Não abra a porta

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°Rebecca

A chuva havia parado. Só restava minha expressão atônita, os soluços de Renan, a vela acessa fracamente, e a meia luz amarela vindo do buraco da janela, que se fazia visível. Então aquele era o segredo obscuro de Agatha. A garota gótica e excêntrica, mas que na verdade, escondia um coração de puro sofrimento.
Depois de tudo que eu ouvi, depois de todas as letras que eu consegui engoli... A vida dos dois era dez mil vezes mais pior que a minha. Não havia palavras para expressar a angústia que eu sentia no momento, só de ainda estar nessa casa.
A cada vez que eu pensava, mas meu fígado dava voltas. E a cada soluço que eu ouvia dele, meu estômago ameaçava subir pela a garganta.
O silêncio era constrangedor. Estávamos em uma mistura de tristeza, com sonolência. Afinal, não havíamos voltado para casa, e já estava ficando tarde.

— Tudo o que eu queria, era parar o tempo, voltar, para bem antes... Quando o mundo parecia ser bom para mim. — Renan balbuciou. — Se eu fosse capaz de voltar no tempo... Se...

Renan suspirou, e levantou.

— Já está ficando tarde. Passou rápido. Os pais de vocês devem estar preocupados. — Ele disse, passando o braço nos olhos, com a intenção de secar as lágrimas.

— Ai meu Deus, que horas são? — Arya Perguntou nervosa.

— São exatamente... Quatorze horas em ponto. — Respondeu ele, depois de ter olhado o relógio preso no seu pulso.

— Minha mãe vai me matar. Temos que ir embora agora.

— Calma Arya, nem vimos a Agatha.

— Mas Becca e enquanto ao filme? — Arya lembra e definitivamente devo concordar com a mesma.

— Tem razão... Nem me lembrava mais desse detalhe. Então, daremos só um oi para Agatha e depois iremos, ok?

— Aaah tá bem. Vai lá, eu espero aqui. — Respondeu, virando os olhos.

— Você não vem?

— Melhor não. Doença pode ser contagiosa. — Terminou, saindo.

Eu rio daquilo, e olho para o homem ao meu lado, estávamos à sós.

— Você quer conhecer o resto da casa? — Ele perguntou, apontando para o andar de cima, que eu já podia ver melhor, com a luz alaranjada entrando pelas janelas gastas e quebradas do lugar.
Eu não sabia o que dizer. Não queria parecer insensível, mas também não quero fazer ele pensar "coisas" que eu não quero do fato dele ser homem. E logo agora de eu estar só. Eu abri a boca para dizer não, mas minha cabeça afirmou, dizendo sim.

— Venha Rebecca, não precisa ter medo, eu não mordo. — Ele me chamou com a mão, me fazendo mover minhas pernas.

Seus olhos brilharam, com um misto de ansiedade e desejo. Sorri, compreensiva. Segui ele pela escada, que rangia a cada passo meu. Renan chegou ao topo dos degraus, e parou diante de um pequeno corredor, que dividia duas portas, uma no começo e a outra no fim. Depois de alguns segundo, ele se voltou para mim.

— Este é o meu quarto, ou era agora que estou indo embora. — Disse ele batendo na porta empoeirada ao lado. Um cheiro de mofo me embala. — E aquele lá é o de Agatha. — Completa.

— Ok.

— Bom... Eu vou ter que terminar de empacotar algumas coisas lá embaixo, enquanto isso, fique a vontade. — Ele termina, virando lentamente e votando para o primeiro piso.

— Obrigada. — Agradeci relutante. Subo os restos das escadas, indo direto ao ponto. O quarto de Agatha.

Olhei em volta, a porta escura, com teias de aranha nas bordas. Fiquei em frente a porta, relutante em entrar. E finamente girei a maçaneta, e abri a porta lentamente, resmungando ao seu toque ensurdecedor.

CLOWN - História De Terror - Vol Único (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora