Assim que entramos na sala, todas as cabeças se viraram para nos observar. Corei um pouco e procurei por rostos conhecidos. Encontrei Hyuna, com um imenso sorriso, me olhando maravilhada. Estava parecida com uma princesa, tão delicada e encantadora com seu vestido marfim, que realçava ainda mais seus cabelos negros. Também encontrei SooHyun, que não sorriu, mas também não me olhou de forma gélida. Fez um leve aceno com a cabeça e voltou a conversar com uma garota. Diferente de Hyuna, SooHyun gostava de coisas mais extravagantes, e seu vestido dourado e cheio de pedras era extremamente exótico.
- Tá todo mundo olhando pra mim! - cochichei para Jungkook.
- E por que não estariam? Não creio que algum deles já tenha visto um jovem mais belo e encantador tão de perto.
- Pare de brincar, Jungkook! - ralhei baixinho.
- Não estou brincando. - o rosto sério, os olhos traziam o mesmo brilho da noite passada. Meu coração deu um solavanco. Tentei me distrair para não acabar arrastando Jungkook por uma das dezenas de salas vazias.
Observei a sala abarrotada e fiquei desconfortável. Não gostava daquele tipo de reunião social, sempre me sentia excluído. Imaginei que estar num século que não era o meu não tornaria as coisas mais fáceis para mim. Jungkook se esforçou para me deixar à vontade, me conduziu pela sala até onde estava Hyuna e imediatamente me apresentou as pessoas com quem ela conversava animadamente. Tentei guardar alguns dos nomes, parecia importante para Jungkook que seus amigos me conhecessem. Esforcei-me muito para não envergonhá-lo dizendo besteiras e gírias. Por experiência, me limitei a perguntas educadas. Como vai você? Linda noite, não? Na verdade, estava linda apenas dentro de casa, parecia que vinha chuva pesada ainda naquela noite.
A sala imensa estava praticamente vazia de mobília. Sobraram apenas algumas cadeiras, um sofá pequeno e uma mesa grande com muita coisa sobre ela: castiçais, os talheres que ajudei a polir, taças de cristal, pratos e muita comida. Vários tipos de carne assada, batatas e legumes, bolos delicadamente decorados, frutas e pães se espalhavam sobre a mesa. Uma tigela contendo um líquido rosa e pedaços de alguma coisa me chamou a atenção. Descobri mais tarde que se tratava de um ponche, feito com vinho tinto, conhaque e maçã picada. Eu ainda preferia chope, mas o ponche até que era bom.
Uma pequena banda no canto da sala afinava os instrumentos. Conversei um pouco com a família Kwon. A mãe de SunHee não pareceu muito feliz ao me ver. SunHee, contudo, foi mais educada e até elogiou o trabalho de madame Georgette, mas seu rosto estava triste e eu sabia o motivo. Não importava onde ou com quem Jungkook estivesse, ele simplesmente não tirava os olhos de mim. E claro, não fui o único que notou isso. Senti-me mal por SunHee, mas também por mim. Nenhum de nós dois conseguiria o que queria. Ela pertencia àquele século e queria Jungkook, mas não o tinha. Eu tinha Jungkook, mas não pertencia àquele tempo.
Talvez, quando eu fosse embora, ela pudesse consolá-lo. Quem sabe ele não acaba se apaixonando por ela e me esquece pra sempre... Meu coração afundou no peito.
A banda - ou seria pequena orquestra? - começou uma música animada. O violino vibrante contagiou as pessoas, que se puseram em fila, homens de um lado, mulheres de outro. Fiquei olhando com incredulidade, esperando que alguém gritasse: Óia a cobra! É mentira! Mas é claro, ninguém fez isso.
A dança era familiar, meio parecida com a quadrilha que eu conhecia, só que séria, sem brincadeiras. Fiquei observando como homens e mulheres sabiam todos os passos, sem errar nada, como num balé. Imaginei que ensinassem isso no colégio. Vi Hyuna dançando com um carinha a quem fui apresentado mais cedo. Talvez seu nome fosse Hyo-Jong, mas eu não tinha certeza. Ela parecia radiante e o rapaz não tirava os olhos dela.
Uma mão quente e grande tocou meu ombro. Senti um arrepio subir por minhas costas. Eu sabia dizer exatamente quem era o dono daquela mão antes mesmo de me virar.
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ESPELHO // Jikook Version
Fanfic[{CONCLUÍDA}] Desde pequeno, Park Jimin odiava a palavra casamento, e achava amor algo desnecessário para sua vida. Mas ao ganhar um apartamento do seu melhor amigo e chefe, ele não imaginava que um espelho velho e sujo, o levaria para duzentos anos...