I Can't Let Go

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– É o único jeito, Val. Amanhã mesmo marco.

– Lu... você não...

– Não fala nada, Val... Por favor, sei o que preciso fazer. – Valério me abraça e ficamos assim por algumas horas, ele me consolando e eu chorando nos braços dele.

Me sinto muito mal com tudo, extremamente angustiada e com muita raiva de tudo o que tem acontecido. Por que tudo tem que dar tão errado comigo?

– Vai ficar tudo bem, Lu! Vamos dar um jeito... Sei que parece que tá tudo desmoronando, mas é só uma fase. As coisas vão melhorar. ­– Val diz para me acalmar, mas só consegue me perturbar ainda mais. Todo mundo ama dizer essas coisas quando, na verdade não tem ideia nenhuma se tudo vai melhorar ou não. E se minha experiência me ensinou algo é que sim as coisas mudam o tempo todo, mas não necessariamente para melhor.

– Quando, Val? To esperando as coisas melhorarem há anos e tudo só piora... Tudo dá errado. – Quero gritar com ele, porém nem forças para isso tenho. A verdade é que por mais que eu queira acreditar que tudo vai passar, é muito difícil quando tudo parece dar errado o tempo todo.

– As coisas têm sido difíceis para mim também, mas tenho tentado ver o lado positivo das coisas. Se não fosse isso tudo não estaríamos juntos agora... O tempo cura tudo, Lu, e dá todas as respostas, às vezes a gente só precisa aguentar um pouco mais até as coisas melhorarem...

– Não sei como você consegue, juro que to tentando, Val, to tentando muito, mas é como se eu não saísse do mesmo lugar. E eu não gosto daqui, detesto sentir tanta raiva o tempo todo, odeio ter que fingir que estou bem, porque a verdade é que ninguém se importa se eu não estiver...

– Eu me importo, Lu... Você sabe disso, né? Te amo, Lu, ainda te amo, e talvez eu vá te amar por toda minha vida. Fiz muita merda e me arrependo de todas elas. E sei que isso...— Fala Val enquanto aponta para nós dois — é impossível, mas não me impede de estar aqui. Ainda dói não poder te esbanjar pra todo mundo, não poder ter esse filho sem acabar com as nossas vidas, mas quero que você saiba que o que você decidir fazer eu estarei lá. A única coisa que você precisa fazer é me dizer. Você não precisa abortar se não quiser, sabe disso, né? Podemos dar um jeito nisso...— Val fala com tanta honestidade que começo a chorar de novo. Um choro de pura agonia e desespero, não tenho mais dúvidas, por mais que não faça sentido nenhum sei que quero ter esse filho, mas mesmo Valério tendo falado todas as palavras certas não é como se algo realmente mudasse. Os fatos seguem os mesmos, não posso fazer isso...

– Não posso, Val... Não posso, queria poder...– Minha voz é quase um sussurro e Val me abraça forte de novo.

Ainda que eu queira tê-lo não tenho condições físicas, psicológicas e financeiras para ter um filho. Fazer essa escolha seria egoísta e imaturo, fechei os olhos antes de dizer o que precisava.

– É o único jeito, Val... – Val tenta dizer mais algumas coisas, mas sigo repetindo a única coisa que tenho certeza: não posso fazer isso. Ele me faz companhia todo o tempo e me convence a ir dormir alegando que me faria bem. Não demoro muito a adormecer.

...

Acordo de madrugada nervosa, Valério segue dormindo do meu lado. O sonho que acabei de ter não saí da minha cabeça, sonhei com Val e com uma menininha que parecia ser nossa filha, ela era linda, tinha meu tom de pele e os cachos do Val. Nós três sorríamos juntos, parecíamos felizes de verdade.

Com medo de acordar o Valério me levanto e sento na frente da janela, fico ali observando a lua e me sentindo culpada queria que as coisas fossem diferentes. Toco a mão na minha barriga, o que não tinha feito até agora, e solto algumas lágrimas solitárias.

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