- Por que não? Acho que você bateu a cabeça com muita força – Alex olhou para a irmã em busca de vestígios que confirmassem sua teoria.
- Provavelmente sim – Natasha fez uma careta de dor. – Mas não posso ser sua madrinha por outro motivo.
- Você vai falar ou está esperando que eu use nossa ligação especial de gêmeas para descobrir? – Alex perguntou exasperada. – Caso você ainda não tenha percebido eu sou péssima nisso.
- Não posso ser sua madrinha porque serei a madrinha da Júlia – Natasha explicou casualmente. – Ela me pediu quando veio me visitar depois da cirurgia.
- Não acredito que você roubou minha madrinha enquanto eu estava internada – Alex semicerrou os olhos para Júlia. – Foi um golpe muito baixo.
- Desculpa – Júlia deu uma risada descontrolada e balançou os ombros. – Em minha defesa eu achei que ela poderia estar morta, quando a encontrei a primeira coisa que passou pela minha cabeça foi o quanto quero tê-la conosco no nosso casamento.
- Não briguem por mim, meninas. Nada mais justo que ambas que convidem para esse momento, afinal eu sou uma parte essencial e vital no relacionamento de vocês e se não fosse por mim as duas estariam vivendo miseravelmente, cheias de dor, traumas e sofrimento angustiante.
- É possível você ser mais convencida? – Alex balançou a cabeça.
- Me sinto honrada em fazer parte da história das duas e como agradecimento e reconhecimento que tal uma estátua de gelo em minha homenagem na recepção da festa?
- Você deu esse poder a ela quando a convidou, agora é seu dever controlá-la – Alex alarmada disse para Júlia.
- Não faça com que eu me arrependa de ter convidado você – Júlia olhou duro para a cunhada, ciente da possibilidade de ter criado um monstro. – Comporte-se como uma madrinha normal, ou vou te obrigar a usar um vestido.
- Tá legal, sem estátuas e, por favor, sem vestido – Natasha concordou em não fazer grandes exigências. – Mas preciso da ajuda de vocês para uma coisa que não tem nada a ver com ser madrinha.
- Qualquer coisa - Júlia respondeu sem dúvidas e recebeu um olhar preocupado de Alex.
- Quero ir à cerimônia fúnebre em homenagem as vítimas do ataque. Ouvi que estão organizando uma perto da boate.
- Definitivamente não – Alex foi incisiva. – A cidade está em alerta e as autoridades pediram que a população evite aglomerações. Vamos prestar nossas homenagens em um lugar seguro, de preferência quando estivermos bem longe desse país.
- Eu concordo com a Alex, meu Clube foi aconselhado a não fazer nenhuma manifestação em homenagem a Nicole enquanto não soubermos as motivações dos ataques. No momento o ideal é ficarmos em alerta e evitarmos correr qualquer risco.
- E além do mais você está se recuperando de uma cirurgia, ninguém em sã consciência te deixaria sair do hospital.
- Ficar aqui nesse hospital pensando em todas as pessoas que estavam ali dançando minhas músicas e de repente estão mortas vai acabar me enlouquecendo. Preciso fazer alguma coisa por elas, pelas famílias, e também pelas pessoas que sobreviveram.
- Nós vamos fazer, ok? Prometo que vamos pensar em alguma coisa – Alex puxou a irmã que chorava pela primeira vez desde então e a abraçou.
- E você é tão vítima quanto qualquer pessoa que estava naquele lugar – Júlia lembrou. – A melhor coisa que você pode fazer agora é se recuperar.
- Quando vamos para casa? O pai deve estar louco de preocupação – Natasha gemeu se ajeitando na cama enquanto mudava de assunto para controlar o choro. – Queria meu celular para falar com ele.
- Ele está por um fio de surtar de vez – Alex disse tensa. – Mas a Lara e o Tiago estão lá com ele. Essa relação esquisita de vocês é muito útil nessas horas que precisamos da família.
- Nós vamos embora logo – Júlia respondeu. – Vou voltar com vocês, a temporada foi oficialmente cancelada e eu não tenho mais nenhum motivo para ficar aqui.
- Existe alguma chance de ter o contrato renovado para a próxima temporada? – Alex perguntou e sentiu certo temor pela resposta.
- Não da minha parte. Jogar aqui foi um sonho que se tornou um pesadelo pior do que eu poderia prever. Não sei se conseguiria entrar em quadra outra vez aqui sem sentir o peso da dor de ter perdido minha colega de time. Vou sempre levá-la comigo, mas preciso recomeçar bem longe daqui.
- Os clubes no Brasil vão brigar por você – Natasha tentou tranquilizar a cunhada.
- Vão mesmo – Alex concordou. – Seu sonho não acabou, ele só está começando. Você irá muito mais longe, Juh.
- Promete que aconteça o que acontecer, você vai estar comigo?
- Prometo, eu preciso do seu céu em mim, não posso te deixar escapar outra vez.
- Acho que o horário de visitas acabou, vocês podem continuar com esse romantismo brega e fofo do lado de fora do meu quarto – Natasha revirou os olhos.
- Nós vamos, mas voltaremos amanhã. Tente descansar, aproveite a companhia dos seus novos amigos chineses e nem sonhe em sair desse quarto.
Quatro longo dias depois, Natasha recebeu alta e as meninas puderam voltar para casa. A DJ estava tão contente que nem as muitas horas no voo presenciando as infinitas cenas românticas entre Alex e Júlia foram capazes de tirar seu bom humor.
- Se eu não estivesse tão cansada, juro que iria para todas as festas open bar, beberia toda a vodka de São Paulo e só voltaria pra casa no próximo final de semana.
- É bom ver que você está lidando com seus traumas de uma forma saudável – Alex ironizou.
- Saudável é meu sobrenome - Natasha piscou para a irmã.
- Estamos em casa, não consigo acreditar – Júlia andava apertando firme a mão de Alex.
- E por falar em casa, temos uma questão para resolver. Vamos para sua ou para a minha?
- Para sua, é claro. Quero uma refeição decente e não vamos conseguir preparar nada na minha casa.
- Gostei dessa empolgação – Alex fez uma cara safada. – Uma boa refeição é tudo que nós duas precisamos.
- Urhg. Será que vocês podem esperar até que eu esteja longe o suficiente antes de falarem essas coisas em voz alta? – Natasha repreendeu enquanto acenava para o pai que esperava no saguão do aeroporto.
O emocionante reencontro da família foi marcado por lágrimas, abraços e a surpreendente presença de Mariah, que chegara no dia anterior e decidira ficar no país até o casamento da filha.
- Será que esse ano pode ficar ainda mais estranho? - Natasha se questionou baixinho ao ver a mãe a irmã se abraçando.
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O céu em seus olhos - Romance Lésbico (Completo)
RomanceJúlia era uma garota absurdamente comum. Tudo em sua vida a levava para o futuro que ela sonhava desde que era criança: ser uma jogadora de vôlei e passar o resto dos seus dias ao lado do seu namorado. Mas quando uma garota nova chega na escola e me...