- Por quem tem que ser tão desprezível, Seboso? – Cuspindo-lhe a face. Os olhos cinza em desprezo praguejavam, chutando os livros esparramados ao chão após o menino cair por uma azaração.
Todos riam.
Colocando-se de joelhos para recolher o material, Snape nunca revidava. Pelo menos, não diretamente. Respirando lentamente, buscava calma, afogando emoções... Idolatrada resiliência.
Levantando-se, apertou os livros contra o peito, submergindo a silenciosa cólera junto aos passos para trás, evadindo cabisbaixo.
James o empurrou contra a parede com agressões verbais disfarçadas em brincadeiras. Brincadeiras que sempre seguiam longe demais. Desta vez, alcançavam níveis mais altos que as inúmeras risadas dos desconhecidos rosto naquele corredor.
Uma dor fina no pulso.
Cerrando os dentes para suportá-la, provavelmente uma luxação em decorrência da queda, o agressor sentiu grande ofensa pelo ato, segurando-o pelo queixo e obrigando que olhasse para si.
E ele olhou. E como olhou.
Sobrancelhas arqueadas em ódio. A dor transparecia raiva, ou alimentava seu aparecimento.
O pulso latejava por apertar os livros de modo tão forte contra o peito. Choques percorriam todo o braço tornando a dor insuportável. Cerrando os dentes, dissimulava a dor e o indescritível medo.
Um soco no estômago.
O calmo maroto de rosto dilacerado segurava o ombro do amigo visivelmente indignado, pedindo calma. Percebendo-se ineficaz, persistiu ríspido, logo os separando.
- Remus, ele não tem o direito de me olhar assim. O que ele fez com os choco...
- James, vamos...
- Remus. – O mais alto hesitou no possível protesto, quando atingido pelos olhos âmbar em furiosa reprovação. – Sim... Vamos para a aula.
Afastando-se bruscamente, antes de partir, James fitou os rabugentos olhos negros, retribuindo o intenso ódio. Maleou a cabeça em negativo diante tamanha audácia.
Empurrando o sonserino contra a parede outra vez, sussurrou algo por meio dum sorriso maldoso, roubando-lhe a varinha e guardando junto a sua.
O gordinho de assanhados cabelos loiros e nariz redondo como um rato, seguia, sorria e repetia os demais como mera sombra.
Todavia, não importava, Snape os detestava igualmente.
Chegando a um escuro corredor, apertou os olhos, largando os livros ao chão. Escorregando com as costas contra a parede de pedra até chegar ao áspero cimento, em quem buscaria ajuda para amenizar aquela aflição?
O ódio lhe preenchia a mente, já não cabendo no coração.
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Solitária realeza. Travessuras marotas
RomanceQuase na metade da temporada colegial e as perseguições continuam contra o esquisito garoto, Severus Snape, principalmente por James e seus fiéis amigos, Sirius, Peter e Lupin. Agora que pessoa em quem confiava aparenta mais distante, Snape se afog...