– Obrigada, Val. O procedimento é na quinta da semana que vem.
– Estaremos lá com você.
– Obrigada... aos dois, não sei o que seria de mim sem vocês. – Tento sorrir, mas de novo penso naquela menininha, e me vejo chorando de novo.
Só consigo repetir mentalmente que estou fazendo o que é melhor para todo mundo e que nem sempre as escolhas certas são fáceis. Não faz sentido querer ou ter um filho agora diante de tudo e por mais que seja difícil lidar com isso, é o que eu preciso fazer. É o melhor para todos...
Esse dia passa rastejando, não presto atenção em nenhuma das aulas e mesmo sabendo que tenho prova no dia seguinte não estudo. Pela primeira vez em anos o primeiro lugar daquela escola parece algo sem importância e pequeno diante de tudo que tem acontecido na minha vida.
No dia seguinte durante a prova de história não perco o meu tempo me esforçando, respondo qualquer coisa e saio da sala. Valério e Samuel passam todo o dia comigo, evitando que pessoas desagradáveis como Guzmán e Carla se aproximem, e saibam que eles tentaram.
Tento me distrair, pensar em outras coisas, mas aquela menininha não sai da minha cabeça e nem dos meus sonhos. Queria beber, usar alguma coisa para me fazer esquecer de tudo, e no princípio reluto estou grávida, não posso beber, nem usar nada... Mas aí eu me lembro do que decidi fazer e me entrego.
Valério saiu com Samuel para resolver o problema do documento, e me aproveito disso para me embebedar sem ter que ver os olhares de pena dos dois sobre mim. Não aguento mais essa tristeza, essa agonia que não vai embora, só quero esquecer.
Abro uma garrafa de vodka no bar do meu pai, sabendo que ele nunca vai notar, papai sempre preferiu um bom whiskey, não daria falta de uma vodka. E mesmo se desse confesso que não me importo muito com isso agora...
No meu quarto coloco uma das minhas músicas favoritas nas alturas, e bebo da garrafa no gargalo mesmo. Longos goles, geralmente prefiro bebidas mais doces, mas hoje o gosto forte não me incomoda. Danço, bebo e fumo tentando esquecer de tudo e por um tempo funciona.
A alegria me domina, aumento a música, pulo empolgada e mais feliz do que já estive em muito tempo. Continuo bebendo sem parar, cantando e me divertindo, como se tudo que estivesse acontecendo fosse um pesadelo. É como se nessa dormência eu conseguisse abandonar essa parte minha que tanto me apavora.
Não sei que horas são quando eles voltam, estou muito bêbada, acabei de abrir uma garrafa de gin. Mesmo bêbada o olhar dos dois parece preocupado, eles diminuem a música mesmo eu pedindo para eles não fazerem isso.
– Deixa a música tocar, Val... Sexta é dia de festa, cariño...– Ando na sua direção cambaleando e rindo.
– Por favor, Val... – Falo bem próxima dele, tocando com uma das minhas mãos seus cachos.
– Quanto você bebeu, Lu? O pai deve estar chegando do trabalho e se ele te vê assim vai me matar, nos matar...– Samuel parece deslocado parado na porta do meu quarto.
– Não tenho mais medo dele, por que não podemos nos divertir um pouco? Vem Samu, vem cá... – Ele não se mexe e eu saio dos braços do Val para puxar Samuel para dentro do meu quarto.
– Puta merda Lu... – Valério diz depois de um barulho de carro soar próximo.
– Acho que o papai chegou... – Digo rindo, realmente não me importo com o que ele possa fazer.
– Se ele me pega aqui com você nesse estado vai me matar... Samuel pode tomar conta dela? Vou descer e tentar distraí-lo... – Samuel acena, o que me irrita não sou criança para ter babá.
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Subtitulos
FanficDois meses após o fim da segunda temporada, Lucrecia volta a velhos hábitos destrutivos enquanto se afasta de todos. No entanto uma notícia inesperada acaba por uni-la com seus velhos "amigos" novamente.