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Quero dedicar esse livro à todos vocês, que me incentivam, apoiam e que acompanham desde o inicio essa história. Vocês são tudo pra mim, obrigadaaaa
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Dois anos depois...

Shawn

Entro na boate, folgando a gravata.
Me sento no banquinho do bar e peço um Whisky com hortelã.
Tive um dia estressante. A empresa está faturando mais do que nunca, mas mesmo assim, eu me sinto quebrado, vazio, incompleto.

Meu celular toca. É a Loren. Desligo ele guardo no bolso.
Suspiro, passando a mão no cabelo.
Bebo, esperando que a bebida possa tirar esse gosto de amargo que insiste em fazer parte da minha vida.

Eu sabia que seria difícil me casar com uma pessoa que eu não amo, mas eu não sabia que seria tão doloroso tudo isso.
No início, até tentamos pelo menos ser amigos, mas não funcionou, claro. Loren sabe que eu tentei mas pensando que ela nunca poderia ser a Isabella, nem de longe.

Então eu a sustento, ela faz o que quer, compra o que quer, e em troca, me deixa em paz. Não era bem assim que eu imaginava minha vida de casado.

Alguém me abraça por trás, acariciando meus braços com as unhas afiadas e respirando no meu pescoço.
"Odeio ver gente infeliz. O que foi, gato? Quem te fez mal?"
Lola ri, se sentando do meu lado.

"Não estou com cabeça pra isso agora, Lola, desculpa."
O sorriso dela logo some. Ela joga o cabelo preto pro lado, de inclinando pra frente. O decote é praticamente esfregado na minha cara, mas eu volto minha atenção para a bebida, terminando num único gole e pedindo mais uma dose.

Lola me observa tranquilamente.
Ela sabe como essa noite vai terminar e eu também: vamos transar.
No início, eu me sentia mal por fazer isso com a Loren, mas agora não.
A mulher que eu amo está vivendo em outro continente, afinal.

"Pensando nela de novo?"
Lola sabe da história. É a única pessoa que sabe de todos os detalhes porque eu sei que não me julgaria.

A conheci duas semanas depois de voltar de viagem, e desde então, ela tem sido a minha companhia nesse lugar.
Não tenho orgulho da vida que escolhi pra mim, mas já é tarde pra voltar atrás.

"Sim."
Ela acaricia meu braço, carinhosa.

"Shawn, quando a gente ficou junto pela primeira vez, foi o nome dela que você disse. Eu até achei que era o da sua esposa, mas não. Dois anos se passaram e você nunca teve curiosidade de procurar por ela? Quem sabe ela ainda te ame e vocês possam ser felizes juntos? Porque você está tudo menos feliz, isso é óbvio."

Suspiro, cansado disso tudo.
Cansado de, depois de tudo o que aconteceu, eu ainda ame a Isabella com a mesma intensidade, com o mesmo fogo.
Desejo ela comigo tanto que chega a me assustar.
Ninguém pode saciar esse desejo. Ninguém além dela mesma.
E é disso que a Lola está falando.

"Não, Lola. Não sei como ela está, mas conheço ela, provavelmente superou, deve até estar com alguém."

A ideia me machuca muito mais do que o que eu gostaria. Eu sou muito egoísta pra conseguir imaginar ela com outro e não ficar com raiva. Na minha cabeça, só eu posso fazer ela feliz, é só comigo que ela vai a loucura, é só o meu nome que ela diz quando está excitada. Mas não é, não mais. O controle que o meu amor por ela tem sobre mim me perturba. Ninguém parece suficiente, não comparado a ela. 

Minha mente viaja de novo para os nossos momentos juntos, me destruindo por dentro, me lembrando que a felicidade estava nas minhas mãos mas eu deixei ela escapar entre os dedos e levar toda a minha sanidade junto. 

