O grupo voltou a se reunir em frente à porta da sala de interrogatório para compartilhar o resultado das análises. A conversa, assim como outras que vinham tendo, foi em inglês, pois dava menos trabalho do que ficar traduzindo o que havia sido dito.
— A digital na mancha de sangue confere com a dele — disse Sara ao ver Grissom. — As encontradas no patinete são dele e do menino encontrado morto.
— Nós desmontamos o brinquedo e encontramos essa navalha dentro dele. Tem amostras de sangue de mais de um doador aqui — Layla levantou o saco plástico transparente onde trazia a evidência.
— Resolveram tudo! — comemorou César. — A arma do crime no carro dele com sangue.
— Aparentemente sim, mas precisamos ir com calma — ponderou Grissom. — Apesar de estar dentro do carro dele, estava muito bem escondida e não encontramos digitais nela.
— A gente pode terminar com o advogado alegando que ele não sabia da existência dessa navalha — continuou Layla. — Mas...
— Mas o que? — César estava impaciente. — Não é hora para ficar fazendo suspense.
— Desculpa — a perita sorriu e continuou. — As amostras de sangue na arma têm colorações diferentes. Certamente foram feitas em épocas distintas e, se estivermos com sorte, uma delas pode inclusive ser do Edward.
César pegou a evidência e analisou contra a luz branca do corredor.
— O problema é conseguir o DNA dele para comparar — Samara apontou para a sala de interrogatório. — Ele vai se recusar a falar com a gente, ainda mais dar amostra do DNA dele, vamos precisar de um mandado. E isso pode demorar um pouco. Precisamos dessas análises o quanto antes.
— Quando o advogado dele vai chegar? — perguntou Renato.
— Hoje à tarde — respondeu César.
— É muito tempo. Precisamos de uma amostra para ser analisada logo para que não dê tempo do advogado livrá-lo das acusações. Não há queixa sobre roubo de patinete, e quanto à arma, além dele poder alegar que tem porte, não podemos prendê-lo aqui por um crime cometido em Las Vegas. Ele teria que ser mandado para lá — continuou Samara.
— O passaporte falso vai nos garantir tempo suficiente, mas quanto mais rápido analisarmos, melhor — ponderou Renato.
— Bom, não perdemos nada pedindo uma amostra — na falta de ideia melhor, Layla resolveu tentar a mais simples.
— Ele não vai querer falar com você — disse César.
— Eu não preciso que ele fale — respondeu ela fechando a porta da sala de interrogatório depois de passar.
Edward ainda estava sentado na cadeira de frente para a mesa e do canto da sala, um policial o vigiava. A perita ficou de frente para ele e cruzou os braços sobre o peito.
— Quando vocês vão me deixar ir embora? — perguntou ele.
— Olha só, você fala! — exclamou a perita em inglês fingindo surpresa.
Os punhos de Edward se fecharam sobre a mesa.
— E respondendo sua pergunta, — continuou ela. — Quando você explicar o que estava fazendo com aquela arma em casa.
— Vou ficar até meu advogado chegar. Eu tenho direito! — respondeu ele em seu idioma nativo antes de dar um soco na mesa que fez o policial andar um passo à frente. Layla acenou para que ele continuasse onde estava.
— Sim, claro — respondeu a perita acenando positivamente com a cabeça. — E enquanto espera, será que você aceitaria uma água ou um café?
— E ai você pega meu DNA na borda do copo? — ele se recostou na cadeira e cruzou os braços da mesma forma que a perita estava.
— Não estava pensando nisso — Layla se esforçou para parecer sincera quando seu plano simples falhou. — Você anda assistindo muita televisão — ela descruzou os braços e sorriu balançando a cabeça em negativa. — Se mudar de ideia, é só chamar.
— Não vou mudar! — ele sorriu vitorioso e Layla saiu da sala antes que perdesse o controle na frente dele.
