Capítulo 5

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Não encontrou o lorde durante o dia.

A tarde teve um chá da tarde com suas amigas mais próximas: Catherine — que morava em uma colônia de empregados, mas estava sendo educada para ser apresentada a sociedade em breve, tinha muita classe e seus pais faziam de tudo para que ela conhecesse um bom pretendente, —Lucy — filha de um conde que morava nas proximidades— e Stephany — filha bastarda de um cobrador de impostos muito conhecido.

Elas se reuniam de vez em quando para compartilhar suas histórias. Era um chá da tarde típico entre jovens. Mas todas estavam muito curiosas a respeito do lorde misterioso que estava alojado na casa de Beatrice.

—Não acredito que o lorde das colinas está morando aqui. —Disse Lucy, extremamente eufórica. —Meu pai soube que ele é tão rico que viaja com uma caravana.

—Ele não está morando aqui. Veio resolver negócios com meu pai. Ele quer se casar comigo em menos de duas semanas.

As moças ficaram mais eufóricas ainda.

—E por que você está com esse muxoxo? É o lorde que mora lá nas colinas! Ele está na sua casa e quer casar com você! —explodiu Catherine, batendo palmas.

—Eu sei que é o sonho de toda moça, mas eu não estou animada com isso. Eu vou me mudar daqui com um rapaz de mal conheço. E não tenho tempo nem de processar essa informação!

—Para de drama! —Disse Stephany, pondo fim a discussão: —Você não conhece ele ainda. Mas vai conhecer. Nunca ouviu falar das colinas onde ele mora?

—Para falar a verdade, eu só sei que essas colinas ficam muito longe daqui. —Confessou Beatrice, comendo um bolinho.

—Oh meu Deus, ela não conhece as colinas! —disseram, quase em coro, as meninas.

—O que tem para conhecer? Deve ser uma casa grande no alto das colinas, no meio do nada.

As três moças ficaram perplexas. Beatrice não estava a par das novidades da sociedade, graças a decadência de seu pai.

—Você não sabe mesmo o que são as colinas? —perguntou Lucy. Beatrice negou com a cabeça e ela continuou: —Ano passado, meu pai recebeu um convite para ir caçar nas colinas. Ele e meu irmão foram. E chegaram tão perplexos que mal podiam descrever o lugar. Eles disseram que os condes e duques foram convidados, para conhecer o novo dono daquelas terras. O lorde Nicholas Castlegreen. Sabe o porquê deste sobrenome? No alto da colina não tem uma casa grande, como as que conhecemos; tem um castelo. Um castelo verde! Sabem do que mais? Dizem até que ele possui um navio! E ele mesmo é o capitão!

—Ohh! —As moças disseram.

—Meu pai disse que tem uma colônia de empregados que servem ao castelo. Muita gente. Ele tem uma plantação de lavandas violetas de frente para o castelo. Por isso são as colinas violeta. Ele é muito rico mesmo, quando sai das colinas anda com uma caravana.

—Eu sei, ele veio com várias carruagens e servos, e guardas.

—Se você se casar com ele, será tudo seu. —Disse Catherine, ansiosa pela amiga.

—Mas ele é tão atrevido. Não imagino sendo casada com ele.

—Mas deveria. Pois ele mora aqui há uns 7 meses. E está procurando uma esposa. E desde que isso virou fofoca, muitas moças estão desesperadas por ele. Meu pai tentou me apresentar a ele mês passado, mas ele nem quis ouvir.

—Oh, Lucy. Eu lamento. —disse Stephany. —Mas a oportunidade veio até a casa de Beatrice, e ela não quer aceitar.

—Meu pai já aceitou. Sem ao menos me consultar. Eu vou me casar com o lorde, querendo ou não.

—Você pode querer. Ouvi rumores que ele é lindo e cavalheiro. —Comentou Catherine. —Não vai ser um sacrifício.

As moças deram risadinhas vergonhosas.

—Eu iria fazer aulas com o mestre Blackwood. Ia ser uma pianista maravilhosa. Vou ter que largar isso para me casar. É um sacrifício.

—Pare de se lamentar. Você vai ter dinheiro para comprar o conservatório todo para você, se casar com ele. —riu Lucy.

—É verdade. —As jovens concordavam.

Beatrice teve outro olhar a respeito do casamento. Se o lorde fosse tão rico quanto todos diziam, ela poderia ter aulas com o pianista que quisesse.

—Você está ansiosa? —perguntou Stephany, levando a conversa para outro lado.

—Quanto a que? —respondeu Beatrice, sem entender.

—Para o casamento, oras. —disse Lucy. —Para o que mais seria?

—O lorde disse que combinou os detalhes com meu pai. Eu não vou me preocupar com nada.

—Não estamos falando disso. Estamos querendo saber se você está preocupada com a noite de núpcias. —Catherine disse, sem rodeios.

Beatrice corou e riu de vergonha.

—Eu não tinha pensado nisso. Até agora.

—Mas é algo que tem que pensar. Até porque você não tem mãe para te ensinar essas coisas. Deveria estar preocupada. —comentou Lucy. —Como será que vai ser?

—Eu não quero pensar nisso, meninas.

—Então nos desculpe. Mas você é a primeira entre nós que vai se casar. Não temos conselhos para te dar.

—Vocês me deixaram preocupadas agora.

—Não se preocupe. Minha irmã pode te dar uns conselhos. Ela se casou faz dois anos, tem um filho e está grávida de novo.

—Verdade! A irmã da Catherine podia vir toma chá da tarde conosco. Ela sabe o que acontece melhor do que todas nós juntas.

—Sei não. Não me sentiria a vontade.

—Então você pode ir para as colinas consumar o casamento com o lorde, sem saber de nada. —Comentou Catherine, fazendo Beatrice gelar. 

—Tudo bem. Sábado que vem podíamos fazer um chá da tarde, para eu me despedir de vocês. E aproveitamos e convidamos a irmã da Catherine.

—Ótima ideia. Então fica combinado.

Aqueles chás da tarde faziam muito bem para Beatrice. Ela ficava a maior parte do dia sozinha ou conversando com as criadas, seu pai era ausente também. Algumas vezes por mês, as amigas que também não tinham muita companhia, se reuniam para conversar.

Daquele dia em diante, as preocupações de Beatrice ficaram maiores. Tinha apenas 17 anos, sua mãe tinha morrido a muito tempo e não tinha uma mulher que a ensinasse das coisas. Quando menstruou pela primeira vez, pensou que estava doente e que morreria. Se não fosse por Molly, teria ficado deitada esperando a morte.

Mas quanto a noite de núpcias e o que se sucederia, não queria que Molly a ensinasse também. Se uma amiga casada lhe explicasse, ia ser muito mais fácil.

O Grande Amor De Um LordeOnde histórias criam vida. Descubra agora