Sebastian
Foi péssimo – para não dizer cruel – como tudo terminou.
Acho que as piores coisas da vida na maior parte das vezes vêm de surpresa. Elas simplesmente aparecem, olham bem na sua cara e dizem: "Aqui estou. Não vou embora tão cedo e vai doer como o inferno. É melhor que você aprenda a lidar com isso."
Já passei por situações ruins o bastante para comprovar minha teoria.
A morte da minha mãe?
Surpresa.
A minha paralisia?
Ninguém estava esperando por aquilo naquele dia em que saí para andar de trenó quando era criança.
Meu término abrupto com Giulia?
Pois é. Não é difícil adivinhar.
Quando a vida está maravilhosa demais, quando as coisas finalmente se encaixam no lugar, tudo muda e você percebe que nada é para sempre. Que o que você pensava ter de repente não está mais lá.
Acho que esse foi o meu maior erro com Giulia.
No fundo eu queria tanto ter alguém, queria tanto me sentir um cara normal, com uma vida normal, que entreguei tudo o que eu tinha para aquela garota ruiva que parecia ser a única além da minha família a não me olhar com pena. Que parecia gostar de mim de verdade e entender tudo o que se passava comigo.
Por tanto tempo achei que era impossível ter um relacionamento assim, que quando ela surgiu, foi como se eu tivesse ganhado na loteria. Como se aquela fosse a chance que eu estava esperando há tanto tempo.
Mas essa é a condição de se apaixonar, certo? É maravilhoso, como andar nas nuvens, mas quando acaba... Bom, quando acaba é como despencar do céu em que estava vivendo e bater com tudo na terra, de volta à realidade.
Por isso, naquele dia em que por acaso a minha fisioterapia acabou mais cedo e eu voltei para o meu quarto no palácio, onde sabia que Giulia estava me esperando – provavelmente ainda na cama, já que ela tinha o hábito de dormir até depois das dez –, eu senti como se boa parte do meu mundo desmoronasse.
A minha cadeira de rodas era silenciosa, por isso ela não ouviu quando cheguei ao quarto.
Ela estava no banheiro e eu já ia chamar seu nome quando ouvi sua voz. Ela parecia estar conversando com alguém ao telefone.
Conforme Giulia falava e eu processava suas palavras, me encolhia, sem entender o que estava acontecendo, apesar de minha mente já trabalhar a todo vapor juntando as peças.
Ela dizia aquelas coisas cruéis enquanto soltava risinhos divertidos, e era como se eu não a conhecesse.
Aquela não podia ser a garota que dizia que me amava. A garota que tinha feito aqueles últimos meses serem os melhores da minha vida.
Mas era ela.
Meu coração machucado só tinha dificuldade de entender o que a minha mente já tinha processado há tempos.
"Certo", lembro de ouvi-la dizer por último. "Não se preocupe. É claro que a gente pode se ver mais tarde. No mesmo lugar?" Uma pausa. "Tome cuidado. Você sabe. Não seja visto." Outra pausa, então ela riu. "Pelo amor de Deus, Rick, Sebastian nunca desconfiaria de nada. Ele está muito feliz achando que alguém finalmente gosta dele. Como se qualquer mulher fosse se satisfazer com tão pouco..." Outro risinho. "Ok. Mais tarde a gente se fala."
Eu fiquei bem quieto. Não conseguia me mexer, a realidade se abatendo sobre mim com o peso de um avalanche.
Então Giulia abriu a porta do banheiro, seus olhos claros se encontraram com os meus e ela gritou, em seguida se debulhando em lágrimas e tentando explicar o inexplicável.
Mas não era como se ela pudesse engolir as palavras de volta.
Quando a pedi para sair, para ir embora do palácio e da minha vida, encontrando forças de não sei onde para me impedir de desmoronar bem na frente dela, Giulia continuou negando e chorando. Mas quando ela viu que eu não cederia, que não engoliria suas mentiras de novo, ela deixou a raiva tomar conta e disse coisas que eu não sei se uma dia vou poder esquecer.
Os meses que se seguiram àquele dia não foram bons para mim. Mas eu merecia aquilo, é claro. Essa é a consequência de depositar boa parte do seu mundo nas mãos de outra pessoa.
Eu tinha colocado fé demais nela. Tinha apostado todas as minhas fichas naquele amor que para ela era só um jogo. E agora eu estava quebrado.
Por dentro e por fora.
Sempre achei impressionante como uma pessoa pode entrar na sua vida e mudar tudo. E também acho impressionante que, quando essa mesma pessoa sai, pode acabar deixando as coisas mais bagunçadas que quando entrou.
Mas eu estava determinado a não deixar mais ninguém entrar. Não que alguém quisesse, é claro. Giulia tinha abalado a minha confiança o suficiente por um longo tempo.
Mas, apesar dos meus esforços, às vezes as coisas não saem como planejado.
Tem gente que entra sem pedir permissão e muda tudo. De novo.
E, talvez, não seja simplesmente o nosso dever saber lidar com isso.
Talvez seja o nosso dever aprender a apreciar isso.
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Bem-vindos à Um Príncipe Para Penelope!
Eu espero muito que vocês gostem desse segundo livro da trilogia! De todos os irmãos, Sebastian é o mais sensível, aquele que eu acho que se parecesse mais comigo, por isso tenho um carinho todo especial por esse irmão do meio.
Me contem aqui se gostaram desse prólogo, o que vocês esperam que vai acontecer e se têm uma ideia de o que aconteceu entre Sebastian e Giulia. Estou super curiosa!
Estou me adaptando de volta com a escrita em primeira pessoa, então perdoem se não ficou muito bom. Rapidinho eu me habituo de novo.
Muitos e muitos beijos e até o próximo capítulo! (Duas semanas se passaram desde Do Alto da Torre e eu já estava morrendo de saudades de dizer isso...)
Ceci.
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Um Príncipe para Penelope, livro 2 - Casa Arthenia
RomanceA vida do príncipe Sebastian Arthenia estava indo bem até ele descobrir as traições da namorada e seu verdadeiro interesse por trás de seu relacionamento com ele. Depois de se sentir amado pela primeira vez por ser quem realmente é e além de sua lim...