O trabalho da polícia nunca para e naquela fria manhã de inverno não seria diferente. Ainda não eram sete horas quando os peritos Layla Castro e Renato Santos esperavam por sua colega, a investigadora Samara Medina, que havia ido buscar com o chefe deles, César Alves, as informações sobre a próxima investigação. Eles estavam na sala que compartilhavam no prédio da Polícia em Juiz de Fora.
— Desculpa — pediu Samara ao esbarrar em uma ruiva de cabelos curtos que estava no corredor. Ela estava tão submersa na leitura dos papéis que estavam em suas mãos, que não a viu.
A investigadora tomou o elevador e desceu até o 4º andar. Em frente à sala de número 42, levantou a mão, girou a maçaneta e entrou.
— Tudo bem, amiga? — perguntou Layla, estranhando o silêncio da investigadora.
— Eu juro que acabei de ver a agente Scully no prédio...
Layla e Renato trocaram um olhar sem saber se deveriam rir.
— É sério — continuou Samara — o cabelo pelo menos era igual.
Os peritos finalmente resolveram rir.
— Arquivo X é ficção Sam... — Renato pegou os papeis que ela havia trazido.
— Não podemos demorar muito para sair, já começaram a chegar curiosos no local... — a investigadora pegou o casaco que estava sobre sua cadeira.
— Não são nem 7 da manhã! Esse povo daqui não dorme, não? — reclamou Layla amarrando os longos cabelos castanhos em um rabo de cavalo.
Os três saíram da sala e seguiram para o estacionamento do prédio. O local onde ocorrera o crime não era muito longe dali e usando a pista central, exclusiva para ônibus, com o giroflex ligado sem parar nos semáforos vermelhos, não demoraram nem 20 minutos para chegar ao destino.
O campo de futebol ficava num terreno que dava fundos para o cemitério particular da cidade. O corpo de um homem de aproximadamente 50 anos já mostrava os primeiros sinais de decomposição.
— Há quanto tempo ele está ai? — perguntou Layla.
— Pelo menos umas 12 horas a julgar pela temperatura do fígado — informou o legista que estava no local.
— Isso condiz com as moscas da família Sarcophagidae que já chegaram — continuou Layla ao se agachar ao lado do corpo. — Dado o tempo em que o corpo deve estar aqui deveria haver mais moscas, ou talvez até ovos. Mas considerando que é inverno, e que o homem foi morto à noite e esta vestindo muitas roupas, a colonização da carcaça começou há pouco tempo. Quem encontrou o corpo? — perguntou a perita.
— O zelador do campo. Ele chegou hoje de manhã para aparar o gramado e o encontrou.
— Onde ele está agora? — continuou Samara.
— Na delegacia prestando depoimento.
Samara anotava tudo em um caderno de campo que trazia consigo. Nenhuma tecnologia no mundo a fazia abandonar aquele hábito adquirido quando entrou para a polícia dez anos atrás.
Layla e Renato andavam pelo local procurando qualquer evidência, mas aparentemente o campo estava limpo. Eles não se surpreenderam com o fato, pois a ausência de marcas no chão sugeria que não havia acontecido luta antes da morte.
— Posso levar o corpo para o IML?
— Sim. As fotos de identificação já foram tiradas — respondeu Samara. — Você vai fazer a necropsia?
— Não. Estou só fazendo um favor para o doutor Túlio. Meu turno já acabou. Ele está lá esperando o corpo.
— Tudo certo então — Samara ficou atenta ao trabalho dos peritos enquanto ela mesma vistoriava o local à procura de qualquer pista sobre o crime.
Andando por uma trilha em meio a algumas árvores ao lado do campo, Layla se deparou com uma cena que choca mesmo os policiais com muitos anos de serviço.
Em um buraco escavado no barranco pela raiz de uma árvore, o corpo magro de um menino que não deveria ter mais do que oito anos estava jogado no chão.
