Invasor

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Os olhos verdes se abriram sem intuito algum, pois estava tudo escuro. O dono deles só era capaz de sentir seu corpo deitado em algo gelado. Contraditoriamente, o ar naquele ambiente era calorento, abafado, o que certamente justificava seu suor. O rapaz tremia-se de medo e aumentou ainda mais quando percebeu que suas mãos estavam amarradas.

Poucos segundos mais tarde e escutou uma porta ranger. Trincou o maxilar e engoliu em seco. Passos se aproximavam. Com toda a sua força, conseguiu se sentar e chutar o ar para tentar tocar em algo, em vão.

– Meu pai vai saber disso! Sabe com quem está lidando?! – gritou para defender-se.

– Sou eu, seu grandessíssimo acéfalo!

Assim que as mãos se libertaram e as luzes se acenderam, o príncipe comprovou que estava no chão de seu quarto. Desesperado, levantou-se abruptamente e parou de frente para o amigo que tinha o corpo também ofegante. Sem perder tempo, correu para abraçá-lo.

– Idiota! Idiota! – exclamava o carteiro. – Sorte sua que os guardas não estão aqui!

– Liam, eu sinto muito. Não esperava que isso fosse acontecer...

Payne o olhava com certo pavor, como se a qualquer momento fosse perdê-lo de vista outra vez.

– Você quase colocou a vida de Thunder em risco também – acusou. – Por sorte ele está a salvo, seguro aqui no castelo, onde é o lugar de vocês dois.

O cacheado estava cheio de lágrimas, mas não soltou nenhuma. Liam estalou a língua nos dentes, parecendo raivoso. Os olhos dele praticamente soltavam faíscas.

– O que deu em você para querer ir à cidade sozinho? E o que deu em mim para apoiá-lo nisso?! Tem ideia de que enganamos guardas da tropa?! Da tropa, Harry!

Styles balançava a cabeça para os lados. Seu coração ainda estava disparado, parecia que ia saltar a qualquer momento.

– Me conte que não foi de todo ruim e que algo te encantou... – Payne pediu.

– Liam... – começou. – O início foi mágico! A floresta iluminada pela lua e as estrelas, a cidade, a cerveja e aquele rapaz...

– Que rapaz?! – o amigo interrompeu.

– Eu o encontrei na taverna – explicou. – Ele disse que era para eu ter cuidado e me manter no castelo, porque havia membros da Interrogação por lá...

– Interrupção... – o outro corrigiu. Rapidamente seu rosto tornou-se sombrio. – Ah, céus...

– O que foi?

– O que aconteceu depois?! – o carteiro se sentou na cama.

– Ele disse que eu era um herdeiro irresponsável! Foi confuso, primeiro ele fingiu que não me...

– Não! O que aconteceu com os membros?!

– Oh... – fez-se uma pausa. – Eu não sei. Não os olhei, mas acho que eles reconheceram a minha adaga. Quando saí, já para ir embora, Thunder não estava mais na entrada da taverna e por isso passei a andar em busca dele ou de uma estalagem...

– E?

– E... alguém me agarrou e cobriu meu rosto com um pano...

– Isso está piorando... – Liam massageava as têmporas, desnorteado com tudo que ouvia.

Harry se sentou ao lado dele, tocando-lhe o ombro.

– O que aconteceu depois? Como vim parar aqui?

Payne, ainda com as mãos nas têmporas, explicou:

Peculiar - ZarryOnde histórias criam vida. Descubra agora