por considerar feriados como dias improdutivos.

O costume mais notável era também o mais complicado: com exceção dos funcionários do castelo, todo e qualquer tipo de profissão deveria acontecer de maneira hereditária, isto incluía o trono.

Teoricamente, o assento dourado pertencia à princesa Gemma Styles, mas seu pai considerou que a filha se sairia muito melhor como rainha consorte de algum outro lugar. Sendo assim, a coroa de ouro e rubis caiu sobre o segundo fruto de sangue real.

Nascido em primeiro de fevereiro do ano de 2476, o príncipe Harry era um ser esquisito demais para alguém que tinha o maior título real como destino. Aos 25 anos de idade, não aturava a ideia de participar de reuniões importantes ou de opinar em estratégias bélicas, uma vez que considerava a situação mais prática se guerras não existissem.

Ele também dava as costas aos sentimentos do coração. Após ver sua mãe falecer e assistir ao segundo casamento de seu pai com uma duquesa que desapareceu poucos anos depois, o jovem já não acreditava mais no amor. Apesar de tudo, estava prometido em matrimônio a uma princesa desde os nove anos.

Harry era frustrado com o sentimento porque sabia que deveria tê-lo pelo menos para com seu povo, mas não tinha. Provavelmente era pela forma errada como enxergava o mundo a sua volta.

Contudo, a esperança era algo que nunca abandonava o coração do jovem príncipe. E, com isso, dava-lhe a sensação de estar em uma constante descoberta. Estava tudo bem, pois ele sabia que sua vida não contaria uma história feliz.

Em compensação, contaria uma história de amor.

Peculiar - ZarryOnde histórias criam vida. Descubra agora