𝐀𝐩𝐩𝐞𝐚𝐫𝐚𝐧𝐜𝐞𝐬 ❥ 𝐋𝐞𝐞 𝐌𝐢𝐧𝐡𝐨

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ㅡ Merda... ㅡ Escutei um resmungo baixo e me levantei da calçada. Minho apareceu no portão com o uniforme amassado e o cabelo todo bagunçando. Suas bochechas estavam vermelhas e ele estava suado, respirando fundo.

ㅡ Minho ㅡ Me aproximei e ele levantou o olhar ㅡ Você... Está bem?

ㅡ O que você acha? ㅡ Perguntou irônico. Ele tinha um machucado no lábio inferior que ainda estava sangrando.

ㅡ Ele fez isso com você?

ㅡ É. Mas não vamos contar pra ninguém, senão eu é que vou me ferrar. ㅡ Respondeu, ajeitando a mochila nos ombros ㅡ O que tá fazendo aqui?

ㅡ Eu fiquei preocupada.

ㅡ Você? Preocupada? Comigo? ㅡ A cada palavra seu tom de voz era mais sarcástico ainda.

ㅡ Para de ser assim. Só queria saber se você ia ficar bem. Você machucou ㅡ Apontei para o próprio lábio e ele passou a manga da camisa pelo canto da boca.

ㅡ É, mas eu estou bem. Me diz que achou alguma coisa.

ㅡ Achei! ㅡ Abri a mochila e tirei de lá as duas fitas.

ㅡ O que é isso?

ㅡ A prova de que o professor foi subornado e mudou os seus testes. ㅡ Ele levantou uma das sobrancelhas, confuso ㅡ No Domingo, o nosso professor veio até a escola à tarde e depois foi embora. Mas então, ele voltou, entrou na sala dos professores e foi mostrar alguns papéis pra um cara no estacionamento. Esse homem deu algum dinheiro pro professor pelos papéis.

ㅡ Ah… Então… Acha que ele veio aqui de tarde preparar as provas e depois voltou pra fazer um gabarito falso com o meu nome?

ㅡ Aham. Nós só precisamos mostrar isso pra diretora e…

ㅡ Acho melhor não ㅡ Alguém tomou as fitas da minha mão, me fazemos levar um susto. Era o professor de Matemática.

ㅡ Professor… ㅡ Falei, sem saber muito bem o que fazer.

ㅡ Sabe, se você fosse esperta, não teria feito isso ㅡ Ele jogou as fitas no chão e pisou em cima delas.

ㅡ Não! ㅡ Pedi, apesar de já ser tarde demais.

ㅡ Por que você tinha que se intrometer nos meus assuntos, garota? ㅡ Ele se aproximou de mim e segurou meu pulso, apertando com força. O mesmo pulso que estava machucado. Talvez eu até tivesse tido tempo para me preocupar com a dor se não fosse o olhar assassino que o mais velho me lançou ㅡ Eu odeio pessoas intrometidas como você, sabia?!

ㅡ Ei! ㅡ  Minho o empurrou, fazendo-o me soltar ㅡ O que te dá o direito de agredir uma aluna?! Você quer ser preso?!

ㅡ Seu idiota! Você podia ter sido o melhor da sua turma sem esforço algum! Por que está ajudando ela?!

Minho olhou para mim, sem ter uma resposta e ficou em silêncio.

ㅡ Vocês dois ㅡ O mais velho levantou a mão, apontando para nós ㅡ Vão ter sérios problemas. Eu os vi entrando na sala de câmeras de segurança, então é melhor se comportarem se não quiserem ficar encrencados. E não se metam mais no que não é da conta de vocês! ㅡ Ele gritou.

Antes de se afastar, chutou as fitas que estavam no chão. Entrou no carro estacionado do outro lado da rua e nem pensou duas vezes antes de dar a partida e sair.

ㅡ Tudo bem? ㅡ Minho perguntou, olhando pra mim ㅡ Ele não machucou você?

Balancei a cabeça em negação.

ㅡ Me… Desculpa por isso. Agora não tem mais como provar que ele estava errado e nós vamos ter problemas.

ㅡ Tudo bem. ㅡ Falei caminhando meio sem rumo.

