Eu estava sentada na cama passando as opções de filme na televisão. Era até como se já tivesse assistido a todos. De repente meu telefone tocou. Era uma chamada em grupo; Félix, Minho e Sunmi. Achei estranho assim do nada, mas atendi e coloquei no viva-voz.
Félix: O que tinha na carta? ㅡ Foi a primeira coisa que ouvi.
ㅡ Ah… É isso que vocês querem saber.
Minho: Para de enrolar e fala logo.
ㅡ Calma, quanta pressa ㅡ Reclamei.
Félix: Diz logo Cho Hee, eu estou curioso.
ㅡ Tudo bem. Meu pai apenas pediu desculpas pela traição e explicou que foi porque não aguentava mais a minha mãe. Mas já era de se esperar... Ele disse que ela não o amava e não queria mais conviver com ela, mas aguentou isso por mim. Mas ele também disse algo estranho.
Sunmi: Como assim estranho?
ㅡ Disse que não tinha muito tempo e tinha a sensação de estar sendo perseguido. A data da carta é três de Outubro. Dois dias antes da morte dele.
Félix: Hum… Muito suspeito. Devíamos levar isso para o promotor do caso?
Minho: Não vai adiantar nada, o caso foi encerrado há muito tempo.
ㅡ É verdade… Acho que não tem muita importância.
Sunmi: Por que encerraram o caso tão rápido?
ㅡ O corpo do meu pai foi encontrado num lago próximo ao bairro Gangnam. Havia um outro corpo não muito distante e tudo indicava que era o assassino. Era um dos funcionários dele, que provavelmente se arrependeu e se suicidou na mesma noite. Não tinham mais o que investigar.
Félix: Mas nunca descobriram o porquê desse cara querer matar o seu pai.
ㅡ Pois é… Na carta dizia que ele não sabia por que estava sendo perseguido, porque não tinha tido desentendimentos com ninguém ㅡ Me levantei da cama, indo até a porta.
Sunmi: Mas e se… E se aquele funcionário queria ficar com algum dinheiro do seu pai e por isso achou que fosse a coisa mais certa a fazer?
Félix: Ou melhor… ㅡ O garoto pareceu ter descoberto algo.
Minho: O quê?
Félix: E se não foi um funcionário, mas sim, uma esposa interesseira?
Minho: Eita…
Sunmi: Sim , faz sentido. Sua mãe pode ter feito isso pensando que ficaria com os bens do seu pai, mas não sabia que já estavam todos no nome de outra pessoa.
Fiquei em silêncio por um tempo tentando raciocinar.
ㅡ Acham que ela seria capaz?
Félix: Sinceramente? Sim, eu acho.
ㅡ Mas… ㅡ No exato momento em que ia falar, minha mãe abriu a porta e me puxou com brutalidade para fora do quarto.
ㅡ Com quem você está falando?! ㅡ Ela gritou.
ㅡ Com ninguém. ㅡ Escondi o celular atrás do corpo e ela me olhou com ira nos olhos.
ㅡ Do que você estava falando?!
ㅡ E-eu só…
ㅡ Você acha que fui eu quem mandei matarem o seu pai?! É isso?!
ㅡ Mãe…
ㅡ Depois de tudo o que eu fiz por você ㅡ Ela me agarrou pelo braço, me puxando para a sala ㅡ Você ainda acha que a culpa de estarmos vivendo assim é minha?! Hein?!
ㅡ Me solta!
Minha mãe segurou meu rosto, me fazendo olhar dentro dos seus olhos.
ㅡ Nunca mais diga uma bobagem dessas ouviu?! Nunca mais! ㅡ Ela me empurrou com força e acabei tropeçando na pequena mesa de centro e caí no chão.
Alguns estilhaços de vidro se esparramaram pelo tapete onde eu apoiei as mãos para evitar que o tombo fosse maior e de imediato senti a dor dos pequenos cortes se fazendo presente. Ela estava passando dos limites.
