Cachecol vermelho

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Desde que Jimin havia tido ciência sobre o namoro entre Jungkook e Taehyung, e, tinha conseguido alterar o seu cargo na corporação de amizades, a relação dos três meninos ficava cada vez melhor.

Jungkook, por sua vez, sentia-se cada vez mais confortável, não só com o namoro e com as novas amizades, mas, principalmente, consigo mesmo, suas emoções e seus pensamentos.

É claro que os ditos ainda lhe atormentavam mais do que empresa de cobrança tentando acertar dividendos, porém, Jungkook estava conseguindo usar as táticas de sua mãe consigo mesmo: às vezes não atendia aos chamados, outras vezes pedia para "ligar" mais tarde, ou ainda avisava que não havia ninguém com aquele nome.

E assim ia conseguindo manter os pensamentos catastróficos sob algum tipo de controle, nem que fosse gastando energia para ignorá-los completamente. Claro que isso era cansativo, mas fora essa nova postura que lhe permitiu aceitar um convite inusitado de Taehyung: irem juntos ao festival local de outono.

Apesar do aceite ser simples, para Jungkook não era, assim como todas as coisas em sua vida, afinal, significava que seria a primeira vez — em meses de namoro — que os dois sairiam sozinhos e como um casal. Seria uma espécie de primeiro encontro e isso lhe deixava borbulhando de ansiedade.

Vários eram os "e se's..." que apareciam em sua cabeça desesperada. "E se alguém os flagrasse?", "E se eles se esquecessem que estavam em público e acabassem demonstrando algum afeto proibido?", "E se alguém desconfiasse que não eram amigos e sim namorados?", "E se Taehyung tivesse o chamado para terminar o namoro?".

Porém, conseguira se desvencilhar de todos esses questionamentos e aceitar o convite. E apenas por isso já se sentia orgulho de si mesmo. Aliás, desde que começara a se relacionar com Taehyung, mesmo que secretamente, já havia dado passos que jamais daria, havia caminhado por estradas sempre temidas e nunca exploradas.

Era grato a Taehyung, que com sua personalidade fácil e liberta, desatava aos poucos todos os nós que jaziam em sua alma há tanto tempo. Nós tão apertados.

E naquele momento, ajeitava sua franja em frente ao espelho. Uma mechinha teimava em ficar junto aos demais fios de cabelo, tirando-lhe do sério. Mas apesar de estar brigando com o montinho de cabelo rebelde, sabia que estava bonito, o que era uma novidade para si: ver beleza no próprio corpo e rosto — mesmo com as espinhas dadas pela puberdade lhe adornando a face.

O casaquinho colegial era quente o suficiente para protegê-lo dos ventos da estação e o jeans surrado novo que havia ganhado de sua mãe combinavam bem com o sneaker preto. Só faltava o chumacinho de cabelo ficar no lugar.

— É mais fácil pentear a franja toda com um pouco de gel no pente, assim deve ficar no lugar — a voz da mãe se fez presente dentro do banheiro, fazendo o olhar do caçula desviar de encontro aos seus — Vai sair? — perguntou enquanto tomava a frente para executar a dica que ela mesma havia dado.

Jungkook confirmou levemente com a cabeça, virando-se de frente para a mãe que começava a ajeitar sua franja. Era incrível como as mães sempre sabiam resolver todos os problemas do mundo.

— Onde vai? — ela perguntou em um tom calmo.

Jungkook, como sempre, não conseguiu responder de pronto, pois os pensamentos lhe encheram a mente, vai que respondesse de uma maneira que revelasse todo o segredo que guardava há meses!

Mães são sábias. Sabem quando vai chover, quando vai fazer frio e quando o Sol vem. Elas também sempre sabem quando uma amizade é boa ou quando a pessoa é falsa. Mães identificam dores e sempre têm algum comprimido que resolve o problema. E fazem ótimas sopas.

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