ㅡ Tem certeza?

ㅡ Todo meu esforço foi jogado fora. Claro que está tudo bem.

ㅡ Ei, me desculpa.

ㅡ Não é sua culpa. Aliás, por que foi me ajudar?

ㅡ Pra provar que eu não colei. Você mesma viu. Foi o professor.

ㅡ Sim, mas quem é o cara que pagou ele? E pra quê ele teria que mudar sua nota? Ah, que confuso.

ㅡ É... Eu meio que... ㅡ Ele começou falando baixinho ㅡ Acho que foi meu hyung que fez isso. Ele disse que se eu fosse mal no último teste da escola ia ter que fazer atividades nas férias pra ganhar o meu diploma do Ensino Médio. E eu não pesso ficar de recuperação agora então como ele já sabia que ia me sair mal... Teve que apelar.

ㅡ Então... O seu manager fez isso?

ㅡ Provavelmente.

ㅡ Mas... Por quê?

ㅡ Depois da minha formatura vamos promover um álbum novo. E aí vai começar as gravações e ensaios fotográficos, eu não vou mais ter tempo pra estudar, literalmente.

ㅡ Ah… Por isso estão esperando a nossa formatura pra estréia?

ㅡ Aham. É tudo minha culpa. Se eu tivesse estudado, nada disso teria acontecido. E agora o Félix não vai poder ganhar aquela bolsa pra faculdade. Eu nem quero isso. E se eu pedir pra Srta. Go deixar ele fazer a prova no meu lugar?

ㅡ Ela não pode. E acho que nem se pudesse, ela deixaria. Você teve uma nota muito boa.

ㅡ Ah…

ㅡ E por que você não estudou pro teste?

ㅡ Bem…  ㅡ Ele passou uma das mãos pelo cabelo, tentando ajeitar os fios bagunçados ㅡ Eu… Não consegui.

ㅡ Como assim?

ㅡ Eu ia estudar pro teste. De verdade. Mas desde que o meu reality acabou, estamos tendo ensaios quase todas as tardes, o meu professor de canto disse que eu estou regredindo e o meu hyung vive no meu pé pra tentar aperfeiçoar as coreografias. Ele diz que eu preciso ser bom nisso, porque se os outros membros sentem dificuldade, sou eu quem tem que ajudar.

ㅡ Deve ser difícil ㅡ Murmurei. Ficamos em silêncio por um tempo e então percebi que ele me acompanharia o caminho todo ㅡ Você... Faz o que no seu grupo?

ㅡ Sou responsável pela dança. A maior parte das coreografias, sou eu quem faço. Não é difícil, é até divertido. Mas naquele dia antes do teste, eu acordei cedo pra aula de canto, tive que participar de uma reunião pra discutirmos sobre o conceito do primeiro álbum e acabei chegando tarde em casa depois do ensaio. Eu tentei estudar de noite mas estava cansado.

ㅡ Por isso você dormiu durante a prova toda…

ㅡ É.

ㅡ Eu estou me sentindo mal agora por ter te julgado. Você na verdade é só uma pessoa ocupada, e não preguiçoso como eu imaginei. Desculpa. ㅡ  Falei me curvando para mostrar respeito.

ㅡ Ei, não ㅡ Ele pôs a mão em meu ombro, me fazendo levantar ㅡ Se alguém te ver assim pode pensar coisas erradas sobre nós.

ㅡ Hum?

ㅡ Não fale formalmente comigo, é estranho. Nós somos colegas de classe, não desconhecidos.

ㅡ Ah… Tá bem. ㅡ Parei de andar quando chegamos em casa.

ㅡ Você mora aqui?

ㅡ Uhum.

ㅡ Ah… É… ㅡ Ele ficou olhando ao redor, procurando algo para dizer.

ㅡ Você quer entrar?

ㅡ Não vou te atrapalhar?

ㅡ Não mesmo.

ㅡ Então sim ㅡ Ele sorriu.

Fomos até a porta e eu a abri, deixando ele entrar primeiro. Minha mãe não estava em casa, mas se imaginasse que ele estava ali comigo, ela iria surtar. Num bom sentido.