Esmeralda

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De todas as noções que tinha, nenhuma era relacionada à de tempo e espaço, pois o corpo extremamente pesado não sabia sequer onde estava e nem desde quando. A mente implorava por mais descanso, além de querer esquecer o que tinha acontecido para estar daquele jeito, mas sua boca carregava um gosto forte de sangue e seus olhos já não queriam mais permanecer fechados.

A voz rouca emitiu um som, o rapaz não sabia exatamente o que fazer, estava fraco demais para se mexer sozinho. Precisava de ajuda.

Sua cabeça passou a trabalhar com mais firmeza, repassava o que havia acontecido pela tarde que vivenciara. Será que ao final de tudo tinha dormido com Jamila e não se lembrava?

– Harry! – ouviu a voz de Liam.

– Ah, graças! – ouviu a voz desesperada de Jamila.

Styles emitiu outro som, um gemido doloroso, curto. Os olhos lentamente se abriram e logo enxergaram seu melhor amigo e sua noiva aguardando ansiosamente por outra reação.

– Meu menino está vivo! – Payne passou as mãos pelo rosto.

Os cabelos lisos e castanhos do carteiro estavam bagunçados, sua camisa era um tanto amassada e sua aparência era chorosa, abatida, como se não dormisse havia tempos. Nada ali se parecia com o Liam que costumava ver.

O príncipe voltou a fechar os olhos e engoliu em seco. Fez uma careta dolorida, sua garganta ardia tanto que parecia estar em chamas. Imediatamente escutou Woodlerck murmurar algo e se levantar, seguido pelo som de algo sendo despejado em um recipiente de vidro.

– Beba, querido. Consegue?

O polegar delicado abriu a boca do rapaz e derramou o que logo foi identificado: água. Com certa força, o rapaz engoliu, sentindo alívio, sentia também uma mão firme segurar sua cabeça para que não se engasgasse.

E voltou a abrir os olhos, mas dessa vez não voltou a fechá-los, permaneceu ali, com os lábios molhados e com a vontade de esquecer que estava naquela situação, pois ainda se sentia fraco à beça.

– Vou chamar os médicos para cuidarem de você! – Liam se afastou. – Por favor, não desabe novamente!

A cabeça do príncipe foi deitada delicadamente no travesseiro, o que o fez soltar um suspiro. Em seguida olhou para a moça que permaneceu ali ao seu lado, acariciando os cachos devagar.

Styles compreendeu o porquê de estar no próprio quarto: provavelmente, não havia leitos o bastante na ala hospitalar por conta do ataque recente. Sentia-se até melhor, mais confortável. Imaginava quantos pares de olhos estariam em cima dele caso estivesse noutro lugar. Ali tinha mais privacidade.

– Consegue falar? – a princesa sussurrou.

Com certa dificuldade, o cacheado apontou para o copo d'água, que foi levado à sua boca outra vez. Quando refrescou a garganta, se esforçou:

– Dói tudo.

Woodlerck riu e deixou o copo na mesa de cabeceira, sentando-se ao outro lado da cama.

– Quer saber o que houve? Ou... você se lembra?

– Me conte.

O semblante de Jamila ficou sério, as unhas compridas e bem pintadas de branco brincavam entre si. O silêncio deu a entender que ela não gostaria de ter que falar sobre o assunto. Mesmo assim criou coragem para começar:

– Estávamos em um encontro e você simplesmente começou a dizer coisas estranhas, a sangrar e a vomitar... oh, Harry, foi terrível! Você caiu no chão como uma rocha! Não acordou mais...

Peculiar - ZarryOnde histórias criam vida. Descubra agora