A primeira coisa que vi quando abri os olhos foi o teto branco. Um bip constante perto de minha cabeça me acordou. Olhei em volta e percebi que estava num quarto de hospital. Como foi que eu vim parar aqui?
- Jimin? - uma voz suave perguntou.
Virei-me para o outro lado e o vi sentado numa cadeira ao lado da cama.- Taehyung? O que estou fazendo aqui? - perguntei ainda confuso. Quando consegui focalizar seus olhos, a memória me invadiu. - Taehyung! - gritei me atirando em seus braços surpresos. Eu o abracei com tanta força que poderia ter quebrado uma costela. Meus olhos arderam e senti as lágrimas descerem por meu rosto. - Senti tanto a sua falta! Você não pode imaginar a confusão em que me meti!
- Posso imaginar, sim! Pode me explicar onde estava todos esses dias e porque estava usando aquela roupa? E porque deu piti no apartamento de outra pessoa? A sorte foi que o Yoongi viu te colocarem na ambulância e me ligou avisando. - suspirou - Ele está lá baixo resolvendo toda papelada. Por falar nisso, cadê seus documentos?
O Yoongi estava ali também?
Eu o soltei para poder ver seu rosto.
- O que aconteceu? - perguntou, parecendo preocupado. Endireitei-me na cama.
- Taehyung, é uma história muito longa e eu prometo que vou te contar. Mas só depois que eu sair daqui, está bem?
Sua testa se enrugou.
- Por quê? - perguntou desconfiado.
- Porque é uma história complicada e meio... Doida. Você pode querer não me tirar daqui. - tinha aprendido minha lição.- Claro que não vou te deixar aqui! E nós temos tempo. Você não vai sair do hospital antes que o médico o libere. Então, vê se desembucha logo! - seu tom duro e, ao mesmo, tempo preocupado.
- Taehyung, eu estou bem... - Mentalmente porque eu sabia que só ficaria bem de verdade se pudesse estar com Jungkook outra vez. - Eu tenho que sair daqui logo. Tenho que procurar uma pessoa.
Suas sobrancelhas se arquearam.- Uma pessoa? - repetiu, a voz baixa e desconfiada.
- Sim. E você vai me ajudar! - afirmei, sem dar a ele a chance de decidir se ajudaria ou não um amigo aparentemente surtado.
- Está bem. - Taehyung falou, cauteloso - Eu te ajudo, depois que você me disser tudo o que está acontecendo.
Suspirei. Encarei Taehyung por um longo tempo, decidindo se contava ou não. Ele era meu irmão em muitos sentidos, merecia saber a verdade depois da preocupação que causei - totalmente sem intenção. E ele não me internaria, eu quase tinha certeza disso.
- Tudo bem, Taehyung. O que eu vou te contar não é uma história fácil de engolir. - ele assentiu, o rosto sério. - Tente manter a mente aberta, tá?
- Está me deixando preocupado, Jimin. Fala de uma vez!
- Lembra-se do dia em que conversamos sobre o espelho e as coisas sobrenaturais que estava acontecendo comigo? - ele afirmou com a cabeça - Começou aí! No sábado, eu cheguei tarde em casa e fui para meu quarto, você sabe que eu não ia suportar mais um dia com aquele maldito espelho piscando a noite toda. - fiz uma careta ao pensar nisso. - Então, quando pensei em ligar para você...
Contei tudo o que aconteceu depois disso e como fui parar no século dezenove. Nesta parte, suas sobrancelhas se arquearam, mas eu não parei. Disse a ele tudo que passei por lá, a casinha, o pé de alface, a carruagem, as pessoas que conheci, as roupas e falei sobre o principal.
Jungkook!
Não pude conter as lágrimas que rolaram continuamente em meu rosto. Falar dele triplicava a dor intensa que eu já sentia. Narrei como acabei me apaixonando por ele sem me dar conta disso, sobre seu bom humor e seus modos educados, a forma carinhosa com que tratava a irmã, como cuidou de mim quando estive doente, a noite mágica que passamos juntos. Precisei de alguns minutos para continuar, a dor que invadiu meu peito me tirou o fôlego. Só consegui soluçar e tremer por um tempo.
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ESPELHO // Jikook Version
Hayran Kurgu[{CONCLUÍDA}] Desde pequeno, Park Jimin odiava a palavra casamento, e achava amor algo desnecessário para sua vida. Mas ao ganhar um apartamento do seu melhor amigo e chefe, ele não imaginava que um espelho velho e sujo, o levaria para duzentos anos...