Seu uniforme de jogador de futebol estava tão ensopado de sangue que a perita não conseguia dizer de qual cor era. A cabeça dele estava dobrada em um ângulo impossível, pois o pescoço tinha um corte tão profundo que quase a separava do corpo.
A postura estática de Layla chamou a atenção de Samara que se aproximou da perita para saber o que estava acontecendo. Mas antes que ela chegasse mais perto, a mulher começou a tirar fotos e pediu que a amiga chamasse os policiais, pois havia encontrado uma nova cena de crime.
Assim que Samara gesticulou com os braços, a equipe que estava ali se aproximou dela.
— Misericórdia! — todos se viraram para olhar quando o policial Alexandre, que havia acabado de chegar à cena, gritou. — Que tipo de monstro faz uma coisa dessas? — perguntou ele baixando o tom de voz, mas sem parecer menos perturbado com o que vira.
O legista, que estava quase indo embora, surgiu correndo. Os policiais deram passagem, e ele se abaixou diante do corpo e fez uma análise inicial — aproximadamente 14 horas. — Revelou depois de alguns minutos.
— Bom, o menino provavelmente morreu devido ao ferimento no pescoço, mas e o homem? — era visível que Alexandre tentava encontrar uma forma de se controlar racionalizando sobre o caso.
— Aparentemente infarto, pelas características do cadáver, mas isso só a necropsia vai poder nos dizer — concluiu o legista se levantando para ir buscar o material necessário para levar o cadáver da criança.
Sem o corpo no local, os dois peritos e a investigadora continuaram em busca de qualquer evidência que ajudasse na elucidação do crime.
— O cabo Alexandre tem um filho pequeno, não tem? — perguntou Renato a um dos policiais que ficara fazendo segurança enquanto eles trabalhavam no local.
— Tem sim... — respondeu o policial. — Mas é o tipo de cena que deixa qualquer um mal...
— Com certeza — concordou Renato.
— E é praticamente impossível esquecer — continuou Samara ao seu lado. — Acho que acabamos por aqui.
— Só um momento... — alguma coisa havia chamado à atenção de Layla na cena.
Quase escondido entre as raízes da árvore, um pedaço de fita de cetim vermelho balançava com a brisa vinda do meio das árvores.
Ela fotografou a evidência e depois com cuidado a retirou de onde estava colocando em um saquinho plástico próprio para o armazenamento.
— Espero que o responsável pelo crime tenha colocado essa fita aqui e não tenha usado luvas! — Layla caminhou para perto dos outros.
— Não quero ser pessimista, mas tenho minhas dúvidas que ela tenha relação com o caso. Parece um resto de uma coroa de flores que algum funcionário do cemitério deixou escapar quando recolhia os restos de um velório.
A possibilidade proposta por Renato era coerente, mas Layla resolveu processar a evidência mesmo assim. Ela apareceria nas fotos da cena do crime e não fazia mal ser catalogada. Na verdade ela precisava constar entre as evidências recolhidas.
A perita sabia que o amigo tinha consciência disso e só estava tentando evitar que ela tivesse esperanças com algo que provavelmente não traria grandes resultados. Sem mais nada o que recolher, Samara dispensou o policial e os três voltaram para o prédio da polícia.
*
Bom, finalmente depois de muito tempo estou publicando a fanfic de CSI que eu tanto anuncio. Nem consigo acreditar nisso. Espero que vocês gostem da história. Se tudo correr conforme planejei, os capítulos serão publicados toda segunda/quarta/sexta. Assim vocês não precisam esperar muito pela continuação! Não esqueçam de votar e comentar!
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Esconde - Esconde
FanfictionO assassinato brutal de uma criança choca os moradores do interior de Minas Gerais. O que os policiais não esperavam é que o rastro do criminoso viesse de tão longe. Trabalhando junto com os peritos do Laboratório Criminal de Las Vegas, Sara Sidle e...