Há males que vêm por bem

79 3 0
                                    

       ****** Nota importante:   Pessoal, este capítulo, tal como outros no futuro, têm linguagem forte e imagens bastante duras e fortes também. 

                      Quando escrevo, são os personagens que ditam as cenas, não eu. Eu limito-me a observar de caderno e caneta na mão. para anotar tudinho.  Assim sendo, as personalidades, os feitios, vêem à tona e revelam-se como são, não como é politicamente correcto.

                      Estão preparados? Estão preparadas? Então carreguem no play  da música aqui em cima e avancem sem medos, que o dia de Teresa não está fácil... 

                         _________________ ***** _________________


                      "Tem inimigos? Óptimo. Isso significa que defendeu algo, alguma vez na sua vida.

                            Winston Churchill


          O pai não a reconheceu... ela pode ter Alzheimer... amanhã é a reunião com aquele monstro! Que mais poderá acontecer?? E se ela também tiver a doença? Nunca tinha pensado na possibilidade de perder todas as suas memórias...

        Teresa deambula pelas ruas da cidade sem prestar atenção a nada em particular. Segue apenas sem rumo, com o piloto automático ligado. Na sua cabeça os pensamentos voam e ela deixa-se levar pelo desespero de pensar que um dia ela pode estar na mesma situação...

          Isso seria assim tão mau? Não se recordar de nada? Ela tem assim tão boas memórias a preservar? Por que raio... Os pensamentos param quando Teresa sente que algo está errado. Acelera o passo e ouve os passos atrás de si acelerar também. Um arrepio percorre-lhe a espinha e sente-se alerta. Pensa Teresa, pensa... desacelera tentando acalmar-se. 

        Provavelmente é alguém que está com pressa, estás a imaginar coisas... os passos atrás de si abrandam igualmente. Teresa procura uma montra onde possa visualizar quem a segue, mas a rua é composta de velhos edifícios quase sem janelas. Uma rua estreita, sem montras e está praticamente de noite... "Muito bem Teresa, a menina é um poço de inteligência". Quase conseguia ouvir a voz da mãe e ver o seu olhar desdenhoso. 

         Isso Teresa, boa, continua a pensar assim que vais encontrar uma solução para o problema já já! E se olhasse para trás? Afinal, se estiver alguém a seguir-me tenho tempo para reagir. Ela decide olhar para trás e não vê ninguém. Boa! Era alguém que virou naquela ruela lá atrás... mas o seu sentido de alerta continua a latejar e a sua respiração continua tão acelerada como antes. Acelera o passo mais uma vez e ouve passos mais acelerados ainda atrás de si. Tenta iniciar um passo de corrida mas os saltos agulha não lhe permitem mais que um passo acelerado até que torce um pé e tem apenas tempo para lançar uma mão à parede mais próxima e deixar-se cair para cima dela em pânico. Credo! Mas este dia ainda pode piorar mais?

       - Anda cá cabra! - duas mãos como garras agarram-lhe os braços e puxam-na para cima encurralando o seu corpo na parede. - que andas a fazer aqui minha linda? - o bafo a álcool é nauseabundo e Teresa ensaia um vómito. As mãos percorrem-lhe os lados do peito e das pernas e ela sente um arrepio de nojo e medo, nunca olhando para o seu atacante. - uma boneca como tu não devia andar nestas ruas sozinha, muito menos a esta hora - a língua do homem cola-se ao seu pescoço e o arfar dele provocam-lhe vómitos que ela quase não consegue controlar. - estás mortinha por que te foda, não é minha cabra? Olha pra ti, mal consegues controlar a vontade...

      - Solte-me! - a voz sai tão fraca que mal se ouve e o homem dá uma gargalhada que faz Teresa arrepiar-se e o pânico toma conta dela. Tenta controlar as lágrimas mas aquelas mãos e o corpo dele a mover-se contra o dela magoando-a não a deixam pensar. As lágrimas soltam-se dos olhos e correm livremente pelo rosto.

Uma vida a tintaOnde histórias criam vida. Descubra agora