Capítulo 21 - Eu não conto se você não contar.

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– Júlia, que surpresa – Alex disse realmente surpresa ao se aproximar da mesa da irmã e encontrá-la com sua ex.

– Posso dizer o mesmo – Júlia encarava Emma com curiosidade. A loira não se dignou a cumprimentá-la. – Natasha, podemos ir?

Natasha olhou para a comida intocada em sua frente E lamentou mentalmente. Como se já não bastasse o fracasso do seu plano, ainda teria que ficar sem almoço

– O que vocês estão fazendo aqui? – Alex perguntou para Natasha que a cada segundo sentia aumentar a vontade de se enfiar embaixo da mesa.

– Só colocando o assunto em dia, sis. Mas já acabamos, vamos sim, Júlia.

Sem mais explicações Júlia deixou a mesa enquanto Natasha tentava se comunicar com Alex sem que Emma percebesse, mas a veterinária estava tão confusa com o que acontecia que não conseguia entender os olhares que a irmã lhe dava.

– Eu passo na sua casa para conversarmos mais tarde – Natasha desistiu de tentar fazê-la entender e se apressou a encontrar com Júlia que a esperava na porta do restaurante.

– Quem é essa menina e por que ela começou a aparecer em todos os lugares? – Emma perguntou puxando uma cadeira para Alex e em seguida outra para si. – Uma pessoa do passado – Alex respirou fundo antes de responder. – Nos conhecemos em Brasília.

– Outra das mulheres da Natasha? – Emma perguntou com descaso.

– Não – Alex respondeu assustada com aquela ideia – Júlia nunca esteve com a Natasha.

– Não foi o que pareceu – Emma balançou os ombros.

– Podemos não falar sobre isso? – Alex perguntou sem delicadeza.

Do lado de fora do restaurante Júlia dava pequenos passos em círculos enquanto Natasha tentava acalmá-la.

– Preciso de um drinque – Júlia disse nervosa e disparou a procurar por um bar enquanto Natasha se apressava para conseguir acompanhá-la.

– Você ficou maluca? São duas da tarde, você ainda não almoçou e está nervosa, beber não é uma coisa sensata para se fazer agora.

– Por que ela ainda é capaz de me causar essa maldita sensação? – Júlia parou de uma vez e perguntou para Natasha que se trombou com ela.

– Você guardou isso por muito tempo e agora que a reencontrou não sabe mais como guardar, é normal que se sinta assim – Natasha disse, mas Júlia já não estava ouvindo.

A morena entrou em um supermercado e após escolher uma garrafa de vodka, chamou um táxi e deu o endereço de sua casa para o motorista que atento observava as duas garotas.

Natasha não estava gostando daquilo, tentava convencer Júlia a pensar racionalmente, sentia-se culpada pelo estado da garota. Se não fosse pelo seu plano idiota nada daquilo estaria acontecendo.

Ao chegarem à casa de Júlia, a garota logo tratou de abrir a garrafa e virar alguns goles direto no bico.

– Sua vez – Júlia passou a garrafa para Natasha que aceitou com uma careta. Não queria beber, mas também não queria deixar Júlia nessa sozinha.

Alguns goles depois as duas já estavam ligeiramente bêbadas.

– Eu pensei nela todos os dias, todos os dias, Nat – Júlia disse com a voz arrastada. – Juro que se ela tivesse voltado em qualquer momento eu não pensaria duas vezes antes de perdoá-la por me abandonar daquele jeito.

– Júh, eu te garanto que a Alex sentiu o mesmo. Ela só não voltou para você por orgulho.

– Não minta para mim, Natasha. Alex me deixou e voltou para Emma na primeira oportunidade – Júlia choramingou. – Ela não me amava. Não o suficiente.

– Emma é apenas uma amiga – Natasha deu outro gole na garrafa antes de Júlia a tomar de suas mãos. – Elas não estão juntas.

– Já chega, não quero mais falar da Alex – Júlia soluçou. – Eu sou uma mulher realizada, jogo em um dos melhores times do mundo, todos meus sonhos se tornaram realidade e eu tenho o Paçoca, não preciso de mais nada.– Júlia deu outro gole.

– Eu quase fiquei louca quando vocês adotaram esses cachorros – Natasha relembrou e balançou a cabeça sorrindo.

– Como está o Shoyu?

– Chato como sempre – Natasha revirou os olhos. – Não sei como vocês conseguem conviver com esses hospedeiros de pulgas.

– Você nunca vai crescer? – Júlia gargalhou e jogou uma almofada em Natasha.

– Olha quem fala, você ainda usa essa mochila ridícula da Barbie, quantos anos você tem? Doze? – Natasha se aproximou e puxou a garrafa para si.

– Deixa de ser idiota. Não é porque é rosa que ela é da Barbie. Não te ensinaram a não julgar?

– Eu não estou julgando, você quem começou – Natasha sorriu e Júlia sentiu um frio no estômago.

Ela nunca havia reparado que Natasha fechava os olhos quando sorria, exatamente como Alex.

Constatar aquilo lhe deixara desconfortável.

Desconfortavelmente excitada.

– O que você está fazendo? – Natasha perguntou quando Júlia tirou as almofadas entre elas e se aproximou.

– Eu quero beijar você.

– Não, você não quer – Natasha se afastou.

– Eu quero muito. E sei que você também quer.

– Júlia, você quer beijar a Alex, você está confusa porque nós duas somos iguais.

– Eu quero beijar você. – Júlia repetiu mais uma vez, dessa vez com mais ênfase.

Natasha esfregou o rosto com as duas mãos. Sentia o álcool correndo pelas suas veias.

- Júlia, não.

– Por que não? Pensei que seu lema fosse "faço o que eu quero, não importa o que pensem".

– Eu faço o que eu quero, mas não quero fazer isso com você.

– Eu não conto se você não contar – com um movimento rápido Júlia sentou-se no colo de Natasha e a pressionou contra o sofá.

O céu em seus olhos - Romance Lésbico (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora