Capítulo 11- Conversar!

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Acordei cedo outra vez e percebi por quê isso estava se repetindo todas as manhãs desde que cheguei ali. Havia muito barulho. Os malditos pássaros não calavam a boca Eu já estava habituado aos barulhos de pneu freando bruscamente, buzina, o zum-zum-zum das pessoas e todo tipo de som que entrava pela janela do meu apartamento, mas ali, aquele delicado cantarolar dos pássaros acabava me acordando simplesmente por não estar habituado a ele.

Como havia prometido, Jungkook já estava pronto para me levar até a vila quando o encontrei na mesa do café. Fui informado que Hyuna e SooHyun já haviam se levantado e saído. SooHyun tinha ido até sua casa avisar a família sobre assalto. Fiquei com pena dela por um momento. Ela estava realmente assustada e eu sabia bem que não havia motivo algum para isso.

- Como lhe prometi ontem, já estou pronto, mas minha irmã e SooHyun usaram a carruagem, então, se não quiser ir até a vila a cavalo, teremos que esperar que elas retornem.

- Não! Hoseok disse que vai viajar esta tarde, eu tenho que encontrá-lo antes disso! Se você não me deixar cair, não vejo problema.

Ele sorriu.

- Eu jamais o deixaria cair. Estará seguro em meus braços. - Jungkook se curvou e saiu, provavelmente para preparar o cavalo.

Só então percebi que a viagem seria mais íntima que na carruagem. Lembrei-me com clareza de quando nos conhecemos e ele me levou até sua casa em seu cavalo. A proximidade de seu corpo me perturbou muito, e agora eu viveria a mesma experiência, numa viagem mais longa, e entendia um pouco melhor as sensações perturbadoras que Jungkook me causava. Pensei que não seria capaz de voltar a respirar outra vez.

Encontrei Kook na porta da casa com o cavalo marrom claro selado e pronto. Ele me ajudou a subir, mas, ainda assim, fiquei com medo de cair. Jungkook habilmente montou no cavalo e passou um dos braços seguramente em minha cintura. Concentrei-me apenas em respirar e olhar para frente.

Já estávamos na estrada quando ele resolveu falar.

- Creio que não esteja habituado a passeios como este.

- Acertou em cheio.

- Sabe, senhor, estou cada vez mais curioso a seu respeito.

Eu não disse nada, apenas olhava para frente temendo cair de cara no chão.

- Estou fascinado com sua determinação. - ele continuou.

- Determinação. - zombei. - Acho que a palavra certa pra isso é teimosia!

Ele riu, muito próximo do meu pescoço. Estremeci.

- É uma boa palavra, lhe asseguro. - disse ele.

Tentei me distrair dos tremores e arrepios observando a paisagem. De alguma forma, as pequenas montanhas me eram familiares. Eu tinha a impressão de que não havia sido transportado para um lugar diferente, apenas para um tempo diferente. Mas não dava para ter certeza, não sem as favelas e os bairros, as ruas ou os prédios sobre aquelas terras.

Jungkook pareceu muito satisfeito quando me desceu do cavalo ao chegarmos à vila. Quase presunçoso até. Um sorriso teimava em não deixar seus lábios. Não perguntei o motivo, não tinha certeza se gostaria saber o que o deixara tão feliz.

- Aonde pretende ir agora? - ele perguntou.

- Sei lá. Que tal irmos até a pensão? Deve ser o lugar mais provável para encontrá-lo.

Kook assentiu e me ofereceu seu braço. Eu o peguei sem reclamar, sabia que ele insistiria até que eu aceitasse. Partimos em direção a pensão, mas não foi necessário irmos até ela. Hoseok estava na calçada estreita em frente ao boticário, totalmente distraído, observando algo em suas mãos. Quando nos aproximamos mais, na luz fraca da manhã, objeto brilhou como um espelho.

ESPELHO // Jikook VersionOnde histórias criam vida. Descubra agora