Capítulo 10

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— Tio Nathalio? O que você está fazendo aqui? — perguntei, olhando nos olhos dele.

— Não mude de assunto, Jonathan. Eu quero que você me explique essa história direito — ele disse e eu contei tudo sobre o diário do papai Maury e sobre o que eu li. Após eu terminar de contar, ele olha para mim.

— Bom, é isso, tio Nathalio. Mas o papai Chuck não pode saber disso pela boca de mais ninguém. Quem deve fazer isso é o pai Maury — expliquei, olhando nos olhos dele.

— Tudo bem, Jonathan, eu guardo segredo. Mas só porque eu gosto muito de você, garoto — ele disse e sorriu pela primeira vez desde que eu contei sobre o diário do papai.

— Bom, agora eu vou pra casa do tio Jeremy. Preciso ver o Gabriel — respindi, me levantando e indo para um ponto de ônibus ali perto.

— Quer carona? Eu estou indo visitar o seu avô, pai do Chuck. Desde que ele comprou a casa dos pais do Maury, ele vive me chamando para ir visitá-lo, mas eu nunca tenho tempo. Agora eu consegui tirar umas férias lá do restaurante e vou visitá-lo — disse, explicando que havia tirado férias do restaurante em que trabalhava como garçom e que estava indo fazer uma visita ao meu avô Mathias.

— Obrigado, tio. Então, já que você vai me dar uma carona, quero contribuir com a gasolina depois — agradeci e ele fechou a cara novamente.

— Jonathan, você é meu sobrinho e eu
não vou aceitar isso. Sabe que eu faço as coisas de coração e não por interesse  — respondeu ele e eu assenti.

— OK. Me desculpe. Só queria ajudar a pagar a gasolina. Mas já que você não quer, vou juntar dinheiro para uma viagem à casa de praia dos meus pais em Miami. Soube que foi lá que os dois tiveram a primeira vez e quero conhecer o lugar — expliquei e fomos para o carro dele.

Alguns minutos depois, estacionamos o carro na frente da casa do vovô Mathias e ele sorriu ao nos ver.

— Jonathan, meu neto. Que surpresa boa! — exclamou meu avô, me abraçando assim que desci do carro e entrei no quintal dele. — EUm aí, Nathalio? Eu estava mesmo esperando a sua visita. Entrem, vamos tomar um cafezinho com um bolo de cenoura com cobertura de chocolate que eu comprei.

— Vovô, eu vou ter que dar uma passada na casa do tio Jeremy depois, tudo bem? — perguntei, depois que entramos na casa.

— Tudo bem, Jonathan. Que tragédia, não é? Um homem tão novo como o Jeremy ficar viúvo cedo — falou ele e eu fiquei triste.

— Não fala assim, vovô. O tio Daniel está vivo e vai voltar para nós — respondi, chateado, enxugando as lágrimas que teimavam em escorrer pelos meus olhos.

— Me desculpa, querido. Não tive a intenção de dizer isso. É que a situação é grave e eu já fui pensando essas coisas. Me desculpe — ele se desculpou e eu o abracei.

Enquanto eu o abraçava, pensei na possibilidade de meu tio Daniel estar morto e afastei isso da minha mente, não queria nem pensar nisso.

— Jonathan, o que aconteceu? — uma voz perguntou e eu abri os olhos e me virei para ver quem era e vi Gabriel e o tio Jeremy olhando pra mim.

E agora? O que eu ia dizer?

— Não aconteceu nada, tio Jeremy. Eu só estou triste porque meu avô Mathias estava me contando uma história triste — respondi, tentando mudar de assunto.

— Ah, OK. Bom, eu e o Gabriel vamos no hospital visitar o Daniel, quer ir com a gente? — Tio Jeremy perguntou, depois de algum tempo.

— Sim, quero. Mas como vocês sabiam que eu estava aqui? — perguntei, olhando para ele.

— Eu vi quando você chegou com o Nathalio — respondeu e eu me despedi do meu avô e do tio Nathalio, indo visitar o Daniel.

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Ao chegarmos ao hospital, tio Jeremy liga para Maury, que ficou feliz ao saber que eu estava com ele e o Gabriel.

— Seu pai está vindo, Jonathan — disse tio Jeremy, desligando o iPhone.

Fiquei pensando se ele já teria contado a verdade para o papai Chuck, porque ele merece saber a verdade.

— Tio Jeremy, posso fazer uma pergunta? — perguntei, enquanto descíamos do carro.

— Tecnicamente você já fez uma pergunta, Jonathan, mas pergunte, menino — respondeu, abrindo um largo sorriso.

— O que você faria se o tio Daniel te traísse? — perguntei, ansioso para saber a resposta.

— Eu não perdoaria. Traição é uma coisa imperdoável que não quero nem pensar em ser traído pelo meu marido —  respondeu e eu temo que meus pais se separem por causa da minha curiosidade em saber sobre o passado do Maury.

— Jeremy! — ouvi a voz do Maury e vi ele entrando no hospital.


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— Como meu irmão está, doutor? — Maury perguntou para o médico assim que fomos até o quarto onde tio Daniel estava internado.

— O Sr. Daniel Martins está apresentando grande melhora em sua recuperação, mas peço que prestem atenção no que vou lhes contar. O Daniel sofreu um traumatismo craniano e vai sofrer de amnésia por alguns meses, o que eu aconselho que ele fique próximo de algum familiar — o homem explicou, deixando papai perplexo.

— Mas essa amnésia tem cura, doutor? — perguntou tio Jeremy para ele.

— Infelizmente não há cura para essa amnésia. Mas há boas chances de cura se vocês, familiares, mostrassem a ele fotos da vida dele antes do acidente — o médico explicou e pude ver um sorriso no canto da boca do meu pai.

Após saírmos do hospital, decido perguntar ao meu pai se ele contou sobre sua traição com o Pierre para o papai Chuck.

— Eu quero mesmo falar com você sobre esse assunto, Jonathan. Eu e seu pai vamos dar um tempo em nosso relacionamento. Ele entendeu que foi antes de me pedir em casamento e que eu estava desesperado para encontrar a cura para o câncer do pai dele que não pensei no que estava fazendo. Não se preocupe, pois eu vou passar algum tempo em Londres, na casa dos avós do Daniel, que deixaram a casa pra ele após a morte deles. Jonathan, quero que você cuide do seu pai enquanto eu estiver fora, ouviu? Espero que ele me perdoe por ter traído ele enquanto éramos namorados. E mais, quando o Daniel acordar, você é quem ficará responsável por mostrar a ele todas as nossas fotos em família — ele respondeu, as lágrimas escorrendo através dos olhos

Fiquei triste por saber que meus pais estavam dando um tempo no relacionamento de anos por algo que eu não devia ter feito.

— Tudo bem, pai, eu te amo. Faça uma boa viagem — disse, enquanto me despedia dele, que iria viajar para Londres ainda essa noite.

— Eu também te amo, meu filho. Eu voltarei mais rápido do que você imagina — respondeu, dando um beijo no topo da minha cabeça.

Ele ligou o carro e partiu para o Aeroporto Internacional de Nova York, que iria levá-lo para Londres, enquanto eu subia para meu lar.

E Se Eu Te Amar? (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora