Capítulo 28

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— Hoje você vai me acompanhar.

— Eu tenho um compromisso, Potter. – Tentou argumentar, sendo puxado pelo punho para fora do castelo. – Você está me machucando...

Ainda haveria uma aula, entretanto James não se importava, puxando o convidado bruscamente pelo conhecido caminho para a casa dos Gritos.

Irritado, Snape queria protestar, revidar, todavia, no fundo, sentia saudades. Sentia a necessidade de conversar. Talvez, quem sabe, ele entendesse seu ponto de vista, não? Talvez, ele lhe ajudasse...

Não!

Era sobre Potter que estava falando. Aquele homem que era praticamente a personificação da teimosia. Vencido, revirou os olhos, seguindo-o. Por uma última vez, cederia à impulsividade daquela irritante pessoa mimada.

Adentrando a casa empoeirada, tudo permanecia igual ao inverno retrasado quando foi trazido a contragosto para o proibido local. Aquela aterrorizante lua cheia.

Retirando os óculos e colocando sobre a velha mesa de madeira, James erguia a sobrancelha buscando como começar.

Não começariam.

Buscando fugir das explicações, antes que os lábios fossem articulados e qualquer palavra proferida, o sonserino enlaçou a gravata no punho, atacando a questionadora boca num beijo fulminante.

Embora não compreendesse, as astutas mãos reivindicavam as macias nádegas, levantando-o do chão para mais perto. As línguas batalhavam lascivamente numa batalha sem vencedores, obedecendo um sincronizado ritmo, inegavelmente necessário.

Assanhando os acastanhados cabelos entre os dedos, Snape abraçava o quadril do parceiro entre as pernas, num indescritível desejo. Sem cessar o saudoso contato, apertava-o. Queria mais proximidade como se fosse possível se fundir num só.

— Eu te amo, Severus... Eu te amo... – Repetia, desfrouxando a gravata de cores frias num impasse, reivindicando o que era somente seu.

O riso em ironia, logo interrompido por um suspiro sôfrego de prazer ao sentir a úmida língua lhe percorrendo a extensão do pescoço entre possessivas mordidas, derrubando as desnecessárias capas ao solo. A voz falhava entre os abafados murmúrios, ainda assim, provocou:

— Isto soa gay, Potter...

— Sério? – Riu baixinho. Sentando-o no estreito espaço da janela, beijou-lhe a bochecha. Desabotoando a camisa do amante, o olhar apaixonado. James repetiu se hesitar ou perder aquele absorvente contato visual. – Eu te amo, Severus Snape. Eu quero você.

— Não parece como... – Não conseguiu terminar ao ter o mamilo mordiscado, enquanto o cinto da calça era desfrouxado pela impulsiva mão. A gélida vidraça contrastando com a quente temperatura dos dois, tornando o inexpressivo rapaz mais sensitivo, induzindo-o a buscar mais calor no corpo alheio.

Distribuindo mordidas sobre a pele pálida, descia pelo abdômen vagarosamente exposto, logo chegando ao boxer negro, arrancando-o. Capturando o membro já ereto entre os lábios calorosos, a ponta da língua brincava com a glande, arranhando a virilha numa agressiva massagem como se usurpasse aquele espaço.

Arremessando a cabeça para trás, Severus se engasgava com a própria saliva. A fina camisa grudava no vidro congelado, desafiando os corpos quentes, para os quais nada importava.

Mordendo o lábio inferior, não poderia... Hesitante, os dedos adentravam os fios acastanhados, afastando o bruxo. Olhando para baixo, dissimulava a angústia lhe agonizando o peito, implorando:

— Não... Eu quero você dentro de mim, Potter... – Forçando um sorriso sacana, a mão deslizava até a gravata listrada pelas cores do fogo, conduzindo aquele homem até a altura dos seus olhos. As respirações se confundiam em decorrência da proximidade daqueles lábios. O pedido num quase murmúrio. - Venha logo, Potter.

Os olhos vidrados, apesar do suor, as testas se mantinham recostadas como se fosse imprescindível reafirmar para mente quem estava ali. Desviando daquele sentimento proibido, Snape transpassava os braços em torno daquele pescoço, enfiando a cabeça contra o rigoroso ombro esquerdo. Tentava esquecer. Tentava perder a sanidade. Tentava...

— James... - o gemido vacilante entre a dor e luxuria... O raciocínio abdicado. Sentindo a invasão, enterrava os dedos no tecido da camisa social, deferindo uma forte mordida por cima desta. Choramingando ofegante, resistia ao desfalecimento, incentivando. - Continue... - Almejava aquela dor como o coração de um vampiro necessita duma estaca. Precisava deixar as coisas claras.

Arrependido, James não sabia como continuar. O ombro molhado pelo sucessivo choro dilacerava seu coração. Percorrendo a coluna vertebral com apreensivas carícias, temia abraçá-lo. Droga. Novamente o machucava?

— Vai mais rápido. - Pediu ao sentir a hesitação. Ele não continuaria? Deferindo um molhado beijo em seu pescoço. - Por favor...

— Severus... – A rouca voz segredava, evidentemente deprimida. Não conseguia continuar. Apoiando-o pelas nádegas, recolheu o amante no colo, acolhendo o frágil corpo, ciente sobre como jamais lhe alcançaria o coração.

Conduzido até o sofá empoeirado, Snape pouco entendia. As costas repousadas afetuosamente contra o estofado, enquanto James lhe capturava os lábios calmamente, transmitindo curioso carinho, como se...

- Poderia ser... - Os finos dedos percorriam a exposta pele com as gélidas pontas, explorando sem pressa. Chegando ao baixo ventre, capturou o membro, masturbando-o.

Somente quando os gemidos em êxtase atrapalhavam o sereno beijo, James sentiu permissão para se mover. Sentindo as lentas estocadas, o sonserino arqueava as costas, levando os braços ao rosto para encobrir o embaraço.

"Ele se sentia melhor? " Os preocupados olhos permaneciam atentos. Igualmente excitado, reprimia o impulso tentando não... Vidrados naqueles olhos obscuros ocultados pelos antebraços, como se fosse proibido ou vergonhoso estar ali. A camisa molhada transparecia um grande desenho em formato de cobra tatuado na branca pele, semelhante a marca que cortava o céu durante os ataques daquele misterioso ser das trevas.

Engolindo em seco quase sem ar. Espantadas sobrancelhas franzidas. Não! Não! Não conseguia acreditar. Optava por não acreditar. Sentindo a pressão em seu baixo ventre, o sonserino arfou de modo involuntário, mordendo os próprios dedos em busca do inexistente autocontrole.

— Eu gosto de ouvir sua voz, Sev... – Selando as testas carinhosamente, intensificava as estocadas, quando sentiu algo quente lhe aquecer o abdômen, enquanto as paredes internas lhe apertavam ainda mais, incentivando a ir mais fundo.

Não demorou para que também chegassem ao ápice, desfazendo-se no interior daquela pessoa, quase em estado de torpor.

Aguardando o amante se entregar a letargia quando decaiu ao seu lado naquele estreito sofá, o cabisbaixo aluno tentava regularizar as pulsações. Acalmando-se, aspirava dissimular o nervosismo por perguntas que não teriam respostas.

Mais do que nunca, só precisava fugir.

Solitária realeza. Travessuras marotasOnde histórias criam vida. Descubra agora