Capítulo 5

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O gélido vento, sorrateiramente, transpassava as arestas do quarto indicando a mudança de estação. Aconchegando-se embaixo do felpudo cobertor, o rapaz piscava os olhos tentando se acostumar com a claridade, observando o calendário lunar sobre o criado mudo.

As meias bolas quase finalizadas dava inicio para outras totalmente negras e circuladas em vermelho por forte marca texto, segredando o período da lua cheia.

Sobressaltado, sentou-se na cama procurando o melhor amigo, todavia a cama deste, localizada a esquerda, estava vazia.

Num rápido olhar pelo quarto, constatou ser o primeiro a acordar. Sentando-se no colchão, colocou os óculos e percebeu uma segunda pessoa despertando na cama à direita, embora Lupin permanecesse dormindo quase em coma.

Tendo o braço esquerdo parcialmente imobilizado por permitir ser usado como travesseiro, Sirius ergueu um pouco a coluna, pedindo silêncio diante o susto de James.

Sem querer despertar o restante do dormitório, explicava por baixos sussurros:

- Logo será lua cheia e ele estava nervoso demais para conseguir dormir.

- Isto não explica o que você faz aí.

- Um pouco de calor humano ajuda a relaxar.

- Cara, isto parece tão gay. – Estreitando os olhos, não disfarçava a confusa expressão de nojo e... – E ele é nosso amigo.

- Então, se fosse com o "inimigo" não teria problema?

James nada disse, baixando a cabeça, reflexivo. Audaciosamente, o mais velho continuou:

- Eu vi você saindo do armário de vassoura com o Ranhoso pelo mapa.

- É diferente. É brincadeira. – Sorriu bastante surpreso tentando disfarçar o nervosismo, atrapalhou-se. – Ele... Quer dizer... Não é como estas porcarias gays.

- Não é? – Fitando o dorminhoco. Tocava-lhe a bochecha apenas para vê-lo piscar como se o subjetivo tentasse afastar um ousado pernilongo. Acariciando a cicatriz que cortava a bochecha com a ponta dos dedos, descia pelos carnudos lábios, continuando apaixonado. – Não sei... Acho que só dormiria com quem eu gosto.

- Então você gosta do Lupin?

- Gosto. – Responde prontamente, depositando um carinhoso beijo ao final da nuca onde cessava os finos cabelos de palha. Murmurando incomodado diante as cócegas, aconchegou-se mais ao corpo atrás de si, buscando inconsciente carinho. – Não vamos para aula... Seria um crime acordá-lo.

Pedro terminava de despertar ao lado da cama vazia de Sirius. Bocejando, levantava de modo preguiçoso, permanecendo a observar os demais sem nada dizer.

- Será uma aula de revisão. Ele ficará uma fera quando acordar. – Pontou James, preocupado.

- Não ligo. A ideia até parece excitante.

- Vocês não vão para a aula? – Perguntava Pedro, interrompendo e buscando se localizar no dialogo. – Será uma aula de revisão para avaliação...

- De qualquer modo, amanhã à noite desceremos para a casa dos gritos, encontro vocês no portão principal. – Abraçando o dono daquele pijama amarelo de longas mangas contra si, dormia aspirando o único perfume.

Fechando os olhos, ignorava os demais, contente por abraçar seu mundo. Por sentir aquele coração, a respiração sincronizada como se o frio apenas unisse mais aqueles dois corpos aquecidos pelo amor, impedindo qualquer separação.

No fim, estando com Lupin, nada mais importava.

Solitária realeza. Travessuras marotasOnde histórias criam vida. Descubra agora