Fecho os olhos, tentando manter o controle. Já fazem 2 anos, mas a imagem dela é tão nítida na minha cabeça que parece que ela está na minha frente. Me viro para Lola, torcendo para que, mesmo por alguns minutos, ela possa desligar a minha mente, me livrar dessas memórias que ficam me atormentando. 

Viro o copo. Nem o álcool forte do Whisky me salva.

"Quer ir para outro lugar?"

Lola se aproxima, o hálito aquecendo meu rosto. Os olhos dela brilham. Ela sabe o que eu quero antes que eu precise pedir. Ela acaricia meu rosto, arranhando levemente. E eu a beijo, com intensidade e necessidade. Agarro sua cintura, diminuindo o espaço que nos separa. Ela geme levemente quando aperto sua coxa. 

Sem dizer nada, ela se levanta e pega a minha mão, me puxando para fora da boate, em direção ao meu carro. O ar está frio, fazendo fumacinhas de calor sair da minha boca a cada respiração ofegante. Entramos e eu deixo que ela me distraia com o seu corpo curvilíneo, coberto pelo tecido fino do vestido vermelho, que é retirado rapidamente. Até nisso ela pensa, me enlouquecendo. Tudo com a Lola é simples, carnal, de momento. A procuro quando preciso das suas carícias para esquecer de outras carícias, quando preciso da sua boca para esquecer outra, quando preciso dos seus braços para esquecer outros, cuja dona está longe demais e nunca vai voltar pra mim. 

E eu sei que, enquanto ela estiver viva, metade do meu coração vai ser sempre dela. Independente de onde e com quem estiver. Dois anos não foram o suficiente para tirar ela do meu coração e da minha cabeça, então uma vida toda não vai ser suficiente. Parece que eu estou condenado a viver assim, me apegando as pessoas pra fugir desse sentimento, dessa dor por não estar com ela. 

Acordo com uma dor de cabeça forte.
O sol está batendo na minha cara.
Lola já não está ali. Olho no relógio e são quase 9. Decido ir em casa, tomar um banho, tomar um café rápido e ir para o trabalho.

Quando chego em casa, infelizmente, a Loren está, parendo muito irritada.
"E A REUNIÃO DE HOJE, SHAWN?"

"Loren, você não consegue conversar sem ser histérica? Eu perdi a hora. Além disso, o meu representante vai cuidar pra mim."

Ela está furiosa, e eu estou sem paciência.
"Estava com aquela putinha de novo, não estava?"

"Eu não me meto nos seus assuntos e você não se mete nos meus, não era esse o combinado?"
Pergunto, com paciência. Subo pro quarto, tirando a camisa. Loren vem atrás, me perturbando, como sempre.

"Eu estava falando de não ficar tirando satisfação, e não de ficar tendo amante."
Ela diz, bufando.
Suspiro.

Me viro pra ela.
"Loren, tenho que ir para o trabalho."
Ela puxa meu braço e eu solto, puxando de volta.
Tomo um banho rápido, frio mesmo, pra me acalmar. Loren me tira do sério.
Desço as escadas, abotoando a camisa.a

"Não era assim que eu imaginava ser casada com você. Achei que você, pelo menos, me respeitaria."
Olho pra ela, entredito com a sua ceninha.

"Loren, você casou comigo pra conseguir assumir as empresas da sua família. Você nunca teve intenção de ser feliz comigo, então me desculpe se eu encontrei outra forma de me distrair."

Ela da uma risada.
"Você não presta nenhum pouco, Shawn."

"Não tenho tempo para os seus showzinhos, tenho que ir trabalhar."
Saio pela porta, com raiva.

Loren tem razão.
O que eu estou fazendo com a minha vida? Quando que eu deixei o amor de lado, e aceitei machucar os outros só pra me distrair?
Quando eu deixei de acreditar que ser feliz importa?

Nota da autora:
De vez em quando, eu vou botar músicas na mídia, pra vocês :)

Ruin ~ Shawn MendesOnde histórias criam vida. Descubra agora