ㅡ Por que você me trata assim?! ㅡ Perguntei no mesmo tom de voz que ela usava para falar comigo ㅡ O que eu fiz de errado?!
ㅡ Você nasceu!
ㅡ E agora é minha culpa se você não se previne?! Por que tudo tem que ser minha culpa?!
ㅡ Porque se você não tivesse nascido, seu pai não teria me traído e toda aquela fortuna ficaria pra mim depois que ele morreu!
Ela confessou. Não foi uma confissão óbvia, mas era o suficiente.
ㅡ Você fez isso?! Foi você?! ㅡ Me poiei na mesa caída no chão, tentando me levantar ㅡ Meu pai deu a vida dele por você e é isso que você faz?!
ㅡ E o que mais você esperava?! Ele mereceu! Ele estava me traindo!
ㅡ Ele te traiu porque você era interesseira e não o amava! Porque você é uma egoísta que não saber pensar nos outros!
ㅡ Não fale assim comigo, garota! ㅡ Ela se aproximou de mim e levou uma das mãos ao meu pescoço, com a outra, apontou o indicador para mim ㅡ Eu fiquei a minha vida toda trabalhando pra que você estudasse nas melhores escolas e é assim que você me trata?!
ㅡ Você só fez isso porque quer que eu tenha dinheiro, pra poder se aproveitar de mim também, igual fez com o meu pai! ㅡ Respondi, ousando pela primeira vez empurra-la pra que tirasse as mãos de mim ㅡ Eu ainda acreditava que você se importava um pouco comigo, mas você é um monstro! Eu te odeio!
Lhe dei as costas e bati a porta de casa, correndo para seja lá onde fosse, sem me importar com as vezes em que ela gritou meu nome e me ameaçou dizendo que se eu não voltasse, me arrependeria.
Eu estava claramente em choque. Minha mãe havia acabado de confessar que ela mesma mandou que tirassem a vida do meu pai. Isso porque ela era tão fresca que não quis nem cometer o crime com as próprias mãos. Ela era um monstro. E eu não voltaria tão cedo pra casa se ela ainda estivesse lá, não importa onde eu ficasse, não queria nunca mais olhar para aquela mulher, se é que posso chamá-la de mãe. A pessoa que me criou a vida toda me culpando por um crime que na verdade foi ela quem cometeu. Ela devia ter sido punida, não eu.
Pensei em ligar de volta para o Félix, mas nem mesmo conseguia focar a visão na tela do celular por causa das lágrimas. Eu estava chorando como um criança, como das vezes em que minha mãe me trancava no quarto e chegava a me deixar sem comer só pra que eu estudasse. Eu não sabia mais o que sentir por aquela pessoa, ela se tornou uma completa estranha pra mim.
Acabei andando mais do que parecia. Andei muito, até chegar num ponto onde eu parecia perdida. E era exatamente essa a situação. Eu estava perdida, tanto literalmente quando psicológicamente. Perdida.
Eu estava confusa e com muitos pensamentos na cabeça e apenas saí desses devaneios quando senti que havia tropeçado e caído. Numa piscina.
Com a visão ainda um pouco embaçada, fiz um esforço para não me afogar, mas ainda confusa demais pra pensar em como eu fui parar ali.
Então as luzes do fundo se acenderam e alguém abriu a porta.
ㅡ Cho Hee?
ㅡ Ah… Oi. Minho.
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𝐀𝐩𝐩𝐞𝐚𝐫𝐚𝐧𝐜𝐞𝐬 ❥ 𝐋𝐞𝐞 𝐌𝐢𝐧𝐡𝐨
Fiksi PenggemarLee Minho, um garoto rico e popular, acaba arrumando uma encrenca na escola com a melhor aluna da classe, Eun Cho Hee. Ele, um trainee famoso da JYP Entertaiment que passou por um reality show e está apenas aguardando seu debut depois da formatura...