Capítulo Trinta e Três - Penelope

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O TEMPO PARECIA SE ARRASTAR dentro do quarto

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O TEMPO PARECIA SE ARRASTAR dentro do quarto. Eu sabia que ficar confinada naquele espaço me incomodava em algum grau, mas também não era como se eu sentisse uma vontade enorme de sair dali.

Tudo o que tinha acontecido na casa de Amélia Gordon voltava à minha mente de poucos em poucos segundos, e quanto mais eu pensava naquilo mais doente eu parecia ficar.

Sentada junto da janela do quarto, me lembrei pela milésima vez do rancor nos olhos da minha mãe ao me encarar. Como ela podia me desprezar tanto sem nem ao menos me conhecer? Será que eu tinha sido iludida demais por ter esperado um pouquinho de afeição, mesmo depois de tudo que já tinha descoberto sobre ela?

Por mais que aquelas perguntas me deixassem arrasada, eu não conseguia parar de pensar nelas.

Eu me mexi um pouco na poltrona onde estava sentada e lancei um olhar para o meu celular silencioso em cima da cama. Tinha decidido desligar o aparelho depois de explicar a Sam que eu estava bem e que só não queria conversar com ninguém no momento. Meu irmão tinha ficado muito preocupado com o que tinha acontecido e da última vez que nos falamos ele ainda parecia muito confuso. Àquela altura eu já esperava que me pai tivesse explicado tudo a ele.

É o mínimo que ele tem de fazer, pensei naquele momento com amargura.

Eu também não queria pensar no meu pai. Muito menos falar com ele. Embora a minha raiva já tivesse passado – pelo menos boa parte dela, graças à minha natureza pateticamente pacífica – a tristeza e a mágoa machucavam ainda mais.

Meu pai tinha mentido para mim, porque ocultar é com certeza a mesma coisa que mentir. Durante dezoito anos da minha vida, eu nem soube que tinha uma irmã.

Fechei os olhos com força.

Também estava sendo bem difícil deixar Giulia de fora dos meus pensamentos.

Naquele momento ouvi uma batida na porta. Suspirei pensando que devia ser tia Matilde de novo, que de longe era a pessoa mais insistente da face da Terra. Ela queria saber o que estava acontecendo de todo jeito e no dia anterior, quando soltei um seco "pergunte ao meu pai", ela não voltou a me incomodar. Mas pelo jeito a trégua tinha durado bem pouco.

"Já disse que não quero conversar, tia!", gritei, sem nem me levantar da poltrona.

"Sou eu, Penny", uma voz grave disse em resposta, fazendo meu coração tolo disparar.

No mesmo instante me voltei para a porta do quarto, sentindo minhas mãos suarem.

"Sebastian?"

Seu nome saiu como uma prece da minha boca, o que só contribuiu para me deixar envergonhada.

Eu queria estar com raiva dele por não ter me procurado depois que chegamos de Arthenia há dois dias, mas aquilo seria criancice. Margot e Layla deviam ter contado a ele que eu não estava disposta a conversar com ninguém. Além do mais, eu teria de ser uma idiota para não adivinhar como toda aquela situação estava sendo difícil para Sebastian também. Era natural que ele precisasse de certo espaço.

Um Príncipe para Penelope, livro 2 - Casa ArtheniaOnde histórias criam vida. Descubra agora