16 anos atrás, fevereiro de 2007.
- Eu irei voltar antes mesmo de você sentir minha falta, Tae. - Ele prometeu de todo seu coração.
- Você pode me prometer? - Taehyung enxugou as lágrimas de seu rosto com as mangas largas de seu casaco.
- É uma promessa. - Jungkook tirou do bolso dois colares que havia encontrado no mercado local essa manhã, cada um com um pequeno pingente de ouroboros como adorno em seu fecho e então entregou a Taehyung. Eram simples, não eram de ouro, nem sequer de prata, mas para Taehyung aquele era o mais bonito de todos. - Nós ficaremos juntos para sempre, docinho.
- Sempre?
- Sempre.
As lágrimas escorriam pelos olhos do rapazinho de cabelos encaracolados, enquanto seu doce sorriso desaparecia e, junto dele, Jungkook também.
Mas Taehyung durante muito tempo tentou ser forte, prometeu pra si mesmo que seria durão, como Jungkook era, mesmo que ele não fizesse ideia de como a saudade poderia te pegar de surpresa e ser cruel às vezes, não sabia que choraria todas as noites depois que ele partisse, porque não tinha como ele saber que agora sem ele sua vida parecia sem sentido. Vazia.
Entretanto, Jungkook também não queria ter partido assim, não sem o seu melhor amigo e confidente, não sem poder se explicar, não quando na verdade queria dizer que não demoraria, mas como poderia? Se nem ele mesmo tinha essa resposta, que por mais que a imagem de deixar Taehyung para trás fosse a última e a mais dolorosa memória que teria para se recordar de alguém que ele tanto amava, ele teria de conviver com a culpa de também ter o abandonado naquele inferno.
Mas tudo havia acontecido rápido demais, até para Jungkook raciocinar de fato, já que na madrugada, antes de Jeon se despedir de Tae, o garoto se lembrava bem de acordar assustado com seu pai entrando pela porta do quarto e com a voz trêmula e suas roupas cheia de terra, dizer: "Precisamos dar o fora daqui." E mesmo que ele perguntasse o porquê de tudo isso estar acontecendo, a resposta era sempre a mesma: "Você não precisa saber". Ele estava com medo, nunca viu seu pai daquela forma, era como se pressentisse que algo de ruim aconteceria, mas o rapazinho rezava para estar errado.
"Aonde vamos?" Jungkook sentado sobre o banco do velho opala perguntou ao seu pai, sentindo a pontada do medo fisgar seu peito. Mas Jungho não respondeu de imediato, seus olhos permaneciam sobre a estrada, petrificados. Mas então, depois de colocar um sorriso em seu rosto, o homem respondeu.
"Para casa do amigo do pai, Yongguk. Vamos ficar bem, eu prometo."
Mas Jungkook sabia que aquilo também era uma mentira.
"Tome isso, filho, uma lembrança de casa." - Ele lhe entregou uma caderneta velha, umas das que Jeon não estava acostumado a ver.
Às 17h39 o presságio de Jungkook veio à tona, um Monza prateado cortou a pista, colidindo em alta velocidade com o opala de seu pai, fazendo Jungho perder totalmente o controle de seu veículo e o carro capotar ribanceira abaixo. Tudo havia acontecido rápido demais, até mesmo para o rapaz assimilar o que havia acontecido, agora tudo parecia sem foco, sua cabeça doía e um zumbido maldito tomava conta dos seus ouvidos, tudo que Jungkook conseguia ver era a imagem dos destroços e a ausência do corpo de seu pai ali.
- Pai..? - Ele choramingou. Na esperança que ele o escutasse.
- Cadê você? - Desesperado e assustado, o rapazinho repetia aquelas palavras incansavelmente, orando para que se existisse mesmo alguma divindade ali no céu que escutasse a sua prece e salvasse seu pai. - Por favor...
Mas de nada adiantou, sua mente doía e o corpo dele também, foi por um milagre que ele havia caído para fora daquele carro, caso contrário também teria desaparecido naquele rio profundo.
A mente de Jungkook apenas desistiu de tentar, afinal já era tarde demais e não havia nada que ele pudesse fazer.
Com o passar dos anos, Jeon pediu ajuda daquele amigo que considerava como um tio, Yongguk, que era policial, mas de nada adiantava então, em maio de 2008, arquivaram o caso de Park Jungho.
Injustiçado e decidido, o garoto tomou uma atitude. Naquele dia, algo dentro de Jungkook surgiu, seria detetive e ajudaria a descobrir quem realmente matou seu pai. E palavras como raiva, ódio ou rancor, não importavam mais, tudo que ele sentia era que a pessoa responsável por isso iria pagar e ele se certificaria de fazê-lo sofrer, de uma forma que desejaria nunca ter o conhecido.
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blue lights | taekook
FanfictionAcaso ou destino? Errado ou certo? Sua lucidez gritava que não, mas sua insanidade sussurava sim. E mesmo assim Jeon resolveu traçar esse caminho. Jungkook prometeu que voltaria e Taehyung sabia que sim, mas não contava que um imprevisto lhe tiraria...