Capítulo 4

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Layla desceu para o subsolo onde ficavam os laboratórios de análise usando as escadas. Eram 5 salas. Depois de passar por uma porta de vidro, ela entrou na primeira sala à esquerda do corredor que possuía uma mesa com dois microscópios e dois computadores, um com impressora simples e outra com scanner, um armário que ocupava uma parede inteira, uma bancada com duas pias e algumas gavetas.

A segunda sala, ao lado da primeira, era uma biblioteca com artigos e revistas científicas e mais um computador com impressora. As salas do lado oposto eram juntas formando um espaço bem maior onde eram feitas as análises balísticas.

No fundo do corredor era o arquivo do prédio com o registro de todos os casos já analisados. Outras evidências como DNA, sangue e substâncias orgânicas e inorgânicas eram levadas a laboratórios credenciados para serem analisadas.

A perita acendeu a luz que iluminou a metade da sala onde ficava a bancada com as pias. Depois de pegar o que precisaria no armário, ela sentou em um dos quatro bancos e começou a trabalhar com a fita vermelha.

Com uma lupa ela procurou por qualquer vestígio grudado nela, mas só havia minúsculas lascas de madeira da raiz da árvore de onde ela a retirara. O próximo passo foi procurar por digitais, e só depois de espalhar o pó sobre a superfície em várias partes sem sucesso, ela identificou uma parcial na beirada da fita, próximo à linha de corte.

Layla pressionou a folha de coleta sobre a digital e o plástico levemente adesivo conseguiu capturá-la. Em seguida ela escaneou a imagem e passou pelo sistema através de um dos computadores.

Com o resultado em mãos, a perita salvou uma cópia da imagem em um pen drive para levar até César e juntar com as outras fotos do caso. Depois de recolher tudo o que havia usado e deixar o laboratório como havia encontrado, ela apagou a luz e se dirigiu até a sala do chefe.

— Mais alguma coisa sobre o caso Layla? — Foi a primeira pergunta depois de autorizar a entrada da perita.

— Você já enviou os arquivos que nós te entregamos César?

— Na verdade não — respondeu ele sentado atrás de sua mesa enquanto lia alguns papéis.

— Por que não? — Layla fechou a porta da sala.

— Eu li e reli o caso e não acho que estejamos lidando com o mesmo criminoso. Só o fato das crianças o terem descrito de forma parecida com o retrato falado que eles têm, não significa que são a mesma pessoa.

— Nem o fato do português de pronúncia ruim chamou a sua atenção? — ela andou até o meio da sala.

César olhou para Layla com os lábios franzidos sem mencionar o fato de quantas pessoas no Brasil mal conseguem falar o próprio idioma esperando que a perita chegasse à mesma conclusão.

— Acho que as crianças saberiam diferenciar uma pronúncia errada de uma esquisita... — ela revirou os olhos e prosseguiu tentando manter a calma. — Você não vai nem ao menos ligar para eles?

— O "assassino dos brinquedos" vem para nosso país, mata uma criança e se esquece de deixar clara sua assinatura...

— Maurício saiu para brincar com amigos com sua bola nova. Nenhum dos meninos ficou com ela e não estava no campo de futebol. Está na página 3 do relatório — Layla cruzou os braços sobre o peito. — Você realmente leu?

— Claro que li, não seja insolente! — César ficou de pé. — E não vou ligar para Las Vegas a menos que você tenha mais alguma coisa a acrescentar.

— Consegui uma digital parcial em uma evidência que recolhi na cena do crime — a perita mostrou o pen drive que carregava. — Não há registro dela em nosso sistema.

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