Conhaque

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Harry grunhiu e agarrou o colchão, soltando o ar pela boca. Embora a sensação não fosse tão agradável, sabia que boa parte daquilo era drama, pois as mãos delicadas eram habilidosas demais para terem a intenção de causarem-no a dor.

– Vossa Alteza deveria ter pedido que alguém segurasse sua mão neste processo. Quero dizer, a ardência não é muita, mas não é uma maravilha! Ainda que algumas pessoas não sintam nada...

– Pode... me distrair?

Ela parou para ajeitar a máscara em sua boca e buscou alguma coisa na bandeja que estava longe de seu campo de visão. Quando retornou, disse:

– Você tem um animal favorito?

– Cavalos.

– Um melhor amigo?

– Liam Payne.

– O carteiro?

– Sim.

– E o que te proporciona medo?

– O fracasso e... meu pai.

– Certo... hum... uma pessoa que confia?

Não precisou pensar para responder:

– Zayn.

– Oh... isso foi inesperado.

– Nós temos uma longa história – o rapaz soltou sem querer. A história não era assim tão longa.

– Entendo...

A moça ficou em silêncio, e por um momento, Styles pensou que fosse por sua culpa. Não era. Na verdade, ela apenas tinha terminado o que começou.

– Muito bem, Alteza! Está livre.

O príncipe sorriu para a mais nova médica e segurou suas mãos com certa força.

– Você salvou minha vida, Delilah. Nunca serei grato o bastante.

Delilah riu e jogou fora o que usou para retirar os pontos cirúrgicos. A dor fora mais suportável do que quando eles foram costurados. Por precaução, ela fez um novo curativo e deu recomendações sobre o processo de cicatrização.

– Soube que tem encontrado Zayn com mais frequência...

– O quê?! – o cacheado se ajeitou à cama hospitalar.

Os olhos castanhos da moça abriram-se mais. Apressadamente, ela negou com a cabeça.

– Ouvi dizer que o turno dele ocorre no andar de seu quarto! Apenas isso!

– Ah... – Envergonhou-se. – É verdade, seu horário não permitiu muitos encontros entre nós, mas conseguimos conversar pela tarde da noite, pois ele auxilia no trato dos animais junto com...

– Germy?

– Sim, esse senhor.

Ficaram em silêncio enquanto ele a assistia guardar as coisas em seus respectivos lugares. Raramente vinha à ala hospitalar. Vacinas e intoxicações alimentares eram sempre os motivos que o traziam até ali. Nunca pensara que algum dia fosse por conta de uma facada.

Os quinze dias que se passaram fecharam-se em uma rotina extremamente produtiva para o príncipe. Sua participação nas estratégias do reino foi aceita de maneira indireta, o que agradou ao pai cujo deixou de implicar um pouco com os atos do filho e com os funcionários que este conversava.

Zayn, no entanto, era o único funcionário com exceção de Liam com quem ele gastava o vocabulário. Grandes diálogos em curtos espaços de tempo era o que tinham, e confessava que os aproveitava muito bem para desabafar sobre coisas superficiais e aprender um pouco mais sobre como lidar com cavalos.

Peculiar - ZarryOnde histórias criam vida. Descubra agora