96

204 26 27
                                    

Lola (por essa vocês não esperavam, eu sei)

Lola (por essa vocês não esperavam, eu sei)

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Madison Beer as Lola Rodriguez

Tiro os saltos, jogando num canto qualquer do meu apartamento.

Meu celular está tocando. É a Loren. Desligo e jogo na cama. Minha cota de problemas já deu, por uma noite.

Ponho meu pijama e tiro a maquiagem do rosto. Peço comida coreana e me sento na cama, para assistir um filme qualquer na Netflix.

Mas só consigo pensar na minha família, em algum lugar do mundo. Sinto saudade das conversas no telhado com a minha irmã, da minha mãe cantando pela casa, de assistir jogo com o meu pai.

Sinto tanta falta deles que dói, mesmo depois de dois anos. O que acontece é que um grupo da máfia sequestrou a minha família e eu não tenho muitas notícias deles, só sei que estão vivos.

Loren me encontrou no bar, dois anos atrás, quando eu era só uma garçonete, tentando construir sua vida para encontrar a família e destruir qualquer um que se atrevesse a tentar impedi-la.

E me propôs um acordo: caçaria a minha família e, em troca, eu a ajudaria a... Distrair o marido dela. Minha mãe sentiria tanta vergonha de mim, por ter assumido esse papel tão baixo.

"Mija, não te criei para ser submissa aos outros, te criei para lutar por você, para ser uma mulher forte, que não aceita ordens. O que aconteceu com você, mi amor?"
Quase posso ouvir ela falando nisso.

Shawn e eu somos amigos, de certa forma. Eu não vejo a nossa relação só como o meu trabalho, vejo como uma válvula de escape. Desde o início, eu soube que não é de um corpo que ele está atrás, é de um rosto, de uma pessoa que ele ama.

A cena de hoje foi necessária, Loren estava de olho, me rondando como uma águia faminta observando sua presa. Se eu pisar na bola, adeus família, adeus esperança. Adeus tudo.

Ela já deixou isso claro quando Isabella voltou. Ela sabia que ele acabaria me deixando, porque é ela quem ele escolheu. Odeio a ideia de impedir a felicidade das pessoas, agora que eu sei o quanto é ruim não poder ficar com as pessoas que eu amo.

Tem dias que os rostos deles ficam nebulosos na minha mente, não consigo ver os olhos escuros calmos do meu pai, ou os cabelos pretos cacheados e brilhantes da minha mãe, o sorriso com covinha de Mayra, minha irmã. E o desespero me toma, uma agonia tão grande que eu tenho que respirar fundo para não deixar uma crise me tomar.

Ultimamente, tenho tido muitos pesadelos com a minha família, e todos eles terminam do mesmo jeito: eu, sem eles pra sempre, sozinha.

Abro a janela. A lua esta cheia, iluminando a minha kitnet.

Não posso desistir assim, preciso lutar pela minha família até o fim. Ou vou perdê-los, e a ideia me parte o coração. Eles são tudo o que eu tenho, não posso.

Como e deito na cama, ouvindo os carros passando lá fora. É o máximo de ruído que eu ouço todas as noites. Preciso sair, ou vou enlouquecer nesse lugar, pequeno demais para caber eu e a minha solidão.

Me arrumo outra vez e vou para a boate. Essa noite, não espero ele, nem ninguém, diferente do que é de costume. Essa noite, quero beber até esquecer o caminho de casa, porque aí, vou esquecer de tudo isso e a solidão vai ser abafada.

Viro vários shots de tequila. Fico no canto, bebendo sozinha. É bom ficar sozinha nesses momentos. Vejo as pessoas dançando e eu não posso deixar de sentir inveja da normalidade da vida dessas pessoas. Coloco a mão no bolso e meu celular não está, deixei em casa. 

"Oi, princesa."

Viro a cara, ignorando completamente. Hoje, eu to com 0 paciência pra homem. Insistente, ele se aproxima e senta do meu lado, pedindo uma cerveja. Suspiro. Se ele ficar de gracinha, eu vou meter a mão na cara dele. 

"Tem gente que gosta de levar fora atoa."

Eu digo, achando graça. Bom, ele é bonitinho. 

"Quando a recompensa vale a pena, todo mundo gosta de insistir."

Ele é muito charmoso, tem essa coisa de garanhão, com um sorriso irresistível. Por que não?

"Bom, se eu vou ser tratada como recompensa, eu gostaria, pelo menos, de saber como se chama o meu todo mundo."

"Sebastian Yatra, ao seu dispor."
Ele sorri.

Mas tem um brilho nos olhos dele que é estranho, parece em chamas. Tem uma intensidade nos olhos que me deixa alerta. Não acredito nas boas intenções dele, nem um pouco. Mas, por alguma razão, eu interesso a ele.

"Como eu posso te ajudar, Sebastian?"

Ele capta os meus pensamentos, e seu sorriso se torna mais sombrio. Por sorte, depois de ver minha família sendo tirada de mim, não tenho mais medo de nada.

"Fiquei sabendo que você é a amiga da Loren Mendes...E eu estou disposto a te ajudar a se livrar dela, Natalie."
Congelo. Como ele sabe meu verdadeiro nome?

"Você vai matá-la."
Eu sussurro, sentindo uma carga intensa de emoção.

"Não. Ela... Tem uma coisa que me pertence, e eu vou pegar de volta. Mas eu sei que ela também tem uma coisa sua."

"Ela está me ajudando a encontrar a minha família."
Ele me olha, com uma expressão calma.

"Natalie, Loren não está te ajudando a achar a sua família. Ela prendeu a sua família, e está usando isso para te controlar."

Faz sentido. Dois anos e nada dela conseguir libertá-los. Uma mulher cheia de poder e influência como ela já teria encontrado a minha família há muito tempo.

Ela está me usando, mas por quê? Por que eu sou tão importante pra ela, a ponto de prender a minha família só para me manter sob controle? O que eu tenho que a interessa tanto.

Loren Gray sabe o quanto eu sinto falta da minha família, o quanto essa dor me corrói, e os mantêm presos, mesmo assim, me usando e me enganando. Não mais. Nunca mais. Porque agora, eu não parar até destruí-la, até fazê-la sentir a dor que me fez nesses 2 anos.

"Aceito, contanto que eu possa destruí-la."
Brindamos.

"Assim será, querida. Assim será."

Ruin ~ Shawn MendesOnde histórias criam vida. Descubra agora