Capítulo Três - Sebastian

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Senti meu coração pular no peito e todos os cabelos da minha nuca se iriçarem quando a porta do meu quarto foi praticamente arrombada

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Senti meu coração pular no peito e todos os cabelos da minha nuca se iriçarem quando a porta do meu quarto foi praticamente arrombada.

Eu me virei instantaneamente para a fonte do barulho e senti um misto de irritação e alívio invadir meu peito quando percebi quem tinha sido a causadora do estrondo.

Se eu parasse para pensar, aquela garota de menos de um metro e sessenta era pequena demais para o tamanho do barulho que era capaz de produzir.

"Você não sabe bater?", perguntei a Margot, que já adentrava meu quarto como se fosse a dona do lugar.

"A essa altura, você já deve ter percebido que não", ela respondeu com um pequeno sorriso, erguendo as sobrancelhas para mim em seguida. "Vamos lá, Sebastian, desde quando a gente faz coisas do tipo bater em uma porta quando precisamos falar um com o outro?"

Fiquei alguns segundos em silêncio, porque como na maior parte das vezes ela estava certa.

"Pelo menos eu não quase arranco sua porta das dobradiças quando entro no seu quarto", eu disse, me voltando para minha escrivaninha e tentando esconder despistadamente a folha de papel na qual trabalhava antes de Margot aparecer.

"Ah, mas teve aquela vez que..." Ela parou de falar subitamente. Eu olhei por cima do ombro, apreensivo, e percebi que ela olhava fixamente para as minhas mãos. "O que é isso aí?"

"Isso? Ah, não é nada..." Tentei jogar o papel na gaveta mais próxima, mas antes que pudesse fazer isso Margot se aproximou de mim em três passadas e o arrancou da minha mão, indo para longe.

"Margot!"

Tentei recuperar o desenho, mas ela tinha trapaceado e erguido os braços o mais alto que conseguia, onde sabia que eu não podia alcançar.

Parei de tentar lutar contra ela antes que desse um jeito de cair da cadeira e me esborrachar no chão. Ao invés disso cruzei os braços e desviei o olhar, sentindo minhas bochechas queimarem conforte o silêncio no quarto se estendia.

"Ah, Seb...", eu a ouvi dizer depois de um tempo, olhando para mim com as sobrancelhas ligeiramente franzidas. "Por que você continua desenhando o rosto dela?"

Não respondi. Ao invés disse tirei o desenho das mãos de Margot - que Graças a Deus não lutou por ele daquela vez - e o enfiei sem jeito em uma das gavetas da escrivaninha, onde nem eu nem a minha irmã enxerida poderia ver.

Fiquei encarando o chão do quarto por um tempo, zangado e envergonhado demais para encarar Margot.

Bom, talvez a verdade fosse que eu estava mais irritado comigo mesmo por ter feito aquilo de novo. Por ter colocado as feições de Giulia em um papel, trabalhando nelas por horas a fio.

Será que eu era uma espécie de masoquista? Será que de alguma forma eu gostava da dor que aqueles desenhos traziam?

Quando eu olhava para eles depois de prontos, tudo o que conseguia ver era aquela menina doce e especial que tinha tornado minha vida o mais feliz possível por um tempo. Era como se aquela manhã fatídica onde tudo acabou e eu pela primeira vez a vi de verdade não existisse, nem os meses tristes que se sucederam depois.

Um Príncipe para Penelope, livro 2 - Casa ArtheniaOnde histórias criam vida. Descubra agora