Capítulo 23 - Jornada Concluída

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Encontrei-me com Jungkook no estábulo, Storm já estava selado e pronto para o passeio. De repente, minha coragem vacilou. Storm era grande e assustador demais. Vi um sorriso desafiador se espalhar nos lábios de Jungkook. E então, me apoiei em seu ombro e subi colocando um pé no estribo, todo desajeitado. Kook montou com a elegância de quem montava desde os dois anos de idade.

  Storm se comportou como um verdadeiro cavalheiro, trotando suavemente, me deixando mais à vontade depois de alguns minutos, e os braços de Jungkook firmes em minha cintura me mantiveram no lugar.

  - Para onde estamos indo? - perguntei, quando não podia mais ver a casa, apenas mata e árvores.

  - Não sei bem. Por ora, Storm apenas me permite montá-lo, mas ainda é ele quem decide para onde ir.

  Eu ri.

  - Muito útil ter um cavalo que não obedece aos comandos.

  - Foi muito útil na noite de sábado. - ele não sorriu. Não achava engraçado. Alisei a crina de Storm.

  - Valeu pela ajuda, amigão. - sussurrei para o cavalo.  - E obrigado por não ter derrubado Jungkook.

  Dessa vez, Jungkook riu.

  Depois de um tempo, comecei a reconhecer o caminho, e soube para onde Storm estava me levando. Exatamente para o mesmo lugar onde me encontrou no sábado. Paramos um pouco mais adiante, debaixo da árvore.

  - Acho que aqui é de alguma forma, o nosso lugar. - disse, depois que Jungkook soltou a rédea e Storm saiu trotando feliz.

  - De alguma forma. - concordou.

  Ele apoiou as costas na árvore e eu me sentei ao seu lado.

  - Sabia que gosto muito deste terno? - ele disse, me encarando com um sorriso no rosto. Eu vestia o terno azul escuro que tinha a cicatriz das linhas de Madalena na bainha fechando o buraco que abri quando tentei sair do estábulo há alguns dias atrás.

  - Obrigado. - eu disse, numa mistura de embaraço e prazer.

  Ele tocou minha testa, depois suspirou aliviado.

  - Eu estou bem, Jungkook. Pode parar de se preocupar, por favor? - resmunguei.

  - Desculpe-me, mas não posso! - e me lançou um olhar que implorava compreensão.

  Eu ri.

  Peguei minha bolsa e mostrei a ele as coisas que tinha comigo, algumas delas Jungkook já tinha visto naquele dia em que lhe dei a caneta, mas dessa vez expliquei para o que serviam: as chaves de casa, e o maldito sachê de ketchup! Rasguei a embalagem, coloquei um pouco no dedo e ofereci.

  - Prove. - estiquei o dedo.

  Ele não hesitou. Rapidamente, pegou minha mão e levou meu dedo a boca. Claro que todo meu corpo acordou imediatamente com o contato.

  - Hum! É meio doce e... azedo!

  - É. Fica gostoso em sanduíches e eu amo com batata frita.

  - Ficou gostoso com dedo também. - disse ele, brincalhão.

  Eu ainda ria quando peguei o espelho, as mãos um pouco trêmulas. Era isso que eu queria mostrar a ele mais que qualquer outra coisa.

  - O espelho. - estiquei a mão.

  Ele pegou o objeto. Seu rosto ficou muito sério. Jungkook virou de um lado para o outro muitas vezes nas mãos, analisando cada linha, cada detalhe. Talvez tentando encontrar algo de especial em um simples espelho.

ESPELHO // Jikook VersionOnde histórias criam vida. Descubra agora