Coragem, Jimin. Você já enfrentou coisas piores! Eu disse a mim mesmo, parado em frente à casinha, me lembrando do banheiro
químico que usei no último show de rock e, em vão, tentei me convencer de que a casinha não era tão ruim assim. Ela era um centro cirúrgico esterilizado comparada aos banheiros químicos. E eu não podia esperar mais, já estava no limite.Juntei coragem e fechei a porta, amaldiçoado o vizinho macumbeiro por não me mandar para algum lugar que pelo menos tivesse banheiros decentes. Porque ele tinha que ser um bruxo, já que podia fazer um garoto ir para o século passado. Dois séculos passados, na verdade.
Quando eu conseguisse voltar pra casa, precisaria de muita vodca pra me esquecer daquilo, pensei. E, sem dúvida alguma, jamais comeria alface outra vez na vida!
Ainda era cedo, talvez umas sete da manhã, mas a casa toda já estava de pé. Fui para a cozinha procurar por Jungkook novamente ele tinha que comer, não tinha? Eu precisaria da ajuda dele. Mais uma vez.
Encontrei Madalena com a barriga colada ao fogão de lenha, terminando de passar o café num coador de pano que se parecia muito com uma meia suja e encardida.
- Bom dia, senhor. Gostaria de se juntar ao Senhor Jeon e à senhorita Hyuna? Estou indo levar o café. - ela mexia com uma colher o líquido preto dentro da meia.
- Bom dia, Madalena. Eu estava mesmo procurando por ele, mas posso ajudá-la, se quiser. Quer que eu leve alguma coisa?-ofereci, querendo ser prestativo.
Ela pareceu ofendida com minha oferta. Ue!
- De forma alguma, senhor. Isso não é trabalho para um convidado do Senhor Jeon. Meu Deus! O senhor nem deveria estar aqui na cozinha!
Realmente ofendida!
- Tá bem. Entendi. Ninguém mexe na cozinha da Madalena. - brinquei, tentando acalmá-la.
Ela corou e ficou meio abobalhada.
- Não, senhor. Não é isso. Mas os trabalhos da cozinha são tarefas dos criados. E a senhor não é um criado. - ela piscava rapidamente, seu rosto escarlate.
Eu rir. Ela é um pouco fofa!
- Ah! Tudo bem, Madalena. Eu só estava brincando. Não se preocupe. Eu não sei nem fritar um ovo! - eu sobrevivia graças aos congelados e meu micro-ondas. - Eu vou até a sala então.
Fui até uma grande bacia -parecida com um ofurô de madeira, só que um pouco menor - e lavei minhas mãos. Passei a mão úmida na calça que tinha usado no dia anterior pra alisar uns amassados, depois deslizei os dedos pelos cabelos e fui pra sala. Não que eu quisesse impressionar alguém, mas sabia que Soo Hyun estaria pronta para me analisar. E ela não perderia a oportunidade de me irritar.
- Bom dia. - saudei assim que entrei na sala.
- Bom dia, senhor Jimin. - disse Jungkook, se levantando e fazendo uma reverência. -Como está hoje?
- Bem, obrigado. - olhei em volta e não encontrei as duas garotas. - Onde está sua irmã? Pensei que todos estivessem acordados.
- Ela e a senhorita SooHyun acabaram de sair. O Senhor e a Senhora Kwon vieram buscá-las para a missa. - ele sorriu. - Hoje é domingo.
- Ah! - até no meu tempo domingo era dia de ir à Igreja. Isso não mudou com o passar dos anos. - E você, não vai à igreja? - perguntei, imaginando se ele era pagão ou coisa assim. Se bem que não conhecia muitos homens que fossem à igreja sem serem arrastados por suas mulheres, namoradas, mães, casos ou coisa do tipo. Eu por exemplo, não ia.
- É claro que vou, mas como o senhor ainda estava dormindo, pensei que seria melhor ficar em casa hoje, para o caso de precisar de alguma coisa. - ele me fitou e um sorriso meio irônico apareceu em seus lábios. - Creio que ajudar os necessitados será mais bem visto perante os olhos de Deus do que ficar sentado em um banco por quase toda a manhã.
VOCÊ ESTÁ LENDO
ESPELHO // Jikook Version
Fanfiction[{CONCLUÍDA}] Desde pequeno, Park Jimin odiava a palavra casamento, e achava amor algo desnecessário para sua vida. Mas ao ganhar um apartamento do seu melhor amigo e chefe, ele não imaginava que um espelho velho e sujo, o levaria para duzentos anos...