Capítulo Especial

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James odiava reuniões de pais e mestres, até porque não gostava de repreender a criatividade do pequeno filho tímido e calado. Incentivava a escolher, a guerrear pelo que queria, chegando a ter dias que a casa virava um campo de batalha por um pote de sorvete.

O consolo vinha durante a noite quando o abraçava tão forte, buscando suprir o vazio de anos... Jamais comentado para ninguém por causa do indescritível orgulho. Até porque, meio rústico, nunca soube como lidar com os próprios sentimentos.

E agora, justo quando o pequeno tinha feitos alguns amigos e caçoado de um arrogante professor, foi chamado na diretoria.

O filho pedia desculpa sucessivamente, afirmando não ter sido ele, e tinha os cabelos assanhados como se dissesse que estava tudo bem. Realmente, lá no íntimo, não queria acreditar na possibilidade de não ter sido ele. Apesar desta ser bem realista.

- Harry, vá brincar...

- Pai... Eu só...

- Vá brincar, Harry. Faça uns feitiços pela escola que seu pai reduz o castigo.

- Meu professor disse que era proibido fazer magia... – Abaixando-se, beijava a testa da criança tão fofa.

- Então não quer que seu pai reduza o castigo?

- Desculpa...

- Não se desculpe, filho. – Por Merlin, o que faria com aquela criança?

O diretor conversava, falando rapidamente sobre a má criação e péssimas amizades, logo pulava para elogiar o garoto, falando acerca seu potencial e a facilidade de aprender.

Saindo entediado da reunião após muitos "sim" e "compreendo", escutou uma brava voz repreendendo o que aparentava ser o seu filho:

- Quantas vezes vou dizer que não pode fazer feitiço fora...

- Ei! Não repreenda meu filho. – Apressou-se indignado, pronto para comprar briga com o sujeito de longas vestes negras e voz aborrecida.

- Você tem que dá limites para esta... – Virando-se, a voz cessou quando fitou os olhos tão conhecidos. Inicialmente surpreso, engoliu em seco tentando manter a compostura.

O infeliz esboçou um bobo sorriso, enquanto o professor tentava continuar apesar do evidente desconcerto.

- Você tem que dá limites para esta criança, senhor...

- Você me passa seu telefone se eu fizer isto?

Usando a barra da negra manga para limpar o rosto sujo pela pequena explosão resultante do feitiço recente, perguntou receoso, embora não quisesse tocar naquele assunto.

- Onde está Lily? Você não é recomendado para uma reunião de pais e mestres...

- A mamãe? – Perguntou o pequeno, erguendo os verdes olhos para o pai sorridente.

- Ela percebeu o quanto eu era...

- Babaca?

- Algo do tipo... Poucas pessoas aguentam minha vitalidade, entende?

- Oh, sim! Como entendo... – Baixando os olhos para o garoto, comentou angustiado. - Achei que estivesse...

- Irei acolher a morte como uma velha amiga quando a hora chegar, até lá, recorrei a minha incrível capa...

- Ele, realmente, se parece com você. – Desvencilhou do assunto, amaldiçoando-se por não se lembrar do conto. Então, os boatos sobre o mascaramento da morte para fugir dos holofotes após o extermínio de Voldemort eram reais. Potter, Potter. Levantando-se, o garoto corria para as pernas do pai, abraçando-se a estas.

- Sim... Eu disse ter uma incrível genética dominante. Mas tenho que trabalhar a parte interna. Aposto que não ganharia uma luta. Onde já...

- Eu não me envolvo com os pais dos alunos.

- Nem se este aluno for o seu filho? Vai abandonar o nosso filho, Severus?

Desacreditado, um pequeno riso lhe delineava os lábios. Aquela miniatura de James definitivamente estaria em perigo se fosse criado apenas com o pai. Agachando-se outra vez, questionou de olhos estreitos:

- Ele é um bom pai?

- Ele às vezes toma meu sorvete. – Disse timidamente, olhando os pezinhos com os cadarços amarrados de modo estranho.

O olhar desacreditado repreendendo o tolo sorridente, o qual fingia estar ofendido por ser denunciado.

- Seu pai merece ficar de castigo, não acha?

- Não. Não gosto de castigo.

- Ele não parece nada com você, James... – Não pôde segurar o riso. Assumindo uma postura séria, continuou. – Mas ele será um pai melhor se passar uns dias na detenção. – Erguendo o dedo mindinho, prometeu. – Ele nunca mais vai tomar seu sorvete. É uma promessa, está bom?

- Obrigado... – Respondeu, entrando mais no espaço entre as pernas do pai, numa timidez amedrontadora.

- Então quer dizer que você vai me castigar? – Caçoou, observando o professor levantar. Os olhos tão apaixonados como pela primeira vez que o avistou desnorteado pelo expresso Hogwarts.

- Você não perde por esperar, Potter.




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Solitária realeza. Travessuras marotasOnde histórias criam vida. Descubra agora