Capitulo 1

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- Ah não, eu não acredito nisso! Que trapaceiro.

Joguei meu console com força em cima da cama, afundei meu rosto no travesseiro, o que abafou meu grito carregado de raiva e injustiça.

Tudo que queria pra'quele ano era poder sentir o gosto de enfim poder dizer que venci o trapaceiro do meu maior inimigo da história dos videogames: TheFera. E eu me esforçava pra isso, treinava a fundo e estudava todas as minhas estratégias, tentava não deixar nada passar e ainda sim, apesar de todo meu esforço, TheFera continuava sendo curiosamente imbatível. Porém a meta ainda era a mesma: vencer esse cara.

- O que houve aí? - perguntou Rebecca aparecendo por entre a porta do meu quarto. Ela sorriu de lado, já sabia a resposta - Não vai me dizer que continua em pé de guerra com o adversáriozinho desse jogo bobo?

- Isso é uma questão de honra!

Ela deu de ombros e saiu.

Levantei-me da cama e me arrumei de pressa indo até a cozinha do pequeno apartamento em que moro, e lá estavam Becca e Valentina, ambas tomando café enquanto fofocam sobre quem quer que seja o cara da porta ao lado.

- Ele é um gato! - disse Valentina rindo histérica como uma adolescente entrando na puberdade e tendo seus sentidos a flor da pele - Soube que se mudou ainda nessa semana, quarta-feira se não estou enganada. Mas o que realmente importa é que ele é um gato! Sério, um gato.

- Pixie, viu o cara novo?

- Não.

- Ele é...

- Espera, um gato?

Valentina me deu língua.

- Bom, mas é exatamente isso - confirmou Becca, após uma mordida considerável em um dos biscoitos.

- O que se faz com um cara gato? Levo para um passeio no shopping afim de exibir meu gato super gato, para que as pessoas se perguntem como um cara gato pode ser tão gato em um mundo onde os caras gatos são totalmente escassos?

- Meu Deus, você é um alienígena.

- Eu encaro como um elogio.

...

Assim que cheguei na entrada principal do prédio senti meu celular vibrar no bolso da calça, era uma mensagem de Bia: Celeste, Chiara e eu estamos chegando, super ansiosas a propósito. Aquilo me animou, então andei mais de pressa e acabei esbarrando contra um corpo alto e consideravelmente musculoso, nada tão assustador.

- Opa - ele disse erguendo seus olhos para mim - Uau... - me olhou como se admirasse uma bela pintura, e talvez me deixando levemente constrangida.

- Olha... é... me desculpa, não te vi aí.

- Tudo bem, na verdade é um prazer.

- Um o quê?

- Um prazer.

- Ah... o-ok então - sorri sem graça - E-eu estou um pouco atrasada, na verdade.

Ele sorriu de um jeito estranho, porém fofo, com os olhos fixos em mim, como se analisasse atentamente cada mínimo detalhe do meu rosto, o que também foi estranho.

- Me chamo Luan - estendeu a mão direita a mim, e eu a toquei apertando gentilmente - Sou novato no prédio, moro no 345 - completou, ainda segurando minha mão

- 345 - sussurrei em um devaneio - O cara da porta ao lado...

- Oi?

- O-oi! - soltei nossas mãos em um salto e pisquei os olhos algumas vezes sendo sutilmente sugada pelo meu nervosismo - Hã... Bom, eu tenho que ir agora, mas foi um prazer, Luan - disse já seguindo em frente.

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