Já estávamos nas férias escolares e daqui a pouco mais um ano se iniciaria. Três longos meses haviam se passado depois do ocorrido na floresta e posso dizer firmemente ter sido a noite mais bizarra e assustadora de toda a minha vida.
Sobre o que aconteceu? Bem, vou tentar explicar:
Algumas horas depois de James ter sumido e o palhaço ter caído no poço, uma ambulância e algumas viaturas chegaram no local.
Fomos levados ao hospital imediatamente. Matt havia levado um tiro, mas a bala já havia saído e não sofreu nenhuma lesão grave. Quanto a Arya, quando o palhaço a chutou, sua perna deslocou, não foi grave, e a mesma ficou surpresa quando descobriu; mas o médico disse que deveria ter sido a adrenalina que a fez ficar imune a dor. Luan havia sofrido ferimentos leves assim como eu, então só recebemos alguns pontos em determinadas áreas cortadas.
Quanto aos policiais, bom, foi meio complicado...
Não, nós não falamos sobre um palhaço assassino que vem atormentando a nossa vida durante meses, até porque se disséssemos isso iriam nos jogar na cadeia ou até em um manicômio por achar que estávamos loucos.
Então resolvemos improvisar. Culpamos o Nicolas, que há duas semanas atrás fez três meses que faleceu. Dissemos que ele havia ficado louco, que havia matado a Helena (o que é verídico), atirado no Matt (o que também é verídico) e nos ameaçou durante meses, tentando nos matar naquele determinado dia.
Como conhecemos a polícia de onde moramos, para não acharem um culpado pelo assassinato de Nicolas, todos nós passamos a mão na arma para ter todas as nossas digitais fazendo assim, não ter nenhum assassino fixo.
Fomos inocentados.
Se a nossa vida voltou ao normal? Não, óbvio que não. É impossível seguir a vida normalmente depois de tudo que passamos. Até hoje tenho pesadelos com aquela maldita noite, ou do palhaço vindo atrás de mim e dos meus amigos.
É um trauma eterno.
As terças feiras desde o ocorrido eu frequento a terapeuta Luanda. Os primeiros dias foram os piores no quesito superação. Não conseguia ficar sozinha em casa, não podia ver alguém fantasiado de palhaço e nem qualquer coisa que me remetesse as lembranças da noite na floresta.
Mas hoje estou estável. Estamos estáveis.
Luan e Matt finalmente ingressaram na faculdade. Matt resolveu fazer publicidade, e Luan resolveu fazer administração.
Quanto a nós dois, bem... estamos nos conhecendo melhor. Resolvemos subir um degrau de cada vez. Todos nós ainda estamos muito abalados com o que aconteceu, estamos quebrados por dentro, então resolvemos poupar algumas coisas, como por exemplo o nosso relacionamento.
Não dá para duas pessoas quebradas se concertarem.
Até hoje Arya tem pesadelos com o tiro que deu no peito de Nicolas, assim como Matt tem pesadelos com a morte de Helena. O mesmo disse que começou a tremer quando viu a quantidade de sangue que saiu do corpo de Helena ao receber o tiro na cabeça, e foi por isso que Matt resolveu desistir da faculdade de medicina.
Quanto a Agatha e o Renan, os dois seguem bem e felizes na Europa. Sei que eles escondem coisas da gente, mas isso não importa mais, sei que vão conseguir resolver em breve. Agatha sempre da conta do recado... De vez em quando mandam cartões postais para mim e para os outros. O meu peito encheu de alegria quando vi o sorriso nos lábios dos dois.
Espero que em algum dia eu volte a sorrir assim também.
Acredito que um dia, pode ser longe ou não, vamos todos estar bem. Afinal, as cicatrizes são eternas, mas as dores não.
Sabe aquele misterioso diário de Agatha ? Pois é, queimei ele. Não tive nenhum interesse em saber o que tinha escrito ali dentro.
No fim de tudo acho que aprendemos bastante coisa. Que acima de tudo a amizade é a coisa mais importante que existe. Na dificuldade e no sufoco permanecemos juntos, tentando se ajudar e ajudar o outro. E é por isso que eu os amo incansavelmente e insaciavelmente.
Sobre o que eu vou cursar na faculdade ano que vem? Bem, eu não faço a menor ideia. Estou deixando a vida levar, e tentando viver um dia de cada vez sem se preocupar com o amanhã.
Só o hoje me interessa.
Fim
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CLOWN - História De Terror - Vol Único (CONCLUÍDO)
HorrorSe você ouvir três batidas na porta, não abra! Me chamo Rebecca Dylan e relato essa infeliz história que aconteceu comigo e com meus amigos. É, parece parte de um filme de terror, mas o que aconteceu foi real e assustador. Meu Deus, nunca vou esquec...