Capítulo 8

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Sem Revisão

Erika

Conheci Daryl Devonshire antes de eu completar 18 anos. Eu ainda vivia com medo, fugindo por aí, vivendo pelas ruas. Ele apareceu quando mais precisei, no momento em que eu realmente pensei em desistir. Ele devia ter uns vinte e poucos anos, naquela época só via um homem grande e bonito, com um olhar enigmático e perdido. Daryl não disse nada quando me viu parada no meio dos trilhos da ferrovia, e nem eu perguntei o que um homem cheio de sangue fazia ali. Lembro que fiquei com medo, muito mesmo. Bem longe era possível ouvir o som do trem, o apito anunciando o prenúncio da minha morte. Aquele homem olhou-me por muito tempo, minhas lágrimas ainda caiam livremente pelo meu rosto. A luz forte, o som do trem bem perto. Eu abaixei minha cabeça, queria sentir a dor e minha morte. Mas nada disso aconteceu. Sempre que me lembro disso, eu agradeço Daryl mentalmente, por me puxar quando o trem estava quase em cima de mim.

Daryl me deu uma nova oportunidade. Ele pôs seu cuidados por mim até que eu fizesse dezoito anos. De início pensei que ele queria sexo, achei que forçaria isso, assim como todos os homens que me ajudaram. Não, Daryl com toda certeza foi a segunda melhor coisa que aconteceu comigo.

Se hoje estou viva, se tenho um pensamento diferente sobre permanecer viva, devo tudo à ele. Não sei o porquê de ele ter cuidado de mim, até hoje me pergunto sobre.

Vê-lo ontem no jantar foi bom. Lembrei dos bons momentos de normalidade que tive. Até mesmo em uma sorveteria tínhamos ido. Ele sabe sobre meu trabalho como acompanhante, sabe das coisas que envolve minha relação com Natasha, por inúmeras vezes tentou me ajudar. Envolver ele mais ainda não seria bom.

Enquanto eu caminho pelo tapete vermelho do luxuoso restaurante, penso no cliente da noite. Minha missão é trepar e conseguir colocar um pen drive em qualquer computador da casa dele. Não necessariamente transar com ele, nem sempre é preciso. Mas dessa vez eu quero.

Uma loira vestida de terninho cinza acompanhou-me até a mesa onde James Crowford está. Um homem de tirar o fôlego, vestia uma camisa social vinho, calça jeans que o deixava totalmente fora do padrão dos homens que estavam ali. Ele se levantou quando me aproximou, puxou a cadeira e eu me sentei, James ainda beijou a curva do meu pescoço, fazendo minha boceta palpitar.

— Mais bela do que o esperado, senhorita Jessica.

Eu não usava meu verdadeiro nome ou sobrenome. Meus clientes em sua maioria eram ricos, e só de pensar naquelas pessoas, que tinham contatos com o mundo todo, fazia um frio horrível descer pela minha espinha.

— E você é muito galanteador. — sorri de maneira calma. James é envolvido com máfia, todo tipo de merda clandestina. O que Natasha quer com ele? Não faço ideia.

— Vamos ao nosso jantar, a nossa noite será muito... — seu olhar desceu para o meu decote. — Produtiva.

As piadas de cunho sexual que James fez durante todo o jantar me fez rir bastante. Ele parecia ser uma pessoa legal, e quando perguntei o porque de um homem tão bonito como ele preferir acompanhantes de luxo, e não uma mulher fixa, James apenas disse que tem inimigos demais para por uma mulher em sua vida, ela seria alvo constante.

O garçom perguntou se queríamos o cardápio de sobremesas, mas James negou, falou que teria a sobremesa em casa. Tive que sorrir de lado quando o garçom me olhou e depois para James.

Enquanto James fazia o pagamento, eu disse que iria espera-lo do lado de fora. Fiquei perto de um carro, verifiquei a pequena clutch, o pen drive ao lado do celular.

Pedir uma folga com o pretexto de conhecer Nova York foi um pouco difícil, Lukas ficou irritado. Danielle chegou e disse que ficaria com Victor. Sai rápido, antes que o mandão mudasse de idéia.

Lukas - Trilogia Sombras da Noite #2✔Onde histórias criam vida. Descubra agora