Capítulo 21

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Olá meninas. Não consegui escrever nada ontem, por isso não postei. Como sabem, tô tendo sérios bloqueios com essa história. Tem hora que não consigo escrever uma frase. Esse capítulo não foi como eu esperava, mas espero que gostem. Boa leitura.




Erika

O dia amanheceu cinzento, frio, assim como todos outros que se passaram. Hoje seria o dia, pela porta trancada eu podia ouvir as vozes alteradas, sussurros altos demais. A qualquer momento eles entrariam e selariam meu destino. Não há escapatória, terei que assinar ou morrerei. Sonhei com Madalyn, éramos nós duas na Disney, o lugar que ela sempre me pediu para levá-la nas raras vezes que nos víamos. Mantenho  minhas forças por ela, e confio cegamente em vovó, mesmo que eu esteja cega sobre o que ela disse horas atrás. Quem estaria vindo?

A porta abriu em um rompante, três homens entraram no quarto, logo atrás está Patrick. Meu estômago embrulha só de olhar para ele. Não disse nada, seus homens me pegaram pelos braços, arrastando-me com brutalidade. Saímos da casa, o vento com cheiro de mar. As ondas batiam contra as rochas lá em baixo, os cascalhos doíam meus pés. Ao longe era possível ver um helicóptero, sair da pequena ilha apenas de barco ou helicóptero, e o mar revolto não seria uma boa ideia usar a primeira opção.

— Onde minha avó está? — um pouco de desespero começou a surgir cada vez que ficávamos mais próximos do helicóptero. Olhei para trás, a casa apenas um ponto. Andamos tanto assim?

— Em Tórshavn, com Briar.

Patrick segurou meu pescoço, as narinas infladas. Fiquei preparada para um de seus ataques de fúria, a forma como ele me olha causas arrepios ruins.

— Tudo pronto para a irmos, senhor.

Fui jogada dentro do helicóptero, nem cinto eu pude colocar. A viagem foi assustadoramente silenciosa. Apenas os barulhos das hélices. Em poucos minutos pousamos em um heliporto de um hotel. Cobriram meu rosto. Meu corpo doía pelas chicotadas que recebi, vovó tentou fazer o que estava ao seu alcance. Alguns remédios para dor e apaguei.

Enquanto andávamos eu comecei a pensar. Se os conselheiros estão aqui na cidade, significa que algo está acontecendo. Nenhum assunto pode ser resolvido fora de Tirana, não assuntos da máfia. Lembro que papai dizia isso. Conforme seguimos, as  vozes masculinas ficam mais altas. Ouvi uma porta ranger e fui empurrada para frente. Os burburinhos cessaram, calmo demais. A venda foi tirada dos meus olhos.

Pude respirar aliviada ao ver vovó no canto direito da sala, mas Briar não estava. Reconheci Kostandi, Flamur e Dardan, os demais eram desconhecidos para mim. A filha de Flamur era minha melhor amiga antes de tudo acontecer, queria perguntar para ele como ela estava. Seu olhar foi de pena, engoli em seco e sentei na cadeira que Patrick puxou. Ele, por sua vez, caminhou até vovó e ambos falavam baixo demais. Vi ela balançar a cabeça, Patrick fechou os olhos por breves segundos antes de adotar a postura séria.

— Minha sobrinha finalmente aceitou passar a cadeira da máfia para os meus cuidados. — Patrick diz, confiante demais. — Eu a encontrei sob o julgamento de um dos nossos inimigos. Ele a manteve em cativeiro por onze anos. Então salvei nossa menina, que agora é uma mulher. E como forma de agradecimento, ela quis me dar o comando.

Os cinco homens voltam sua atenção à mim.

— Isso é verdade, senhorita Ramadani? — Dardan questiona.

— Mas é claro que sim, minha sobrinha não para de tecer elogios para mim, seu salvador.

— Eu perguntei para ela. — Dardan ainda me olha. — Sua opinião é o de menos aqui, Patrick.

Vovó afirmou com a cabeça, Patrick apertou aos mãos em punhos, os demais na sala olhavam-me. Eu comecei a chorar descontroladamente. Os soluços involuntários.

— Deixaremos a reunião para amanhã, percebe-se que a senhorita Ramadani não está em seu juízo perfeito.

Funguei limpando as lágrimas, outras insistiam em cair. Um por um eles foram saindo, ficando apenas Kostandi.

— Espero que isso não seja mais uma tentativa sua de por as mãos no que não te pertence.

De repente o prédio tremeu. Um homem entrou correndo na sala e foi até Patrick. Não consegui ouvir o que ele disse, mas o olhar de Patrick escureceu, voltado principalmente para vovó. Ela sorriu.

Tentei levantar e correr até ela, contudo vi que falhei tarde demais para impedir que os tiros acertacem seu peito.

Patrick mirou em mim, Kostandi acertou ele na coxa. Vovó cambaleou para trás, segurei ela nos braços e juntas caímos.

— Não vovó, por favor.

Fiz pressão nos pontos escuros que mancham o vestido amarelo. Minhas mãos vermelhas, meu peito doendo demais. As lágrimas agora vinham com facilidade. Outra vez o prédio tremeu.

— Erika!

Olhei para a porta, Kostandi também tinha sido baleado.

— Vá! Eu cuido dela.

O peito de vovó subia e descia devagar, beijei o rosto dela e chorei outro vez.

— Você precisa ir agora!

Respirei fundo e deitei a cabeça dela com cuidado. Tive que juntar forças para seguir. Kostandi entregou-me uma arma e disse para eu não olhar para trás. Foi o que fiz. Corri pelos corredores, desci lances de escadas. Mal conseguia segurar a arma, minhas mãos tremiam. Queria voltar e ver como vovó estava. Disparos foram feitos, muito perto. Abri uma porta e entrei, encostei meu rosto na mesma.

Alguém correu pelo corredor, alguns tiros disparados e então o silêncio. Fiquei parada por alguns minutos, querendo ouvir alguma coisa e me preparando.

Giro a maçaneta, seguro a arma com mais força, corro não tão rápido, a ameaça pode ouvir tudo em momentos assim.

Senti a arma cair da minha mão, minha boca foi coberta por uma mão e minha cintura envolvida por um braço. Tentei gritar e espernear, cada vez que ele me levava para trás, mais desesperada eu ficava.

— Fica quieta caralho!

As batidas do meu coração ficaram mais fortes. Eu parei de tentar fugir. Andamos para trás, ouvi a voz de Ansel dizer que tinha me pegado. Então Daryl e Lukas entraram na minha linha de visão. Meu choro foi abafado pela mão de Ansel.

— Meu Deus.

Daryl e Lukas disseram juntos. Me soltei de Ansel. Olhei para todos os lados, procurando uma rota de fuga.

— Erika?

Lukas veio até mim, tentou segurar minhas mãos. Eu me afastei e fui até Daryl.

— Minha avó. Onde ela está? Me diz, por favor.

Ele simplesmente me abraçou. Minha reação foi abraçá-lo de volta. Já não tinha mais lágrimas.

— Levaram ela para o hospital.

— Eu quero ir até lá. — digo afastando dele.

— Eu sinto muito, ela não resistiu.

Se o coração fosse de vidro, todos poderiam ouvir ele estilhaçar. Deixei de ouvir tudo ao meu redor, a dor que eu sentia era tanta, que minhas pernas falharam, e perdi os sentidos.

Tentarei postar o outro capítulo hoje, mas não prometo. Talvez amanhã com certeza.

Bjs 😍

Lukas - Trilogia Sombras da Noite #2✔Onde histórias criam vida. Descubra agora