Capítulo 17- Se tudo o que eu posso ter...

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- Você está bem, Jimin? - Hyuna perguntou enquanto o cocheiro colocava as caixas dos vestidos e do terno sobre o teto da carruagem.

  - Claro. Por que não estaria? - só porque finalmente me apaixonei perdidamente por uma pessoa incrível, que também estava apaixonada por mim e eu sabia que o magoaria muito em breve sem que eu pudesse fazer nada para impedir isso? Ou por que eu não sabia mais onde era o meu lugar? Porque, quando estava com Jungkook, já me sentia como se estivesse em casa. Isso era motivo para não estar bem? Motivo algum!

  - Você está triste! - constatou. - Nunca o vi assim antes. Será que posso ajudar com alg...
 
  - Hyuna, valeu. Mas eu tô numa boa. É só... sei lá. Eu tô meio ansioso com o baile. - menti.
 
  Ela não se enganou.

  - Foi meu irmão, não foi? Ele fez alguma coisa que o importunou...

  - Hyuna, Jungkook é o cara mais sensacional que eu já conheci. Ele não me importunou. Eu é que fiz tudo errado. - sacudi a cabeça, desamparado.

  - Você?

  - Sim, eu. Baguncei a vida dele!

  - Não é verdade. E eu nunca o vi tão feliz quanto agora!

  - Por enquanto. - sussurrei desamparado. Hyuna não disse nada. SooHyun finalmente se juntou a nós dois, após conversar animadamente com a costureira sobre novo vestido. A viagem de volta foi silenciosa, mas Hyuna me observou o tempo todo, às vezes com curiosidade às vezes com pena.

  Assim que cheguei da vila, fui procurar por Jungkook. Tinha que conversar com ele. Tinha que avisá-lo que não poderia mais aceitar seus beijos, suas carícias e seu afeto, porque eu teria que voltar pra casa. Procurei por toda a casa, me perdendo inúmeras vezes em cômodos até então desconhecidos, mas ele não estava em parte alguma. Madalena não sabia dizer se ele tinha saído ou não. Procurei, então, a única pessoa que eu não queria ver tão cedo.

  Gomes.

  Engolindo a vergonha de ter sido flagrado de forma pouco decorosa com seu patrão, acabei encontrando o senhor de rosto fino e amistoso na sala de jantar, lustrando talheres.

  - Seu Gomes, boa tarde. Quer dizer, já é quase noite. - um sorriso amarelo. - Estou procurando por J... Senhor Jeon. Sabe onde posso encontrá-lo?

  - O patrão foi até a cidade, senhor Jimin. Creio que precisou buscar algo importante para o baile. - seus olhos não me censuravam. Eram amigáveis.

  Remexi nas colheres e facas que ele polia tão minuciosamente. Havia dezenas delas. Talvez centenas.

  - Para sábado? - perguntei, erguendo uma peça.

  - Sim, senhor Jimin. Amanhã será um dia conturbado. Teremos todos os preparativos do banquete e ainda os serviços diários. - ele polia rapidamente, demonstrando toda a experiência que tinha.

  - Eu posso te ajudar. - ofereci.

  - De maneira alguma, senhor, isso é trabalho para os criados. - repreendeu, sem me olhar nos olhos.

   - Ah! Gomes, por favor! Estou nervoso e sem nada para fazer. Madalena só falta cuspir fogo quando chego perto da cozinha. Me deixe ajudá-lo. Se eu estiver atrapalhando, você me manda embora que eu vou quietinho. Por favor! - implorei.

Os olhos ligeiramente enrugados analisaram meu rosto por um tempo. Acreditei que a expressão desesperada que eu devia ter na cara o convenceu, pois, sem dizer nada, ele se levantou e foi até o guarda-louças para pegar outra flanela - ou pelo menos parecia flanela. Observei como ele fazia primeiro, depois tentei copiar os movimentos, mas sem a mesma rapidez. Lustramos os talheres em silêncio por um longo tempo, havia uma pilha imensa esperando polimento.

ESPELHO // Jikook VersionOnde histórias criam vida. Descubra agora