— Sinto muito... Nada de epitélio dele na borda de um copo — lamentou a perita depois de fechar a porta. — Mas eu não podia deixar de tentar.
— Foi uma boa tentativa, mas temos outro lugar onde talvez consigamos o DNA dele — argumentou Greg apontando para a peruca dentro do saco plástico que Samara segurava.
— Verdade... Por que não pensei nisso antes? — Layla sentiu o rosto arder enquanto sorria envergonhada.
— Resolvida essa questão, vamos às análises — convocou César.
Layla agradeceu mentalmente a ele por ter finalizado a situação.
— Vou ligar para a Mirian e ver se tem como ela fazer isso para nós. Não sei em quantos eles estão agora de manhã no laboratório — Layla tirou o celular do bolso e se afastou.
— César, se não houver problema, eu preciso ir para casa tomar um banho, comer alguma coisa... — reivindicou Renato falando em português.
— Eu vou com você — anunciou Samara no mesmo idioma.
— Sim, podem ir — respondeu César da mesma forma. — Não precisam voltar se não quiserem.
— Vocês não vão esperara conclusão do caso? — perguntou Layla em inglês pegando apenas o final da conversa.
— É sempre o César que finaliza os casos depois que entregamos todas as análises e o relatório — Samara insistiu em português. — Usa a tecla SAP amiga.
— Achei que vocês fossem até o fim... — ela compreendeu passou a falar em português.
— Não acho que isso vá valer alguma promoção imediata, e estamos exaustos — queixou-se a investigadora. — E não diga que você também não está.
— Prefiro continuar ignorando o cansaço.
— Façam o seguinte, — César entrou no meio da conversa. — Vão descansar e eu ligo quando o advogado chegar.
— Eu vou levar essas evidências para o laboratório — Layla pegou a navalha que ainda estava com César e a peruca que Samara segurava. Ambas ainda protegidas dentro de seus plásticos. — Mirian vai fazer os testes para nós.
Em inglês ela tratou de explicar o que estava acontecendo aos peritos de Las Vegas omitindo a parte onde seus amigos queriam dar o caso por encerrado e ir embora.
— Acho que um banho e umas horinhas de descanso cairiam bem agora — Sara esticou os braços sobre a cabeça.
— Não tem como a gente mesmo analisar as amostras? — perguntou Greg.
— Talvez a Mirian aprecie a ajuda extra — Layla sorriu lembrando quando ele disse que trabalhava como especialista em análise de DNA.
Greg sorriu contente em poder ajudar.
O grupo começou a se deslocar pelo prédio em direção ao estacionamento.
— A Miriam é uma amiga minha da faculdade e conseguiu montar o laboratório de análises clínicas logo que terminou o curso com ajuda do pai em parceria com o hospital. Eu trabalhei lá por um tempo até passar no concurso para perita criminal — contou Layla enquanto eles andavam.
Ela falava mais para os peritos de Las Vegas, já que Samara e Renato conheciam toda a história.
— Ela tem acompanhando o caso pelo jornal local e quer ver logo o desfecho.
— Casos que envolvem violência contra criança realmente causam muita comoção e, ainda bem, não são tão comuns aqui na cidade — comentou Renato.
— Por isso mesmo já imagino a quantidade de repórteres que vão estar aqui quando a notícia de que temos um suspeito detido se espalhar — lamentou Samara.
— Nem me fale — concordou Layla.
— A gente se vê daqui a pouco em casa, amiga? — a investigadora e Renato entraram em um carro.
— Talvez — Layla entrou em outro veículo e abriu as portas para Sara, Greg e Grissom entrarem.
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Esconde - Esconde
أدب الهواةO assassinato brutal de uma criança choca os moradores do interior de Minas Gerais. O que os policiais não esperavam é que o rastro do criminoso viesse de tão longe. Trabalhando junto com os peritos do Laboratório Criminal de Las Vegas, Sara Sidle e...