Segredos e Mentiras

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– Ele te machucou? – Val fala se aproximando enquanto olha meu braço ainda vermelho do aperto.

– Sim, mas não importa.

– Claro que importa. Eu vou...– Diz ele ameaçando sair do quarto.

– Você não vai fazer nada, Val. – Chamá-lo assim soa estranho, mas ao mesmo tempo certo. Não quero mais estar brigada com ele, não gosto de mim quando estou. – Precisamos conversar, mas não é sobre isso.

– Sobre o que então?

– Estou grávida, Val... e é seu.

Falo de uma vez, sei que se pensasse muito não conseguiria dizer nada, não olho para ele. A verdade é que tinha medo da sua reação nossa relação nos últimos meses era estranha, variava entre um total desprezo e raiva.

Encaro o chão e escuto quando ele começa a andar pelo quarto. Rápido demais, ele está nervoso, por minutos Valério não diz nada e começo a entrar em desespero, mas não quero demonstrar isso, pelo menos não ainda.

– Tem certeza? – Seu tom é rude, olho para ele de novo, Val está parado bem na minha frente com as mãos na cabeça. Me sinto terrível de ter que estar passando por isso, tudo o que eu menos preciso é ter que lidar com o humor variável do Valério nesse momento.

– Sobre a gravidez ou ser seu? – Respondo irritada, Valério acha mesmo que eu viria até a ele se não tivesse certeza?

– Os dois... – Meneio a cabeça e as lágrimas voltam, é tudo real demais.

– Fiz um exame de gravidez e deu positivo. – É difícil admitir isso em voz alta, quanto mais repito, mas tenho vontade de sentar nesse chão e só chorar por horas... Me sinto uma idiota...

– E é meu? Você tem certeza?

– Tenho Valério. Só estive com você.

– Nem com o Guzmán ou sei lá o Samuel? – Ele pergunta de novo e isso me irrita profundamente. Por que ele não pode sei lá confiar em mim e acreditar no que estou dizendo? A vontade de se livrar de mim é tão grande assim?

– Você acha mesmo que se fosse de algum deles eu estaria aqui? Honestamente preferia que fosse com certeza seria menos complicado. Vou embora, pensei que te contar fosse ajudar, mas só piorou tudo...– Coloco a mão na maçaneta, mas ele me impede de sair.

– Desculpa, Lu. Eu fui um babaca, como você está? – Valério pergunta enquanto suavemente coloca uma das suas mãos na minha cintura e a outra no meu rosto. Como ele costumava fazer quando ninguém estava olhando.

– É foi... Como você acha que estou? Sei lá... É tudo tão confuso. – Acho que nenhuma resposta minha foi tão honesta. Não tenho ideia do que estou sentindo ou do que fazer a seguir. Ele limpa algumas lágrimas que descem dos meus olhos e fica me olhando por um tempo.

– Senti falta disso... de nós dois. Me perdoa por tudo? Não devia ter duvidado de você, te entregado para o nosso pai hoje ou naquele dia, tenho sido péssimo com você. Você não merecia isso apesar de tudo. – Não esperava que ele trocasse de um assunto e demoro um pouco para conseguir responder. Queria perdoá-lo, mas não consigo, não com tudo isso acontecendo.

– Queria conseguir te perdoar de verdade, mas não consigo. Não agora... não com tanta coisa na minha cabeça. Mas não aguento mais essa distância, senti tanto a sua falta. Promete não se afastar mais?

– Nunca mais, prometo! – O abraço forte e Val começa a fazer carinho no meu cabelo, amava quando ele fazia isso em mim e ele sabe disso. E por mais desesperador que seja tudo me sinto segura e reconfortava de estar ali com ele. Samuel pode ser um amigo incrível, mas nunca vai ser o Valério.

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