Biscoito

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– Ei, Harry, até que não é tão ruim ter uma cicatriz, você não acha?

Styles encarava o guarda-roupa fechado, sua mão esquerda apertava o tecido vermelho.

– Harry?

Seu rosto era raivoso, as lágrimas não cessavam.

– Harry, o que aconteceu?!

Os olhos verdes se guiaram para os castanho-escuros com descrença e repulsa. Ainda que tivesse entrado em contato com várias pessoas de índole vigarista, nunca se sentira tão traído.

– Quer que eu chame alguém?

– Chame, terei o prazer de vê-lo implorar por sua própria vida na frente de outras pessoas.

Liam franziu o cenho, seus olhos pareciam tentar decifrar qual era o problema e acabaram por encontrar nas mãos do cacheado.

– O que é isso? – apontou.

Harry, sem limpar as lágrimas que caíam, riu e ergueu a bandeira.

– Isso? Diga-me você...

– Harry, onde conseguiu uma coisa dessas?!

– No meio de suas roupas. Estranho, não?

– Minhas roupas?! Como isso foi parar com elas? – Liam abriu as portas do móvel e vasculhou por entre as vestes.

Harry puxou o braço do rapaz com força, fazendo-o encarar. Completamente irado e fora de si, berrou:

– Era isso o que tinha para me contar, Liam?! Você é um traidor?!

– Ficou louco?!

– Antes fosse!

– Não acha que essa bandeira é minha, acha?!

Styles ria de nervoso, não raciocinava direito. As mãos suavam, mas não perdiam a força. Olhar para Liam agora era difícil, seu coração queria acreditar que não era verdade, que a expressão desesperada no rosto do carteiro era por ser acusado de um crime hediondo que não havia cometido.

Mas as provas estavam além do tecido vermelho, estavam no comportamento de Payne, na forma como este queria que Harry fosse o herdeiro perfeito, mesmo sabendo que não era possível. Estava nas entrelinhas de suas conversas, estava até mesmo na aventura que tornou possível todas as descobertas até ali.

– Eu deveria ter notado – o cacheado se afastou. – Quem pode ser mais próximo de um rei do que seu conselheiro? O meu conselheiro queria me matar...

– Pare de dizer isso, eu não sou um rebelde!

– Cale-se, mentiroso! – berrou o príncipe.

– Harry, se acalme. Eu posso provar que isso não é meu...

Styles cruzou os braços e passou a bater os pés freneticamente.

– Vá em frente, eu imploro. Prove que estou errado, Liam, prove que lhe devo um milhão de perdões! Me envergonhe por duvidar de meu melhor amigo! Prove!

Payne entreabria seus lábios, mas os fechava em seguida. Diante daquilo, Harry soltou um riso curto e balançou a cabeça positivamente.

– Eu não consigo olhar em seus olhos. Não sabe o quanto estou morto por dentro. Quanto demoraria para que me matasse por fora também?

– Eu o conheço há vinte e dois anos, Styles, você sabe todos os meus segredos e...

– Exceto um! – Harry ergueu o indicador. – Você disse que poderia acabar morto e nossa amizade teria um fim. Era isso?

Peculiar - ZarryOnde histórias criam vida. Descubra agora