°Renan (1992)
A cidade ficara um verdadeiro caos, destruída. Não havia lógica alguma em viver ali de novo então... Eu rumei para o interior a pé. Só que no meio do caminho a fome e a cede eram minhas maiores preocupações no momento.
Logo mais a frente avistei uma casa.
Com as árvores dolorosamente contorcidas, as folhas marrons e sem vida que balançavam ao vento. O chão negro, rachado em frente a escada, que se erguia friamente até a entrada da casa. Senti meus braços machucados latejar minimamente, me fazendo apertar os lábios, me encolhendo de leve, continuando a olhar mais a casa.
O batente da porta, descascado, com pequenos pregos que saiam de sua borda. O telhado tinha um andar em cima... Que mais parecia um sótão.
A fumaça que saia pela a chaminé indicavam ter alguém vivendo por lá e com a fome apertando não hesitei em bater a porta.
Esperei um pouco, e logo uma mulher por volta dos 30 anos de idade saiu de dentro desarrumada e me olhou confusa ao ver que eu estava com um bebê nos braços.
— Por favor ajude-me. Estou perdido.
— Oh... Meu Deus entre, entre, fofura! — Eu entortei a cara, quando ela me agarrou pelo braço, me puxando pra dentro.
E o que eu vi primeiro foi uma sala pequena e apertada, bem arrumada por sinal, mas cheirava mau, esquisito...
Na parede tinha um retrato de um menino por volta dos seis anos de idade e uma mulher brincando na grama com ele.
A mulher me empurrou com a barriga, me fazendo praticamente pular para o meio da sala. Engoli em seco quando ouvi a porta sendo trancada atrás de mim.
— Então garoto... — Ela berrou no meio da sala, em exagerada voz alegre. — Bem vindo ao meu lar.
— Haham — Digo.
— Agora me diz o que foi que aconteceu?
Respirei fundo, deixando as lágrimas caírem pelo meu rosto.
— Minha família foram mortas.
— Quem matou sua família?
— Os homens armados. — Ela assentiu ter entendido tudo.
— Quantos anos você tem?
— 12.
— É sua irmã? — Ela apontou com os olhos para o bebê.
— Sim. Podemos ficar?
— Claro, olha meu nome é Clarisse.
— O meu é Renan e essa aqui é Agatha.
— Tá com fome? — Eu assentiu envergonhado e ao mesmo tempo feliz por ela ter feito aquela pergunta.
A mulher me virou, quase quebrando meus ombros, continuando:
— Está com sorte, Renan, hoje eu preparei uma deliciosa torta de maçã, gosta?
— Sim — Respondo, erguendo os ombros, sentindo ela me agarrar ainda mais e puxar para um corredor, onde tinha duas portas. Clarisse me lança no fim dele, revelando ser a cozinha.
— Então, espero que goste — Ela tirou a torta do forno, cortou um pedaço e me entregou no prato. — Pode sentar, fique à vontade eu cuido dela.
— Obrigado — Disse puxando a cadeira pra trás, sentando nela e devorando completamente o pedaço da torta.
****
Depois de ter comido mais dois pedaço de torta. Ouvi o choro de Agatha ecoar pela a casa inteira. Eu rapidamente levanto da cadeira feito um louco e corro em direção a sala de estar preocupado.
Suspiro aliviado olhando para Clarisse banhando ela numa bacia pequena e cantando uma canção para a mesma. Ver aquela cena me deixou feliz. Aquela canção me fazia ficar bem.
— A você está aí — Ela disse sorrindo ao notar minha presença na sala. — Então, gostou da torta?
— Estava deliciosa — Respondi.
— Que bom que gostou. Você e sua irmãzinha podem morar aqui se quiser. — Ela disse ensaboando Agatha com sabão.
— É mesmo?
— Claro! Eu moro sozinha aqui a tanto tempo... daí você comeria todas as minhas tortas de maçã quantas vezes quisesse.
— Isso é maravilhoso! Eu ia adorar comer suas tortas.
Ela gargalha alto.
— Sabia que ia gostar. Todos adoram. — Quando ela diz isso, fiquei um pouco intrigado, mas quem?
— Prontinho — Disse enrolando Agatha na toalha, secando-a.
— Você mora aqui quanto tempo?
— A vida toda garoto. Nunca saí daqui.
Assenti.
— Tem filhos?
— Não.
Olhei para o lado de Clarisse. O retrato dela com o menino não estava mais pendurado.
— Hum.
Clarisse percebeu que eu olhava estranhamente para a parede que antes ficava a fotografia. Pediu licença com a cabeça, e foi para dentro com Agatha nos braços.
Ficando apenas eu e meus pensamentos na sala.
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CLOWN - História De Terror - Vol Único (CONCLUÍDO)
KorkuSe você ouvir três batidas na porta, não abra! Me chamo Rebecca Dylan e relato essa infeliz história que aconteceu comigo e com meus amigos. É, parece parte de um filme de terror, mas o que aconteceu foi real e assustador. Meu Deus, nunca vou esquec...